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Thursday, 19 February 2009

A beautiful picture a day... 017



O Teu Olhar

Passam no teu olhar nobres cortejos,
Frotas, pendões ao vento sobranceiros
Lindos versos de antigos romanceiros,
Céus do Oriente, em brasa, como beijos,

Mares onde não cabem teus desejos;
Passam no teu olhar mundos inteiros,
Todo um povo de heróis e marinheiros,
Lanças nuas em rútilos lampejos;

Passam lendas e sonhos e milagres!
Passa a Índia, a visão do Infante em Sagres,
Em centelhas de crença e de certeza!

E ao sentir-se tão grande, ao ver-te assim,
Amor, julgo trazer dentro de mim
Um pedaço da terra portuguesa!

Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"

Thursday, 6 November 2008

Hoje



1946 - Sally Field


Ver o que se passou "hoje" noutros lugares e noutros tempos é, para mim, um exercício agradável (nem sempre prazenteiro).

Saber que foi no dia 6 de Novembro, numa outra altura, Ghandi foi preso durante uma manifestação, que o Pres, Nixon fez um discurso sobre o que seria um escândalo nos dias e meses seguintes, que os japoneses fizeram um reid preparando o que viria a ser o ataque de Pearl Harbour... não é apenas conhecimento inútil, daquele que podíamos utilizar num qualquer elevador para desbloquear uma conversa...


- Olá, bom dia! Este tempo, hã?

- Bom dia. Sim, sim, claro! Olhe lá sabia que faz hoje anos que os seuecos iniciaram uma tradição de comer um pão chamado Gustavus Adolphus para comemorar o Rei com o mesmo nome?

Mais do que isso, ou além disso descobrem-se acontecimentos interessantes que , à laia das famosas cerejas, se entrelaçam com lembranças, ou considerações de "naquele tempo"
De entre os vários que vejo terem acontecido hoje destaco, por pura discricionariedade (ia, ia, escrevi esta palavra de uma só vez sem me enganar nas teclas!!! - vou ver ao word se assim foi... foi! bem...........)

O nascimento de duas mulheres - distintas e sem qualquer razão lógica... apenas o cerejar de lembranças

Sally Field foi protagonista de um filme fantástico - lá está a (devagarinho Nocas para não te enganares) discricionariedade ( :) ) - "Sybil" de 1976. Por razões muito próprias e pessoais foi educativo e sofredor ver plasmado uma vida como aquela com que lidei de perto, além de considerar a SF brilhante.

1919 - Sophia de Mello Breyner



A relação que tenho com SMB é parecida com a de um burro perante um palácio (e não venham com histórias da NV sofrer de excessiva modéstia e blá, blá, blá) As letras juntinhas como a senhora as põe formam textos muito para além do meu entendimento. Leio-as e releio-as descobrindo novas nuances, novos sons, novos significados.
note to self: reler
Contos Exemplares (1962)
Histórias da Terra e do Mar (1984)
A Menina do Mar (1958)
A Fada Oriana (1958)
Noite de Natal(1959)
O Cavaleiro da Dinamarca (1964)
O Rapaz de Bronze (1965)
A Floresta (1968)
Árvore (1985)
Para ilustrar posto aquele retrato de Botelho que "roubei" da Wikipedia bem como estas duas poesias... deliciem-se se gostarem
Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem


As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas


O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra

O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra


"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não: "Com o suor dos outros ganharás o pão".


Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito

Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem


Friday, 22 August 2008

Pedro Pedreiro

Ontem deu-me um daqueles amoques!!

Daqueles que me dão (quase) todos os dias enquanto cumpro uma rotina deliciosa...

A Rádio foi sempre uma companhia para mim. Por influência paterna, ou não, tive, desde que me lembro, grande prazer em ouvir aquela caixinha; comecei a ter rádios, vozes e programas que seguia. Em casa da Vó as crianças (eu, leia-se) só viam 1 hora de televisão. O aparelho era ligado por volta da uma da tarde para, por volta das cinco (acho eu) estar quente e ver o espaço infantil do Vasco Granja.

O resto do dia, quando não estava a tomar conta (a.k.a. brincar desmedidamente) dos animais, ouvia rádio.
“Quando o telefone toca” e “Os parodiantes de Lisboa” são marcos incontornáveis.

E lembro-me de procurar com o pai, em AM claro, estações estrangeiras para receber notícias frescas de “lá de fora”.

