Wednesday 30 September 2009

twitando

... e de repente apetece-me fugir...
fico a ouvir a música fantástica que (só) eu ouço, um leve cheirinho a antigo, reminiscências dolorosas, uma angústia que sobe peito acima, uma sensação de injustiça que insisto em engolir... porque sei que o amanhã será melhor...
tem essa obrigação

(não. não sei usar o twitter. nem tenho um twiter. mas parece que é assim que twitam. curtas. mínimas diz um blogueiro fantástico.)

e calo-me
primeiro parêntisis - (não é só o PR que tem medo das escutas)

segundo parêntisis - (eu não tenho. mas esta semana ainda não tinha escrito sobre um assunto sério de maneira parva)
Tirei a carta em Dezembro de 2003. Não é assim há tanto tempo. Se considerarmos que fui, durante algum tempo, parte da famosa equipa dos "condutores de fim-de-semana", e sendo coerente com um dos meus mais defendidos cartões vermelhos, talvez nem tivesse a carta definitiva... Direi apenas em minha defesa que há quase três anos que passei daquela para a equipa dos que trazem o carro todos os dias, enfrentando a ponte e o trânsito da capital.
adiante
Há aqueles pequenos "truques" que vamos apanhando, uns mais fidedignos que outros, como o condutor do camião enorme que faz o pisca indicando-nos se podemos ou não ultrapassá-lo, os quatro piscas em sinal de agradecimento, os mesmos em sinal de aviso de emergência os sinais de luzes que nos dão passagem, sei lá.
Lembro-me de uma vez, em viagem, que o pai indicou a marcha de emergência pedindo-me que acenasse um lenço branco fora da janela para que pudéssemos chegar mais rápido ao hospital. Não fosse o susto que apanhei com a saúde materna e teria de facto achado graça ao ver os carros (parados naquelas recorrentes filas de Verão) desviarem-se para nos dar passagem.

Hoje, estava eu muito sossegadita no meu lugar da fila, esperando a minha vez para entrar em obediência à lei não escrita do entras-tu-entro-eu quando, chegando finalmente a minha, apercebo-me que o carro ao meu lado tinha uma maõzinha de fora, unhas muito arranjadinhas, dedos finos, pele cuidada, anel de brilhantes, sem aliança... (ok, ok. estes últimos detalhes eu não reparei) segurando o que me pareceu um lenço... branco. Dei-lhe passagem, claro e fiz sinal de luzes ao carro à minha frente que prontamente se desviou dando-lhe passagem também mas é aqui que a história fica estranha. A senhora ficou sossegada no seu lugar da fila. Seu, seu, não. O lugar era meu mas enfim. Não avançou (como pensei eu e seguramente o carro à minha frente) para a via de marcha de emergência existente à nossa direita. Vi depois que em todos as confluências ela surripiou um lugar mostrando o belo lenço branco. Atenção! Apenas um. Do lugar onde fiquei tinha vista privilegiada. Ela mostrava o lenço para apenas passar UM lugar. Não dois nem três. apenas UM.

Que emergência teria a senhora? Que quereria significar aquilo?
O problema destas indicações não escritas é que só funcionam enquanto são correctamente utilizadas. Será que da próxima vez que eu vir um lencinho branco a acenar pensarei que é mais uma que quer passar UM lugar na fila ou continuarei a pensar que é emergência e "parvamente" lhe cederei o meu lugar?

São apenas coisas parvas que me vão acontecendo... sei lá.
Entre as aulas que começam, as Crias que crescem assustadoramente depressa, os gatos que ficam doentes e o trânsito que fica cada vez pior - já para não falar das escutas, das inventonas, das histórias de crise que vamos sabendo, uma insignificância destas pode simplesmente desanuviar o clima. Ou então não.

Um bom dia para todos!

Friday 25 September 2009

Vinte e Cinco de Setembro de Mil Novecentos e Noventa e Três

O nascer do sol pareceu-me triste. Triste demais. Era eu, sei agora, que estava triste demais para um dia tão feliz.

Não me permiti chorar naquele momento. Não estaria ele comigo. Mas não faria drama, nem assumiria uma posição de menina mimada. Aceitei a mão do meu padrinho e aceitei ser ele e não o meu pai.

