Wednesday 30 April 2008

O nosso espelho

Como produzimos a nossa imagem?

Que características decidem termos, ou não, boa imagem própria?

Não sei.

Olho para o meu passado e tento encontrar o ponto de mudança... como é que uma criança mimada, amada e vaidosa se transforma numa pré-adolescente temerosa, tímida e envergonhada?

Não sei.

As minhas crias são, como já tenho aqui dito, muito diferentes.

A Mais Velha é confiante. Tem a firme convicção de ser melhor que os outros, mais esperta que os outros, mais inteligente. Consegue ver e catalogar as suas fraquezas e utiliza uma defesa até agora bastante eficaz: se não consegue fazer qualquer coisa, não faz e não gosta.

A Mais Nova não é assim. Parece ser influenciável e precisar da aceitação dos outros para tabelar o seu sucesso e imagem.

Posso afirmar com toda a certeza que nunca ouviram as minhas crias as palavras "não prestas", "não consegues" ou coisas do tipo... da nossa parte (leia-se pais)

E no entanto a Cria Mais Nova despeja frases "não presto", "sou o mais tolinho", "sou burro"...

Onde foi a Cria buscar essas ideias?

Ao espelho. A CV demora a "mirar-se". Olha para os olhos, sorri, faz caretas e fica contente com o que vê. Reparo que a CN olha apenas o essencial. Olha mas não vê.

E aqui fica esta Verde sem saber o que fazer ou pensar. Dar confiança a um, estribar a de outro... exercícios complicados, não?

Apenas uma reflexão...

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Bom feriado...

ps - aquelas leituras "horríveis" enquanto a minha "cafezinha" se deleitava com outras coisas... valeram a pena!

Tuesday 29 April 2008

29 de Abril


Tinha 10 anos.


Até aí nunca tinha sequer imaginado nada disto. Era mais do tipo "bolas e pontapés", ou piões e berlindes.



Também ginástica. Aliás, a ginástica era a minha vida. Pratiquei desde muito, muito nova.



Porque era "afoita", atirava-me para os aparelhos e só tive uma queda. A primeira... e a última. Lembro-me de conversarem sobre o meu "jeito". A minha força, agilidade e ausência de medo. Lembro-me da sensação de voar entre as barras assimétricas, dos mortais, dos saltos na trave, do suor frio antes de entrar no tapete, de aguardar as decisões dos juízes.


E também era gabarolas.

Bill T Jones

Num infortúnio daqueles que as crianças desobedientes têm, fiz um mortal em casa "só para mostrar à Alice como se fazia". Não fiz preparação, nem chamada (acho que era assim que se chamava) nem aquecimento.



Caí mal... muito mal. A Alice foi a correr chamar a mãe ao páteo, mas já não me lembro disso. Recordo os gritos da mãe e da sirene da ambulância.


No hospital o veredicto foi dado.


Lesão na coluna. "Foi uma sorte não teres ficado paralisada". Assim me vaticinou o simpático médico.


O meu treinador veio ver-me a casa. Chorámos os dois.

Trisha Brown

Por ironia tornei-me péssima em Educação Física porque tinha terror de saltar no cavalo, mesmo que estivesse rentinho ao chão.

Com 10 anos foi-me detectado um desvio na coluna. Fiz fisioterapia, tratementos experimentais nuns consultórios medonhos, alguns apenas estúpidos, outros bastantes dolorosos. Tinha, por essa altura uma grande diferença no tamanho das pernas que me


provocada um "andar esquisito" e muitas dores ao fim do dia.

Bejart

Um médico em Santa Maria disse-me que a única coisa que poderia "eventualmente" resultar... sem ir à faca, seria o ballet.



- o quê????? nunca - disse eu.


- isso é pr'a meninas de cor de rosa.

Mas fui. Entrei no estúdio (ver lá em baixo) e coloquei-me na última barra, no canto mais escondido da sala.