Não posso esquecer a minha emoção quando segui, o fecho da emissão da Rádio Cidade e da TSF, rádios muito diferentes mas, porque “piratas”, me davam uma sensação de perigo, de clandestinidade…

Em paralelo, ou consequência, não sei bem, a música tinha igual importância. Adormecer, acordar, estudar, limpar, ler… tudo acções que requeriam a presença do rádio ou da música (em cassetes e vinil, claro!).

Este preâmbulo longo para explicar a presença de um rádio/leitor em cada salita da minha humilde casa. Crias a receber esta influência, já não prescindem do rádio para adormecer, ou da escolha (sempre polémica) de um cd.

E para explicar que de manhã ouço a Rádio Comercial ou a TSF. À tarde deambulava pela M80, BestRock, TSF, Rádio Comercial ou um cdzito (isto quando tinha o meu rádio xpto. Agora fico-me pelo cdzito que a pesquisa neste é manual)…

Regresso ao início.

Ontem, impulsionada por uma música brasileira gravada no cd-salada-russa-diz-o-F-nem-acredito-que-tens-essas-músicas-todas-gravadas-no-mesmo-cd-que-vergonha, fui buscar um cd de Chico Buarque.

E ouvi esta música outra vez.
E chorei outra vez.
Não porque me sentisse triste, mas esta música faz, por falta de melhor expressão, chorar as pedras da calçada.
Expressa, de modo brilhante e simples, genial e translúcido, a inesperança. (acabo de criar esta palavra. Não é desespero, é NÃO ter esperança. Não me agradeçam… apenas serviço público deste lado. Agora a sério…) Aqui vos deixo a letra…

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem
De quem não tem vintém

Pedro pedreiro fica assim pensando
Assim pensando, tudo passa
E a gente vai ficando pra trás
Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol
Esperando o trem
Esperando o aumento
Desde o ano passado para o mês que vem

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem
De quem não tem vintém

Pedro pedreiro espera o carnaval
E a sorte grande do bilhete pela federal
Todo mês
Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol
Esperando o trem
Esperando o aumento para o mês que vem

Esperando a festa
Esperando a sorte
A mulher de Pedro
Está esperando um filho
Pra esperar também

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem
De quem não tem vintém

Pedro pedreiro está esperando a morte
Ou esperando o dia de voltar pro norte
Pedro não sabe, mas talvez no fundo
Espere alguma coisa mais linda que o mundo

Maior que o mar
Mas pra que sonhar
Sei lá, no desespero de esperar demais
Pedro pedreiro quer voltar atrás
Quer ser pedreiro pobre nada mais
Sem ficar esperando, esperando, esperando
Esperando o sol
Esperando o trem
Esperando o aumento para o mês que vem
Esperando um filho pra esperar também
Esperando a festa
Esperando a sorte
Esperando a morte
Esperando o norte
Esperando o dia de esperar ninguém
Esperando enfim nada mais além
Que a esperança aflita, bendita, infinita
Do apito do trem
Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando o trem

Que já vem
Que já vem
Que já vem...

__________________________________
PS
Parabéns Nelson Évora!!!!!!!!

Tuesday, 29 April 2008

29 de Abril


Tinha 10 anos.


Até aí nunca tinha sequer imaginado nada disto. Era mais do tipo "bolas e pontapés", ou piões e berlindes.



Também ginástica. Aliás, a ginástica era a minha vida. Pratiquei desde muito, muito nova.



Porque era "afoita", atirava-me para os aparelhos e só tive uma queda. A primeira... e a última. Lembro-me de conversarem sobre o meu "jeito". A minha força, agilidade e ausência de medo. Lembro-me da sensação de voar entre as barras assimétricas, dos mortais, dos saltos na trave, do suor frio antes de entrar no tapete, de aguardar as decisões dos juízes.


E também era gabarolas.

Bill T Jones

Num infortúnio daqueles que as crianças desobedientes têm, fiz um mortal em casa "só para mostrar à Alice como se fazia". Não fiz preparação, nem chamada (acho que era assim que se chamava) nem aquecimento.



Caí mal... muito mal. A Alice foi a correr chamar a mãe ao páteo, mas já não me lembro disso. Recordo os gritos da mãe e da sirene da ambulância.


No hospital o veredicto foi dado.


Lesão na coluna. "Foi uma sorte não teres ficado paralisada". Assim me vaticinou o simpático médico.


O meu treinador veio ver-me a casa. Chorámos os dois.

Trisha Brown

Por ironia tornei-me péssima em Educação Física porque tinha terror de saltar no cavalo, mesmo que estivesse rentinho ao chão.