Realizei que há três noites que não dormia mas tinha energia para dar e vender. Duche demorado, ida à cabeleireira, vestir, preparar as últimas coisas, últimos pormenores. O telefone não parava de tocar. As flores que ainda não tinham chegado, as crises familiares com aquele parente que insiste que não quer estar ao pé daquele, o último, mais importante pensei eu, que me disse que não estavas em lado nenhum.
Tenha calma, respondi. Terás reconsiderado? Terás pensado que afinal a minha vida era demasiado complicada para partilhar? A coragem que sempre tive nos momentos de apuros disse-me que não. Tenha calma, repeti, não chore. Ele foi só à praia. À nossa praia, disse para mim.

Lembro-me de tudo e de todos os momentos daquele dia. Não tive a posição de princesa que se deixa embalar, nem faço ideia do que isso possa ser. As decisões e os fogos contínuos fui eu que os resolvi. Todos. Convidados, fornecedores, familiares, fotografias. E Rocha fui, claro. Porque como em todos aqueles anos, viram-me sempre como a forte.
Vi-te os olhos quando entrei na Igreja. Sorriste-me. Sorri-te.


Dezasseis anos.
Amo-te os filhos que me deste.
Amo-te o respeito que me tens.
Amo-te pelo homem que és.
E afinal que amor é este que nos une? Que coisa é esta que dura há tantos anos que dura e perdura que se fortalece e apura que envelhece com graça, honra e carinho? Que sentimento é este que ainda me faz corar quando me chamas?



Não sou romântica, nunca fui. Aliás, sei que fui, muitas vezes, cruelmente verdadeira, porque contigo, meu amor, contigo nunca usei máscaras. Nunca disse nada que não sentia; nunca afirmei nada que não fosse a total afirmação do que pensava.


Se condescendi, transigi, perdoei, olhei para o lado, relevei, não respondi? Claro. E tu também, muito.

Acordei no dia seguinte com um sol bonito. Vi-te. Pela primeira vez soube que as lágrimas que derramaria seriam acarinhadas. Sabia que estarias lá. E chorei. De alegria, de emoção, de paz.

O nosso sol era belo. A praia sorriu para nós, também. A vila pitoresca enfeitou-se só para nós. Os velhos sorriram, as crianças brincaram, a peixeira velha benzeu-nos; soube que nos amávamos e desejou-nos felicidade.

Dezasseis anos.




Digo-te os votos de há dezasseis anos com menos inocência mas acredita-mos.
Um bom dia, my love.
Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu
braço, porque o
amor é forte como a morte, e duro como a sepultura o ciúme;
as suas brasas são
brasas de fogo, com veementes labaredas. As muitas águas
não podem apagar este
amor, nem os rios afogá-lo. Aonde quer que fores, irei
eu e, onde quer que
pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o
teu Deus é o meu Deus.
Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei
sepultada; faça-me o SENHOR o que
bem lhe aprouver, se outra coisa que não
seja a morte me separar de ti.
(o poema é de Simon and Gargunkel; os votos são adaptados de Cantares de Salomão 8:6 e Rute 1:16)

Thursday 24 September 2009

Vivó Euro 2012


Não resisti!

novo lado


A seguir...

sem dúvida


Cartão Vermelho


“Cada um deve fazer uma listinha com 10 escolhidos para dar o cartão vermelho. Pode ser uma pessoa, uma atitude, enfim, tudo aquilo que de alguma forma nos incomoda, se quiser e precisar, dê uma justificativa breve. Após fazer isso, passe a bola para mais cinco blogueiros e vamos ver no que dá”

Tarde, eu sei, mas aqui respondo ao desafio que a minha cházinha me deixou.

Já devo ter postado isto algures mas quanto mais penso nisso mais me convenço que com as coisas que abomino, a ponto de lhes dar um cartão vermelho, faço o mesmo que às couves de Bruxelas… ponho-as ao canto do prato.

Ainda assim, em tom brincadeiró-sério, elenco então os meus com ajuda do que tirei daqui).