Não levava (deusmelivre) sapatilhas nem maillot cor de rosa.


Mas aquilo... o bicho... isto que sinto... foi crescendo.


Pina Bauch

A solidão dos exercícios, a competição contínua não contra a outra, não para os juízes darem esta ou aquela nota, mas contra o nosso corpo.


- Coitada! Tem a ligeireza de um elefante... (ai ouvi, ouvi, senhores!)



Foi tudo construído. Pode até afirmar-se que foi tudo falso. Pois parece que nada do que consegui fazer me foi dado. Roubei tudo. Roubei ao meu corpo. Roubei às minhas refeições. Roubei ao meu sono. Roubei à minha imaginação.



E a dança ficou em mim. Ou eu nela. Não sei. Ainda não sei.

Quando a deixei definitivamente, 20 anos depois... quando peguei nas minhas sapatilhas (rosas) e as arrumei sabendo que não voltaria a pegar nelas...

Doeu.

Durante algum tempo não falei, não pensei, não vi dança.

Depois acalmou.
Sou artista. Posso nunca mais dançar, posso nunca mais produzir nada de artístico, mas sou artista. Tornei-me artista.

Quem ama não chora. (procurem o livro... tem tudo a ver)

Pinto este post com alguns dos que me inspiram. Alguns belos seres, bailarinos, coreógrafos, artistas que fazem a arte valer a pena.

Já aqui afirmei, e hoje reafirmo, que acredito ser a Arte a Única grande coisa que nos separa dos animais.

Centro Cultural de Benfica
A capacidade de tornar coisas inúteis valerem por isso mesmo. Por serem belas.

Por serem arte


A linguagem universal da dança, o movimento dos corpos.
A criação de uma peça coreográfica é o ponto alto da criação artística.

Algumas nasceram-me de cores, de músicas (que depois nem vieram a ser utilizadas na própria coregrafia) de frases... sei lá.

Depois fechas-te num estúdio e trabalhas. Mexes-te, examinas, procuras, encontras o movimento certo.

Transpor esses movimentos para os bailarinos (uau). Explicar-lhes, mostrar-lhes... não é assim. Espera, até fica melhor. Outra vez

5 6 7 8

Experimentas novas coisas. Até sabes que não são "novas" coisas! No fim do século XX (naquela altura...) já não se pode inventar nada. Mas para ti são novas.

E gostas. E odeias. E não te apetece. E a musa não vem.

O palco

O cheiro das tábuas, do linóleo, a luz que te ofusca.

As palmas.

Quem me dera conseguir escrever isto de maneira mais poética. Mas não consigo.

Se tivesse uma câmara, talvez fizesse uma coreografia.

Monday 28 April 2008

Ditador...

E mais uma vez lá tivemos que falar, relembrar e explicar o que é o "25 de Abril"... desta vez à Cria Mais Nova.

É, aparentemente, desinteressada, ou direi antes, pouco interessada em questões assim "abstractas". Não leu, como a Cria Mais Velha, os apontamentos dos livros escolares sobre "esse dia"... não se interessa por "História" depois dos Reis. Ainda assim há uns quantos apontamentos divertidos nesta sua descoberta. Aspectos que só podiam vir desta Cria criada em liberdade, democracia (da porta para fora - claro está - que cá dentro quem manda são os pais...) e tudo o resto, bem como uma ideia romântica do tempo dos reis, com o seu sentido de honra, justiça, "a força da palavra", etc.

Estava a Verde a explicar os antecedentes quando menciono a palavra ditador.
- Sabes o que é um ditador? - quando lhe via uns olhos inquisidores
- Claro. São aqueles que fazem ditados...
(...)