Com 10 anos foi-me detectado um desvio na coluna. Fiz fisioterapia, tratementos experimentais nuns consultórios medonhos, alguns apenas estúpidos, outros bastantes dolorosos. Tinha, por essa altura uma grande diferença no tamanho das pernas que me


provocada um "andar esquisito" e muitas dores ao fim do dia.

Bejart

Um médico em Santa Maria disse-me que a única coisa que poderia "eventualmente" resultar... sem ir à faca, seria o ballet.



- o quê????? nunca - disse eu.


- isso é pr'a meninas de cor de rosa.

Mas fui. Entrei no estúdio (ver lá em baixo) e coloquei-me na última barra, no canto mais escondido da sala.



Não levava (deusmelivre) sapatilhas nem maillot cor de rosa.


Mas aquilo... o bicho... isto que sinto... foi crescendo.


Pina Bauch

A solidão dos exercícios, a competição contínua não contra a outra, não para os juízes darem esta ou aquela nota, mas contra o nosso corpo.


- Coitada! Tem a ligeireza de um elefante... (ai ouvi, ouvi, senhores!)



Foi tudo construído. Pode até afirmar-se que foi tudo falso. Pois parece que nada do que consegui fazer me foi dado. Roubei tudo. Roubei ao meu corpo. Roubei às minhas refeições. Roubei ao meu sono. Roubei à minha imaginação.



E a dança ficou em mim. Ou eu nela. Não sei. Ainda não sei.

Quando a deixei definitivamente, 20 anos depois... quando peguei nas minhas sapatilhas (rosas) e as arrumei sabendo que não voltaria a pegar nelas...

Doeu.

Durante algum tempo não falei, não pensei, não vi dança.

Depois acalmou.
Sou artista. Posso nunca mais dançar, posso nunca mais produzir nada de artístico, mas sou artista. Tornei-me artista.

Quem ama não chora. (procurem o livro... tem tudo a ver)

Pinto este post com alguns dos que me inspiram. Alguns belos seres, bailarinos, coreógrafos, artistas que fazem a arte valer a pena.

Já aqui afirmei, e hoje reafirmo, que acredito ser a Arte a Única grande coisa que nos separa dos animais.

Centro Cultural de Benfica
A capacidade de tornar coisas inúteis valerem por isso mesmo. Por serem belas.

Por serem arte


A linguagem universal da dança, o movimento dos corpos.
A criação de uma peça coreográfica é o ponto alto da criação artística.

Algumas nasceram-me de cores, de músicas (que depois nem vieram a ser utilizadas na própria coregrafia) de frases... sei lá.

Depois fechas-te num estúdio e trabalhas. Mexes-te, examinas, procuras, encontras o movimento certo.

Transpor esses movimentos para os bailarinos (uau). Explicar-lhes, mostrar-lhes... não é assim. Espera, até fica melhor. Outra vez

5 6 7 8

Experimentas novas coisas. Até sabes que não são "novas" coisas! No fim do século XX (naquela altura...) já não se pode inventar nada. Mas para ti são novas.

E gostas. E odeias. E não te apetece. E a musa não vem.

O palco

O cheiro das tábuas, do linóleo, a luz que te ofusca.

As palmas.

Quem me dera conseguir escrever isto de maneira mais poética. Mas não consigo.

Se tivesse uma câmara, talvez fizesse uma coreografia.

Tuesday, 20 November 2007

Wouddabe I

IF

If you'd only know
How I've been feeling for so long

If you'd only know
You should know my heart
You should know by heart
You should see beyond my smile
'Cause we've been together not for awhile

You should see beyond my words
You should know

If you'd only know
The dream I've been having
Nor tears nor fears
Nor smiles nor miles
Apart

We've been together
And you should know

But this I pledge
I'll be here 'till the end

And unless you know my heart
Unless you know by heart
Unless you feel me with
Eyes shut
You'll never know

My deepest feelings
My deepest fears
My deepest desperation
If you'd only know

Thus I keep my smile
Knock myself out
Is it still worthwhile?
Thus I'll still dangle about

My smile is yours
If you'd only know
I'll fight the wars
I'll face the deathblow

I will be your rock
I have my own
I will be your hope
I have my own

I'm an island
You should know
I keep you apart
You should know

You should know my heart
You should know me by heart

If you'd only know
Now

----------------------------------------------
by Wouddabe
16.11.2007

Wednesday, 3 October 2007

Just for the fun of it!...

Já tinha esta coisa gravada no meu "to put on blog"

E porque agora estou estupidamente triste (estas hormonas!!!) fui buscar...

O poema "Poeta" traduzido pelo Babel: HAVE FUN!!!