Faltas Passíveis de Expulsão

Um jogador deve ser expulso do terreno de jogo (cartão vermelho) quando cometa uma das sete faltas seguintes:

· Tornar-se culpado de conduta violenta
a mesquinhez daqueles que, por incapacidade inata, azucrinam, diminuem, humilham e desprezam aqueles que o rodeiam. ninguém, por mais “alta” ou importante que seja a sua posição, por mais fantástico o seu percurso, tem o direito de ter uma conduta violenta para com o seu próximo.

· Tornar-se culpado dum acto de brutalidade
será o exacerbar do anteriormente dito? para efeitos deste post, direi que não. brutalidade é a ignorância pura e simples. não a que vem da falta de estudo ou dinheiro.
é bruto aquele que se contenta com a sua própria conduta. torna-se um mero fruto dos acontecimentos, deixa a vida passar por ele. não arrisca, não evolui, não se renova (aprendi esta ontem…)
é bruto aquele que alarvemente se considera o Calimero de tudo e em tudo, aquele que muito simplesmente diz (e aqui vem a repetição) “é assim que eu sou, não mudo” como justificação para “aguenta-te!”

· Cuspir num adversário ou em qualquer outra pessoa
(esta é difícil de adaptar)
não medir as palavras. não medir os actos.
das reacções que mais me impressionam num ser civilizado é – antiga eu – o sentido de honra, de fazer o que está certo, o que é, enfim, honrado. de, caso for, parar num sinal vermelho em pleno deserto, porque é assim.
pessoas há que dizem as maiores barbaridades porque são sinceros, dizem eles. são aqueles do tipo “sai de baixo”, javali enraivecido, cego e bruto. A civilização ensinou-nos melhor, não?

· Impedir a equipa adversária de marcar um golo, ou anular uma ocasião clara de golo, tocando deliberadamente a bola com a mão (isto não se aplica ao guarda-redes na sua própria área de grande penalidade)
(vou gostar desta)
muito sucintamente, jogar sujo. ir descaradamente contra as regras. como disse um grande filósofo “andebol… mão; futebol… pé!” as regras são para cumprir e não só quando nos dá jeito.

a excepção? simples, não acham? em defesa da minha baliza poderei agir dentro das regras, aquelas criadas para o guarda-redes.

· Destruir uma ocasião clara de golo dum adversário que se dirija em direcção à sua baliza cometendo uma falta passível de um pontapé-livre ou de um pontapé de grande penalidade
um dia, um namorado de uma amiga minha pediu para falar comigo. encurtando uma palerma cantata, verifiquei horrorizada que o “menino” se estava a “atirar a mim”. Recusei-o veementemente. a dor de corno dele fê-lo transformar o seu avanço! foi rapidamente dizer à namorada que tinha sido eu(!)... felizmente a menina era mesmo “minha amiga”, daquelas que me conhece bem, daquelas que sabe que sempre (sem falsas modéstias) encarei os namorados das amigas como eunucos (esta soou mal) e o menino foi recambiado para onde quis. nem uma nem outra.
há muitos meninos (e meninas) desses por aí.
Destroem (ou tentam) o que podia ser uma bela amizade, um relacionamento, uma experiência, porque sim. Destroem tudo, atacam tudo, porque sabem, lá no fundo, que nunca poderão ser felizes por si e decidem que mais ninguém o será.

· Actuar com propósitos ou fazer gestos desabridos, injuriosos ou grosseiros
A educação é muito bonita e eu gosto.
e não, queridas sufragistas, não nos faz menos mulheres aceitarmos a prioridade na passagem, a porta que se abre o levantar quando nos aproximamos.

· Receber uma segunda advertência no decurso do mesmo jogo
reincidentes. erram e erram e voltam a errar.
não aprendem

(and now for something even more stupid)

os três últimos cartões vermelhos
. a minha conta bancária
alguém que lhe ponha um cartão vermelho e o expulse da minha vida (e já agora, tragam-me uma bem recheadinha, saxavor)

. condutores de fim-de-semana
defendo a passagem de carta provisória a definitiva por contabilização de horas e não pelo passar do tempo do calendário
mais – defendo revisões à condução e aos condutores, não só aos carros
melhor ainda – não conduzam senhores condutores-que-só-pegam-no-carrinho-limpinho-com- escova-de-dentes-e-gostam-de-andar-a-passear-à-velocidade-vertiginosa-de-10-km/h nos trajectos supermercado / praça correios / papelaria / etc ao mesmo tempo que eu. as minhas voltas de fim-de-semana agradecem