Lá lhe explico o que é. É impossível, para já, esta cria perceber o que é viver num país sem poder de falar ou pensar ou expressar o que se pensa.
- Mas e as pessoas não liam jornais?
- Os jornais e as notícias eram controladas.
- Mas e os estrangeiros? Como as vezes fazem... vão ver as notícias aos canais estrangeiros...
- Não havia canais estrangeiros.
- E os livros?
- Só os permitidos.
(olhos esbugalhados)

Vem a palavra Ultramar
- O que é, mãe?
Independência, autonomia, autodeterminação... lá tentamos explicar o contexto para a guerra além mar
- Desculpa lá, mãe! Mas quando Afonso Henriques chegou aqui (com os braços "abraça" Portugal) esta terra não era dele! E ele lutou porque queria que isto fosse o Portugal (com bastante ênfase no "o"). Também quisemos o nosso país. Será que esse senhor não sabia história?
(...)

A história dos cravos nas espingardas é sempre deliciosa para uma criança... e esta não foi excepção.
- Cravos, mãe. Não balas? Nem de borracha?

- E saíram todos para a rua? à frente dos tanques? e se corresse mal? E andaste ao colo dos militares? E se um te roubasse?

(apenas uma pequena parte das imensas perguntas)

- Hoje somos livres, mãe. Livres para acharmos o que está mal. Para fazer melhor...

(...)

- Mãe?


- Porque não fazemos melhor?

Wednesday 23 April 2008

As brancas

Já vos aconteceu? Não?

A mim já.

A pior, aquela que me traz recordações mais amargas foi por volta dos 13 anos. Não me alongarei com contextualizações que, com toda a certeza, provocaram a referida, mas certo dia, quando me deslocava da escola para a aula de ballet, por um caminho que fazia há já 3 anos, todos os dias, 3 vezes por dia... tive uma branca COMPLETA. Só me lembro da sensação de estar num sítio desconhecido. «o que faço aqui?» ou qualquer coisa do género... não sabia onde estava, porque ali estava, o meu nome, nada!
Lembro-me da sensação de susto, terror... e depois comecei a rir. Primeiro baixinho, depois uma gargalhada, depois muitas, muitas gargalhadas. Eram, evidentemente, gargalhadas nervosas. Lembro-me de saber qualquer coisa do tipo «eu faço este caminho todos os dias. eu conheço esta rua. mas como se chama? para onde vou?» e também cenas de filmes de amnésias apareciam em catadupa.
Que faz aqui a Verde? Começa a olhar para as pessoas à espera que alguém a reconhecesse. Mas nada. «parva» devo ter pensado «numa cidade ninguém conhece ninguém». Sentei-me num banco de uma paragem. Tirei a mala das costas e abri-a. Mexi nos cadernos, nos livros... nada. Olhei para o pulso. Tinha uma pulseira (soooooooo eighties) com uma balança e o meu nome...
...e o nome, coisa tão abstracta, que até detestava (principalmente pela história do porquê...) foi como uma senha mágica. Uma pequena roda dentada que, quando colocada no seu sítio põe em funcionamento toda a engrenagem. Lembrei-me de tudo!
Nunca falei disto aos meus pais. Até porque nunca mais aconteceu. Mas, apesar dos meus pequenos 13 anos, achei que aquilo seria um sinal muito amarelo do meu cérebro. «cuidado!»
(...)

Ontem aconteceu uma branca com alguém que me é muito querido... num teste, infelizmente.
Calma, amiga!
Aqui vão, via este lado, a minha compreensão e desejos de nunca mais acontecer.
beijos neurónicos para ti!

Um bom dia para todos...

Tuesday 22 April 2008

Hoje é...Dia da Terra

Dia da Terra
pensamentos muito soltos
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This new conception of the world surfaced only in this century and transformed the relationship between humanity and nature, showing us that natural resources are finite and fragile.