To be poet is to be higher is to be bigger
Of the one than the men! To bite as who kisses!
It is to be beggar and to give
as who is King of the Kingdom of On this side and Beyond Pain!
It is to have of a thousand desires the esplendor
and not to know at least that it is desired!
Is to have inside one here astro that flameja,
Is to have claws and wing of condor!
It is to have hunger, is to have headquarters of the Infinite!
For helmet, the mornings of oiro and satin...
Are to condense the world in one alone shout!
E is to love you, thus, madly...
It is beings soul, and blood, and life in me
and to say singing it to all people!

Être poète est être plus haut,
est être plus grand de ce que les hommes !
Mordre comme qui embrasse !
C'est être mendiant et de donner comme qui est Roi du Royaume d'En deçà et de L'au-delà Douleur !
C'est avoir de mille désirs l'esplendor
Et non savoir au moins que se désire !
C'est avoir ici à l'intérieur une astro que flameja,
Est avoir des griffes et des ailes de condor !
C'est avoir faim, est avoir siège d'Infini !
Par casque, les matins d'oiro et de satin...
C'est condenser le monde dans un seuls cris !
Et c'est t'aimer, ainsi, follement...
C'est être âme, et sang, et vie dans moi
Et le dire en chantant les tout le monde !

Essere poet deve essere più alto
deve essere più grande di quello che gli uomini!
Per mordere come chi bacia!
Deve essere mendicante e dare come chi è re del regno da questo lato ed oltre dolore!
Deve avere di mille desideri il esplendor e non sapere almeno che è voluto!
È avere all'interno di un qui astro il flameja, deve che gli artigli e l'ala del condor!
Deve avere fame, deve avere sedi dell'infinito!
Per il casco, le mattine del oiro ed il raso... È condensare il mondo in un grido solo!
La E deve amarla, così, pazzo... È anima degli esseri ed anima e vita in me
e dire il canto esso a tutta la gente!

Monday, 1 October 2007

Uma semana mais pequena

Não, não vou falar dos feriados, dos iupis das crias por menos um dia de aulas e, mais importante, mais um dia de descanço (para quem?)

Por oposição a um post anterior em que vos convidei a rir com a minha tradução de uma "brilhante" letra do p(o)eta Jay Z, deixo-vos uma letra que não me atrevo a traduzir.

Desculpem, mas não me atrevo.

É um autor que aprecio muito, muito, muito. Lembrei-me dele este fim de semana e lá fui ouvir os meus "cedezitos". E escolher uma letra para aqui pôr... Qual delas? são tantas. Tantas tão boas.

Escolho esta por me ser especialmente querida. Escolho esta porque tenho uma ligação especial. Porque a dancei. Porque o video é espectacular.

Leiam e espero que gostem.

LEONARD COHEN
Dance Me To The End Of Love

Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic 'til I'm gathered safely in
Lift me like an olive branch and be my homeward dove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Oh let me see your beauty when the witnesses are gone
Let me feel you moving like they do in Babylon
Show me slowly what I only know the limits of
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

Dance me to the wedding now, dance me on and on
Dance me very tenderly and dance me very long
We're both of us beneath our love, we're both of us above
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

Dance me to the children who are asking to be born
Dance me through the curtains that our kisses have outworn
Raise a tent of shelter now, though every thread is torn
Dance me to the end of love

Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic till I'm gathered safely in
Touch me with your naked hand or touch me with your glove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

ps - boa semana pequenina!

Friday, 4 May 2007

Que Deus me perdoe...

(imagem retirada do blog Amalgama Companhia de Dança)

Que Deus me perdoe
Letra: Silva Tavares Música: Frederico Valério
Se a minha alma fechada
If my closed soul
Se pudesse mostrar
Could only show
E o que eu sofro calada
What I silently suffer
Se pudesse contar
If only I could tell

Toda a gente veria
Everybody would see
Quanto sou desgraçada
How wretched am I
Quanto finjo alegria
How much joy I pretend
Quanto choro a cantar...
How I cry when I sing

Que Deus me perdoe
May God forgive me
Se é crime ou pecado
If it's a crime or a sin
Mas eu sou assim
but that's the way I am
E fugindo ao fado,
and running away from Fado
Fugia de mim.
I would run away from me

Cantando dou brado
when I sing I scream
E nada me dói
and I feel no pain
Se é pois um pecado
So if it is a sin
Ter amor ao fado
to love the fado
Que Deus me perdoe.
May God forgive me

Quanto canto não penso
When I sing I don't think
No que a vida é de má,
How wicked live is
Nem sequer me pertenço,
I don't even belong myself
Nem o mal se me dá.
And evil doesn't touch me

Chego a crer na verdade
And I can really believe
E a sonhar - sonho imenso –
And dream – a wholesome dream -
Que tudo é felicidade
That everything is happiness
E tristeza não há.
And sadness no longer is

ps - a tradução é minha e livre... o que tentei fazer foi exactamente aquando da outra tradução... como sinto a letra...