(um toque de seriedade no fim)
. a hipocrisia
com educação, respeitando as regras, jogando limpo e aprendendo, sim, mas honestos. com os outros, claro; connosco, sobretudo.
viver e sobreviver. resmungar, sim, também, sabendo qual a nossa posição, almejando mais e melhor, usufruindo o que já alcançámos. não prometer sem cumprir.
fingir, mentir, dissimular é perigoso e cansativo. criar um mundo de ilusão à volta, a todo o tempo, enganando todos, enganando-se a si mesmo deve ser extenuante. vá para o balneário mais cedo, tome um banho fresquinho, equacione o que fez e recomece... com melhor atitude, se faz favor.

____________________________________
permitam-me que não passe a ninguém a particular. todos os que por aqui passam e ainda não responderam a este desafio sintam-se automática e carinhosamente compelidos a fazê-lo.

obrigada pela paciência
um bom dia!
(imagem daqui)

Monday 21 September 2009

Mom

Uma semana por ano sou “mãe a tempo inteiro”.

Levo as Crias à escola e faço-lhes todos os mimos.
Os almoços que querem, a roupa vestida quentinha acabada de sair da tábua, a recepção calorosa, tudo o que têm direito.
Todos os anos há uma nova etapa.
Ora a Cv que já quer ir para a escola sozinha, a mãe que “o persegue sem ser vista, para ter mesmo a certeza que as passadeiras são atravessadas como deve ser, ora a Cn que já vai pelo mesmo. Os almoços que começam a ser ensaiados para quando a mãe não está. O micro-ondas, as tartes, a sopa, o(s) lanche(s) que fica(m) separado(s) por saco(s)… os homens que crescem.
Tanto, meu Deus, ainda que tanto reclame, admoeste, ensine e passe sermões.

Os horários curriculares e extra coordenam-se, as tarefas dividem-se, as “sinergias” reclamam-se.
Ontem dei-lhes, confesso, uma dose extra de mimo com lanchinho nocturno (coisa quase proibida lá em casa) e beijos repuxados porque agora, respondi eu quando se espantam, só vos poderei beijar de manhã. Quando a mãe chega já estão a dormir.
E então? – responde aquela estranha criatura que fez doze anos, um homem(!), que me tirou da terra das mulheres normais e me colocou assim, sem dar por ela, na terra das mães, esse país onde não há sossego, nem despreocupação, nem irresponsabilidade mas rios abundantes de momentos brilhantes, carícias, abraços, medos, febres, tosses, fraldas e olhares, muitos olhares; montanhas imensas de sentimentos que não se conseguem descrever (há quem o faça, claro, e muito bem…) um universo alternativo que não pára de me espantar. E então, dizia ele, eu sei que nos beijas tooodas as noites. Eu sinto.

Dois homens que crio. Duas Crias que Deus me colocou nas mãos. Dois seres humanos imensos, complicados de quem tenho a honra de ser mãe.

Uma boa semana para todos. Férias? Só para o ano… snif.
(imagem tirada da net)

Thursday 10 September 2009

Save Miguel


Aqui está uma óptima iniciativa!

Já tinha ouvido falar dela mas agora consegui encontrar o site via este blog.


A minha árvore já lá está!

Tuesday 8 September 2009

quase, quase

... a recomeçar a lida e o lufa lufa.

estão grandes as minhas crias.

ontem era dia de jantar de família.

o quê? pergunta (quem?) me visita

bem, é um eufemismo - mas o que é isso, podes explicar-me? sim, claro CN, eufemismo é uma maneira bonita de dizer uma coisa. por exemplo, diz-se - recorro ao Rui Veloso - "lado lunar" e não "estar com a telha". sim, já percebi. é como o pai dizer "a mãe está com dor de cabeça" e não "está com aquilo outra vez". sim, sim. machos!

jantar de família, como dizia, eufemismo de "não temos pai-cozinheiro em casa por isso toca todos para a cozinha fingir que fazemos qualquer coisa engraçada"

dirijo-me à dispensa para recolher os dois banquinhos vermelhos para que as Crias possam chegar à bancada. Zangam-se, claro!
- Mãe!! Já chegamos muito bem, obrigado!