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Gaia
Greek Goddess of Earth
Gaia, more frequently spelled Ge, was the Earth. She is rarely even referred to as a deity, she is more a power. What is. She was one of the firsts. Well, one of the firsts in some versions. There are actually a couple of different Creation myths, and not all of them include Gaia (I know, it shocked me, too). The original Greek Mythology (ie, pre-Classical) was was Pelasgian myth (the Pelasgians came to Greece from the Asia Minor 3,000 years before Hesiod). The Pelasgian creation story focuses on Eurynome, the Goddess of All Things. But you can go to the Myth Page on Eurynome's Creation Story if you want to learn more about that. Here, we will focus on Gaia. There are two parts: .
"First in my prayer, before all other deities,I call upon Gaia, Primeval Prophetess . . . The Greek great earth mother."~Aeschylus~
daqui

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O Lord, our Lord, whose glory is higher than the heavens, how noble is your name in all the earth!
You have made clear your strength even out of the mouths of babies at the breast, because of those who are against you; so that you may put to shame the cruel and violent man.
When I see your heavens, the work of your fingers, the moon and the stars, which you have put in their places;
What is man, that you keep him in mind? the son of man, that you take him into account?
For you have made him only a little lower than the gods, crowning him with glory and honour.
You have made him ruler over the works of your hands; you have put all things under his feet;
All sheep and oxen, and all the beasts of the field;
The birds of the air and the fish of the sea, and whatever goes through the deep waters of the seas.
O Lord, our Lord, how noble is your name in all the earth!

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E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações

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Visitem este belíssimos projectos

Borboletas - webcam com "nascimento" de borboletas ao vivo

Grifos - o grifinho já nasceu!!! aparece de vez em quando do lado direito do ecrã

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Por fim
Dicas úteis para ajudar... Gaia, Tellos ou Terra

