Monday, 8 September 2008

And again...

Procuro o significado das palavras que me vêm enquanto tento descrever o que se passou nestas duas semanas de “””férias”””…

Segundo o “Dicionário da Língua Portuguesa – 2006”:
odisseia – viagem cheia de aventuras e dificuldades; série de acontecimentos trágicos e variados; narrativa de aventuras extraordinárias (com letra minúscula)

epopeia – poema narrativa de grande dimensão em que se celebra geralmente uma acção grandiosa e heróica protagonizada por um herói com qualidades excepcionais; série de grandes acontecimentos

cruzada – (…) empresa para a propagação de uma ideia ou defesa de um interesse

E porquê?
(…)
Fui falando, ou não, agora que penso nisso, dos desaires, infortúnios e tristezas que CN e eu em particular, todos lá em casa também, como é óbvio, fomos atravessando neste ano lectivo.
Por sérias e graves que foram não as irei esmiuçar, nem que servissem de lembrança ou balanço final, até porque este é de derrota, desistência e abandono.

A dada altura comecei a denominar a situação da CN como o totalista de uma lotaria de horror. As leis de Murphy no seu exponencial. “Tudo, mas mesmo tudo, o que podia correr mal correu. Todos os incompetentes que se poderiam reunir, ali estavam num só ramalhete. Quase todas as desventuras que se podiam ter, a CN teve.”

Chamando os bois e as vacas pelo nome, com todos os efes e erres “in place” a CN foi vítima de bulling, desconsiderações, acusações, incompetência e, acima de tudo, do compadrio e do “protege o meu #$ que eu protejo o teu”.
Teve uma má professora, péssimos colegas, horríveis professores de AEC’s e algumas (poucas) boas, fraternas e caridosas auxiliares.

Houve alturas em que me senti em contra-mão. Nem tudo pode ser assim tão mau, gritava eu! Afasta-te e analisa. Vê, descobre, esmiúça – por amor de Deus! - alguma coisa de bom encontrarás. Um coleguinha, uma actividade, uma palavra amiga (…) encontrei, de facto. Ou melhor, encontrou a CN, com aquela resistência que só as Crias têm.

- Mãe, a semana tem 5 dias. Depois vem o Sááááábado e o Domiiiiingo (com os braços descrevendo longas curvas no ar). Depois, à Segunda, faltam só 4 dias para voltar a ser Sááááábado.

Devo fazer um parêntesis para aqueles que não me conhecem pessoalmente e também não conhecem a minha Cria. Não imaginem um Cristo sofrido sem mácula. O meu filho não é, nem nunca foi, nada disso. É uma criança viva, reguila, caprichosa, inconsequente, voluntariosa e infantil. Resmunga e respinga, amua e julga. Não é o modelo de Cria bem comportada e amorosa.
Não é.
E digo-o com toda a frontalidade. (onde é que já ouvi isto?) Com coração de Mãe ao alto. Com olhos bem abertos para a realidade.

(…)

Processo de transferência iniciado. Cartas, declarações, tudo pronto para mudar de escola. Mudar de ares.

- Serás um menino sem passado.
- Eu, mãe, é que vou decidir o que os meninos vão pensar de mim.

- Descanse, mãe. Está tudo tratado. – dizia a simpática funcionária.

(...)
Em fins de Agosto comecei a investigação presencial do processo da CN. Por telefone já me reconheciam a voz.
Dia após dia, após dia, após dia a mesma resposta. Talvez só para início de Setembro. Com a história resumida contada recebia sempre um olhar de compreensão e “…é claro que vai ser transferido. Descanse, mãe”.

Mas a mãe não descansa nem pára enquanto não lhe dizem que a CN está colocada na...

… mesma escola...

… mesma turma.

Falo, argumento, questiono, marco reuniões com professores, subo na hierarquia (imensa, sabiam) de um mero Agrupamento de Escolas. A resposta inexorável Buromachine é simplesmente “não havia vagas”. “Normal”, “a lei”, “as normas”, “as regras”, um discurso cheio de subterfúgios, de desculpas, de muros burocráticos, de escudos na lei.

Conversa familiar, contas na mesa e decisão que dói (e muito) à carteira mas que sossega (e muito) o coração.
Aquele colégio perto, pertinho, com equipa pequenina e calorosa, directora sensível e compreensiva, conversa aberta.
Vou ter dificuldades a pagar.
Cá estaremos.
Veremos.
A decisão toma-se. Vou lá com a CN.

Nada, nenhuma dificuldade, nenhum aperto (e grande) que sentirei durante este ano irá apagar da minha memória os olhos brilhantes e sorriso aberto da CN enquanto conhecia empregadas, professora, instalações, directora, colegas.
Aqui vou ser feliz. Quem me dera que o mano aqui tivesse andado também. Palavras que mal se percebem porque quer contar tudo ao pai e as palavras atropelam-se de entusiasmo.

E a última frase crua e nua nessa noite aquando do beijo e aconchego com suspiros de um alívio que vem da alma, sobre uma das muitas coisas que ainda não percebe, ou antes, faz por não perceber.

Não percebo, mãe, porque tens que pagar para eu ser feliz.

3 comments:

CPrice said...

.. que tudo corra bem querida Amiga é o que te desejo.
Beijo a todos *

nocas verde said...

:)
I hope...

Luísa A. said...

Há uma ideia generalizada, querida Nocas, (e a minha experiência não a contraria) de que, pelo menos nos primeiros anos de escolaridade, os estabelecimentos privados conseguem preservar a ordem (que para as crianças, mesmo rebeldes, é sinónimo de segurança e bem-estar) melhor do que os públicos. Estou certa de que tudo vai correr bem. :-)