Gostamos de ver o Hell's Kitchen, se bem que a versão é legendada em espanhol(?) e é uma grande confusão e digo que vou ser o Gordon da malta.

Fazemos ervilhas com ovos escalfados para um, salsichas com "massa grande tipo esparguete gordo, branco e verde misturado" para outro, restos de frango com cogumelos para mim. Tudo bem acompanhado de uma salada multicolor. rúcula, tomates, couve roxa, rebentos de soja. Um verdadeiro arco-íris. Tudo muito bem regado com azeite, vinagre balsâmico (porque não são só os beirões que inundam a salada) sal e salsa picadinha.

Pedem-me para cortar a cebola.
(e é nestas alturas que sabemos que já não temos bebés em casa)
deixo tudo o que fazia, baixo o lume e vigio cuidadosamente o que fazem.
Para a CV uma cebola para a sopa de amanhã - corta apenas em quatro
Para a CN a cebola picadinha para as ervilhas

rimos com as lágrimas que ficamos todos a deitar. tudo muito bem cortadinho, tudo muito cuidadoso e sem cortes.

a hora pós jantar é invariavelmente para cada um estar com cada um. Uns beijos, umas conversas mas terminamos o serão (que por estas alturas vai ficando mais curto para nos adaptarmos à hora escolar) em tranquilidade. cada um no seu quarto, portas abertas, o silêncio a instalar-se devagarinho.

- mãe? podes até não cozinhar como o gordon... mas não dizes asneiras... e és mais gira que ele!
(...)

Monday 7 September 2009

Friday 4 September 2009

Podem fazer mais umas estações de metro, se faz favor? e de preferência com escadas rolantes que rolem a sério, não daquelas que estão paradas dia sim

As novas estações de metro não me ajudam em nada. Mesmo, mesmo nada. Especada na estação do Cais do Sodré faço contas e planeio e verifico que a grande maioria dos serviços a que tenho que me deslocar ficam exactamente em zonas ainda não abrangidas pelo Metro. Mais: continuo a ter que fazer todos os transbordos que fazia, palmilhar aqueles corredores imensos, descer, subir, descer, andar, andar, andar.
Não é coisa fácil com os Tacões Altos com me apanham.
Sou duas pessoas diferentes consoante trago os referidos Tacões altos (doravante, T.A.) e as minhas fantástiscas alpercatas bem giras; daquelas descartáveis, com destino “lixo” no fim da estação mas que enquanto duram me dão aquele jeitaço!
Com as últimas desafio quem quiser a palmilhar as ruas de Lisboa, as escadas do Metro e o mais que houver. Desvio-me, contorno e desenvencilho-me com artes de todo-o-terreno.
Com os T.A. adopto um andar que pode ser qualificado como “vai andando e quando lá chegares telefona”. Muno-me de paciência, principalmente para as passadeiras. Sim, porque a maioria delas não me permite atravessar as duas faixas durante o mesmo sinal verde; ou seja, tenho que estar vigilante e de “primeira mudança mental” metida para arrancar logo que o meu verde dispare e, ainda assim, arrisco-me a fazer a última parte do trajecto já com o vermelho para peões. Ando devagar devagarinho, encosto-me à direita e deixo-me ultrapassar por todos. Todos? Nem todos. Sou normalmente acompanhada na minha velocidade cruzeiro por pré-mamãs, vulgo “afastem-se que estou quase a explodir com esta coisa aqui dentro que nunca mais sai cá para fora, a.k.a. grávidas em fim de tempo”, acompanhantes de crianças pequenas da espécie “empata caminhantes que nem andam depressa nem são sossegados e são já muito pesados para fazer dos adultos seus burros de cargaium” (o ium final é para dar ar de nome latim) e cidadãos (no meu tempo eram carinhosamente chamados de idosos mas agora parece que há uma candidata a autarca que afirma que não se tratam assim as pessoas que já tem cabelos brancos e uma vida longa, diz ela no cartaz que com ela os idosos passam a chamar-se cidadãos… whatever!). Por vezes consigo ultrapassar, principalmente nas subidas escadatórias, uns espécimes da raça Trólais, esses seres recentemente descobertos que não raras vezes se fazem acompanhar de viajantes incautos – que não se lembram ou foram hipnotizados para não se incomodarem por aquele barulho infernal e que se esqueceram ou foram formatados para não saberem que Lisboa tem muitas (muitas, senhores!) escadas, escadinhas, buracos e, pasmem-se, calçada – brumlp, click, clonk, cktch… banda sonora melodiosa que os acompanha e aspirantes a advogados para transportarem os volumosos códigos.
Muno-me de paciência, dizia eu.
Por vezes também sou acompanhada por góticos. estes espécimes andam devagar porque têm a convicção que o mundo vai acabar a qualquer altura, logo, não precisam de correr e caminham como se fosse sempre o funeral de alguém. No meu tempo chamávamo-nos vans (petit nom de vanguardistas mas esta palavra era brega, só o diminutivo era porreiro), respondíamos por alcunhas como Piriri, Mamã Dalton, Loirinha, Bandana e assim, ouvíamos The Cure e abominávamos t-shirts brancas com calças de ganga; calçávamos Doctor Martinez, umas botas lindas de morrer, pretas que eram apenas vendidas, a um preço alucinante (trabalhei dois meses para poder comprar umas) apenas numa loja, algures para os lados da Andrade corvo, se não me engano, ao lado de uma loja de tatuagens. Havia as “Docs”, umas botas falseadas que custavam para aí um décimo do preço mas que tinham uma característica fascinante: ao fim de um, dois meses de uso ficavam sem sola. Tenho para mim que foi daí, e não da sua ideologia, que adveio o andar característico dos vans, melhor, góticos; o andar pausado e pisar forte nada mais é que o cuidado para não ficar sem sola – acontecimento que poderei dizer não seria sem precedentes.
Muno-me de paciência, dizia eu.
E tudo porque trouxe T.A.
Mas a menina até praticou ballet, diz-me alguém quando me queixo de dores nos pés.
Pois sim. Mas nem a Pina Bausch ou o Petit Pas se lembrou de coreografar para Calçada Portuguesa, pois não? Então estamos arrumados.
Doem-me os pés.
Mas é Sexta-Feira. Amanhã é dia de Veterinário e depois um último (?) salto à praia, God willing.
Bom fim-de-semana a todos.