Aventuras

Lord Faramir passeava frequentemente pelos seus domínios.
Atravessava a Pedraria Branca onde lhe dava prazer sentir o fresco daqueles seixos brancos, branquinhos debaixo das suas patas. Subia ao Planalto das Cebolas onde se divertia com o ondular da superfície trémula. Subia frequentemente (quando Lady Nocas não via, claro) a Serra das Cores e do Perfume. Ah! A Serra das Cores e do Perfume. Alterava-se todos os dias, mudava de cor e textura. Tinha, por vezes, pequenos apêndices onde gostava de se prender e ficar pendurado. Outras vezes era enorme com inclinações, depressões e subidas agrestes. E de tantas cores! E o perfume? Sempre o mesmo. Sempre perfeito. Com reminiscências à sua mãe.
É verdade que Lady Nocas não gostava e até se zangava quando sabia da sua estadia ali. Mas Lady Granny, mãe da sua querida preceptora, deixava-o deambular por ali. Até colocou uma mantinha no topo da Serra das Cores e do Perfume para que Lord Faramir fizesse longas sestas sentido os raios de sol que lhe aqueciam o ser.
Perto, pertinho desta Serra ficava a Estalagem Comikala. Era onde se refastelava tranquilamente em longas comezainas, confortavelmente instalado no seu pequeno trono forrado a cetim.
Lady Nocas, sempre ela, combinou com o dono da estalagem dar-lhe apenas refeições saudáveis e água cristalina, mas sempre que se fazia acompanhar por Lady Granny ou por Sir Fiodor conseguia outros pequenos prazeres. Como é que Lady Nocas descobria sempre (sempre, sempre, percebem?) que o estalajadeiro não tinha cumprido as regras era um mistério para o pequeno Lord. Mas o mal (ou o bem) já estava digerido… mas tinha que ouvir as palavras duras da zangada Lady. O pequeno Lord ficava muito quieto de olhos baixos, bem como Sir Fiodor e Lady Granny, porque o pequeno Lord já tinha aprendido que quando Lady Nocas se zangava era para ficar quieto, quietinho e ouvir. Só ouvir. Até porque também tinha aprendido que no fim aparecia um beijo muito repuxado e um sussurro doce: "Prometi a sua mãe tomar conta de si. Fazer de si um Gato valente, saudável e espadaúdo." Lord Faramir achava que lhe descobria um sorriso mas mantinha os olhos baixos.
Certo dia descobriu a Planície Branca. Que seria aquilo? Chegou-se patinha ante patinha; cuidadoso, silencioso e cauteloso. Nunca tinha visto tal coisa. Uma longa extensão branquinha e pacífica. Parou à entrada. Olhou. Levantou o pequeno focinho para tentar perceber os cheiros que emanariam daquela planície. Não lhe pareceu errado. Decidiu percorrê-la. Era suave e um pouco engraçado. Percebeu que a Planície Branca era completamente constituída por aquilo que lhe pareceu pedrinhas brancas. Cheiravam bem. Pensou que se lembrava de sua mãe lhe ter explicado alguma coisa sobre umas "certas planícies feitas de pedrinhas" e para que serviam, mas não conseguiu lembrar-se do resto. Sentiu até um pequeno calafrio percorrer-lhe o pêlo sedoso acabadinho de cardar por Lady Nocas.
- Ora vejam lá! – Pensou para si – Se um Lord majestoso como eu irei ter medo de tão pacífica Planície!
Entrou com confiança pelos domínios dos, descobriu mais tarde, Serezinhos Brancos. O Sol continuava a brilhar. A Planície resplandecia sob os seus raios e ninguém à vista. Ninguém? Mesmo? Pareceu-lhe ouvir qualquer coisa. Virou-se de repente mas não vislumbrou nada. Tudo calmo. Tudo imóvel. Estaria? Continuou. Teve certeza depois. Uma coisa, alguma coisa tinha-se mexido! Ficou atento, imóvel.
E depois aconteceu. De todo o lado, por todo o lado, os Serezinhos Brancos ergueram-se, confiantes no seu número e tomaram de assalto o pequeno Lord!
Lord Faramir combateu audazmente, lutando com este que lhe subia pelas pernas, empurrando aquele que lhe saltava para a cabeça. Mas eram tantos, por Deus, tantos! O pelo sedoso irisou-se, as unhas (nem sabia que podiam fazê-lo) saíram afiadas, bramiu-as, desferindo golpes que aniquilavam aqueles seres impiedosos, mas estes continuavam o seu ataque violento! Mas que guerra!
Conseguiria o aflito Lord escapar?
Desejou pedir ajuda, tentou gritar por socorro mas tinha já a boca tapada por aquelas criaturas abomináveis.
- Socorro! – Conseguiu dizer. Olhou para os lados da Serra das Cores e do Perfume e pareceu-lhe vislumbrar alguém. Já completamente coberto, prestes a ser provavelmente engolido pelos Serezinhos Brancos, teve a certeza de que se aproximava alguém.
- Socorro! – Mais uma vez…
Era Lady Nocas, a sua querida, corajosa salvadora. Conseguiria ela vê-lo? Saberia ela que ele ali estava, à mercê de tanto doesto?
Viu que se aproximava! Vinha salvá-lo! Já lhe ouvia os passos. Redobrou os ataques para se libertar dos imensuráveis vilões, certo que a ajuda se apropinquava.
- Lord Faramir! – Gritou Lady Nocas! – Abarbe um pouco mais!
Tempos depois, nos seus aposentos, deliciava-se com afagos da Lady enquanto lhe transmitia a aventura. Mas não a terminou. Adormeceu e sonhou. Sonhou que lhe aparecia sua mãe, Lady White, com o seu pelo branco sedoso
- Lembrai-vos, pequeno Lord, deste aviso. Das Planícies dos Serezinhos Brancos, tão aparentemente cálidas, tão enganosamente pacíficas sobrevêm inúmeros perigos. São habitados por perigosas e vis criaturas que vos tomarão de assalto se incautos forem. Dar-vos-ei o segredo para derrotar tais vilões. Aqui vos coloco (apontou para o fundo da sua barriguinhas branca) o Líquido Mágico. Ele é poderoso e, uma vez usado, deverá ser espalhado de maneira veemente por toda a planície. Ele enfeitiçá-los-á num torpor imenso.
E assim fez logo que pode.
E a Planície Branca dos Serezinhos Brancos ficou para sempre enfeitiçada e calma.