Tuesday, 24 April 2007

Burial - Ella Wheeler Wilcox

Today I had a burial of my dead.
There was no shroud, no coffin, and no pall,
No prayers were uttered and no tears were shed
I only turned a picture to the wall.

A picture that had hung within my room
For years and years; a relic of my youth.
It kept the rose of love in constant bloom
To see those eyes of earnestness and truth.

At hours wherein no other dared intrude,
I had drawn comfort from its smiling grace.
Silent companion of my solitude,
My soul held sweet communion with that face.

I lived again the dream so bright, so brief,
Though wakened as we all are by some Fate;
This picture gave me infinite relief,
And did not leave me wholly desolate.

Ainda hoje se descobre / porque te foste tão cedo

Aquele Inverno
Delfins
Composição: Indisponível
Há sempre um piano
um piano selvagem
que nos gela o coração
e nos trás a imagem

daquele inverno
naquele inferno

Há sempre a lembrança
de um olhar a sangrar
de um soldado perdido
em terras do Ultramar
por obrigação
aquela missão

Combater a selva
sem saber porquê
e sentir o inferno
a matar alguém

e quem regressou
guarda sensação
que lutou numa guerra
sem razão

Há sempre a palavra
a palavra "nação"
os chefes trazem e usam
pra esconder a razão

da sua vontade
aquela verdade

E para eles aquele inverno
será sempre o mesmo inferno
que ninguém poderá esquecer
ter que matar ou morrer
ao sabor do vento
naquele tormento

Perguntei ao céu:
será sempre assim?
poderá o inverno
nunca ter um fim?
não sei responder
só talvez lembrar
o que alguém que voltou
veio contar... recordar... recordar...

É sempre agradável descobrir boas e agradáveis surpresas na "net" (=como as crias dizem; que eu que vi o filme Wargames e fiquei impressionada com o que os computadores "já" faziam, e que pensava - talvez os meus filhos tenham uma coisa assim - digo Internet). O blog Once in a While é muito agradável (to say the least) e tornou-se consulta obrigatória.

Originada, ou provocada pelo seu post de hoje, quis (trans)escrever sobre o que a minha cria dizia sobre o tão famoso feriado de amanhã, ao ouvir a música acima.

E eu que nem gosto do grupo...

- Sobre que guerra se fala? Ultramar!... independência das colónias
- Já foi há muito tempo, não? Nem tanto. O avô entrou nela...
- Mas o avô era tão livre-pensador!!! (ok, aqui tenho que parar. É verdade que o tratei, nas muitas histórias que lhes vou contando sobre o avô, como livre-pensador... não só porque o era na realidade, mas também porque, ao querer evitar simbologias erradas de cores politicas ou chavões hippies foi um palavrão que a cria assimilou imediatamente e quase por instinto o seu significado, ficando o cognome, adjectivo, quase nome própio do avô) Mas todos eram obrigados a ir... daí a letra da música
por obrigação
(...)
Combater a selva
sem saber porquê
- O 25 de Abril acabou com isso tudo! (silêncio)
- Como foi a guerra para o avô? O avô contava-te muitas histórias?
(...)
E comecei... foi sempre conversa recorrente... Recontei (algumas d)as histórias que fui ouvindo, poupando alguns pormenores, (o liberalismo passava também por não limpar nem adocicar a verdade...) e revivi todas as tardes mágicas que passámos.
O pai e eu, na pesca, ali em Belém... o pai e eu no sofá, no quintal e as histórias a correrem... e tantas lágrimas que caíam daqueles olhos, sempre iguais, nunca mais leves... também ouvia histórias engraçadas, como a razão da paixão desmesurada da sopa de nabiças (primeira comida depois de um determinado cerco) e a beleza da paisagem, os animais ultra exóticos para um jovem pobre lisboeta...
e parei subitamente porque as lágrimas vieram outra vez
e paro agora porque s lágrimas vieram outra vez
porque te foste tão cedo?...

Wednesday, 18 April 2007

É muito kitch...

Mas gosto deste poema...
O que se pode fazer?


Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís de Camões