Thursday 3 September 2009

Falando no meu banco de jardim

Vemo-los todos os dias. Damos-lhes comida, vestimo-los, beijamo-los enquanto corrigimos.
São os nossos filhos.
Sentimos as suas dores, protegemo-los e tentamos prepará-los para tudo o que a vida pode fazer.
Às vezes, só às vezes, somos surpreendidos.
Onde estiveste este tempo todo?

Num agradabilíssimo jantar que tive há pouco tempo pediram-me que lhes explicasse porque os trato por Crias.
Já escrevi algures por aqui como me identifico com algumas mães do reino animal.
A razão menos romântica vem de um “vício” que ganhei quando nasceram: cheirá-los e pô-los perto da minha cara.

E as minhas Crias crescem. Sem tanta surpresa como escrevi lá em cima, mas, ainda assim, com saltos temporais.

Mostrou-me a minha CV um texto seu. Li-o achando que seria sobre os jogos ou filmes e os seus inúmeros follow ups (sim, porque as minhas Crias criam novos jogos, pensam em novas ideias para sequelas). Mas Aquele texto era diferente. De um modo juvenil descrevia-se, com um despudor que me assustou (?)… De um modo calmo, esperou a minha reacção. Nem sabia por onde começar. Se ficava espantada por me mostrar – boys don’t usually talk – se por dominar tão bem uma língua estrangeira – esqueci-me de mencionar que o texto estava escrito em inglês? – se por ter ideias assim, como as que li, tão seguras – sweet innocence?

Com a Vossa desculpa, não o reproduzirei. Mas tem a minha CV ideias sobre as grandes questões da vida, daquelas certezas nossas de adolescente. Até aqui nada de novo? São, na sua maioria, diferentes da “ideologia dominante” lá em casa.

Ficou, como disse, à espera da minha reacção.
- Sabes, CV, enquanto morares nesta casa vais ter que cumprir as regras de cá de casa. Mas não te obrigarei nunca a compartilhares as minhas ideias ou ideais.
- Eu sei – respondeu-me com um abraço – por isso é que te mostro.

Sempre achei que os ideais não são aprendidos por osmose. Não se é assim ou assado porque o pai ou a mãe é. Há, obrigatoriamente, uma altura em que as Crias saem, pensam pela própria cabeça, formulam raciocínios.

- Sei que não pensas assim como eu, mãe. Mas comecei a pensar… - e explica de um modo assustadoramente (?) lógico as dúvidas imensas que tem, as certezas que foi alcançando, a recolha de opiniões, “este diz isto, mas li aquele que dizia aquilo”, “concordo com o que o outro diz, nem tanto com o que aqueloutro diz”.

De que mensagem fiquei eu orgulhosa de estar(mos) a conseguir transmitir?
De pensar pela própria cabeça. Duvidar para ter a certeza. Informar para consubstanciar as opiniões.

- Não sou ovelha, mãe. Sou um ser humano. Com liberdade para pensar.

Um bom dia para todos,
vou ali limpar a baba…

Wednesday 2 September 2009

Ano Novo

Gostei das férias.

Das que tirei mesmo (mas não a ninguém que são minhas de direito) e das que tirei daqui.

Fez-me querer voltar e querer voltar é bom sinal.

Fez-me regressar à escrita de caneta. Em agendas usadas como fiz em tempos, nas bordas das páginas não escritas, nos espaços (todos) em branco que ficaram.

Fez-me ler os outros com atenção. Fez-me ter saudades.

Na forja estão muitos textos em revisão para colocação oportuna.

Como repararam antes da minha fugida, abri um (outro) lado junto do wordpress.

Lá colocarei os meus contos. Utilizo a expressão sem qualquer pudor e sem ambição ou auto-elogio ou outra coisa qualquer. Chamo o meu boi pelo nome que lhe dei. São contos que escrevo - simplesmente porque sim. Aí desse lado digam (ou não) o que Vos aprouver.

Deixo-Vos apenas com uma das notícias que ressalto deste meu interregno:

O meu querido Faramir (vejam que lindo está neste close and personal) tem um companheiro:
Lord Legolas Zezinho.

Adoptado da querida Associação Bianca recebeu o nome via "Lord of the Rings".

Deixo para o fim o mais importante:

Os agradecimentos a quem me visitou.

Querido Jes:
Estive, devo confessar, como o televisor. Mas o tempo, a praia e a minha família foram óptimos curativos, tal como tão sabiamente dizia.
Agradeço-lhe muito as suas palavras e a sua referência ao meu lado no JPPTO. Espero não o desiludir.

Querida Gi:
Foi em Setembro... (ai, que isto me lembrou uma daquelas músicas) E Setembro veio.
Obrigada pelos votos.

Querida Paralelo Longe:
Seja muito bem-vinda. Volte sempre.
Obrigada pelas suas palavras.
Devo confessar que o adjectivo que utilizou ficou a bailar cá dentro.

Querido Rafeiro Perfumado:
Fazes-me rir (mas isso já sabias). E eu lá sou miúda de comprar televisores em saldos??? (riso) Tratei do meu. Mantive-o. Nada como este modelo que trabalha a velas e suporta uma boa pancada. É resistente. Como eu.
Volta sempre.

Querida Once, vulgo Cházinho, vulgo CPrice (ufa - é o que dá ter amigas tãããão nobres):
Como amiga obediente e serviçal competente aqui te obedeço (riso). Voltei. Voltei para cá (ai, que me lembrei de outra música - é isto que dá ver o filme "O meu querido mês de Agosto").
Obrigada, mate. Sério, sério.

Querida Luísa:
Baterias devidamente carregadas, garanto-lhe. Volte depressa da sua viagem. Corra tudo bem. Aqui a espero.
Obrigada

Querida Rita:
Obrigada por visitares o outro ladecos. Obrigada pelo interesse. Volta sempre.

Querida Ka:
Que óptima surpresa foi o encontro. Obrigada pela organização
Obrigada pelo jantar.




Agora sim.
Deixo-vos com fotografias dos meus meninos.

Um óptimo dia e resto de semana!