Monday 21 April 2008

Esclarecimentos e outras coisas!

Estive a pesquisar que fotografia colocaria para representar a minha odisseia de quinta-feira

Acabei por colocar aquela não porque não gostasse da série... quase não me lembro dela mas tenho a ideia de ser brilhante.

a razão de a colocar?

A parvoice do que fizemos por aqui... por razões já apontadas não especificarei muito mais, mas parece-me altamente ridículo a importação de coisas que, não sendo nossas, são, acima de tudo, muito americanas. O culto da família institucional, a falsidade dos actos, a imposição de ritos... como a casual friday!!! (não que o tenham imposto por aqui... ainda)

Trabalho é trabalho
conhaque é conhaque

Tento explicar melhor...

Trabalhei durante algum tempo como ajudante de cozinha num hospital... ai sim, sim! e Não me envergonho de tal. E tem lugar no meu CV.

Gostei? NÃO!
Era interessante? NÃO!
Era bem pago, pelo menos? NÃO!

Mas fui sempre assídua, pontual, interessada. Fiquei muitas vezes para além da hora porque era preciso. Não reclamei, nem muitas vezes as indiquei na folha de ponto.

O último turno tinha ordem para sair antes da hora, desde que tudo estivesse lavado e arrumado. Fiquei muitas vezes para além da hora simplesmente para ajudar a colega que assim sairia mais cedo.
Em dias de festividades no hospital era comum ficar MUITA loiça. Como não tinha filhos nessa altura, voluntariei-me muitas vezes para ficar no último turno, bem como para fazer a noite de Natal e de Ano Novo.
Nesse ano eu e F. passámos a noite de Natal a caminho de casa e a noite de Ano Novo no barco, também a caminho de casa. Não me importei.
Isto tudo para explicar que, para mim, gostar ou não do trabalho não é equivalente, consequente nem necessário para se fazer um trabalho profissional e interessado.

É evidente que quando trabalhei no emprego dos meus sonhos... como bailarina... o prazer retirado da minha actividade era MUITO maior. É claro que era! Os sacrifícios, as dores, a fome (!), os chefes, as vicissitudes? Suportavam-se. Visto agora, não custavam menos que aquilo dito ali em cima. A recompensa? Estava a cumprir o MEU sonho! Em cima do palco tudo desaparecia, garanto-vos. Em cima do palco eu era A pessoa mais feliz do mundo. Não me doía nada e fui não poucas vezes elogiada, não pela execução técnica (que nunca foi brilhante), mas pela minha serenidade e absoluta felicidade que demonstrei sempre. Levei sempre a minha personagem ao limite.

Alongo-me.
Estava já gravida da CN quando dancei pelas últimas vezes. A nossa directora técnica decidiu (e bem) que em vez de tentar esconder a barriga deveria assumi-la atando um lenço na redonda "coisa". Ficava bem giro. (suspiro) No fim de uma certa actuação o director do teatro veio agradecer-me de lágrimas nos olhos. Encurtando, achei engraçado as imensas histórias que ele retirou da minha dança e chamou-me a "bela embaraçada" (com sotaque galego...)

Tento terminar.
Insistir na mentira e "obrigar" o funcionário a mostrar a sua "felicidade", endeusar o "espírito corporativo" não leva a nada.
Serei sempre uma funcionária dedicada, ainda que já ninguém me chame "bela embaraçada" com o sotaque que for.
Mas o que me atrai mais no ridículo é, e regressando à escolha, como as fotos empresariais acabam por revelar aquilo que eu sinto. Sou funcionária, mas sinto-me empregada. Visto a camisola, dedico-me, esforço-me, empenho-me, mas sinto-me como "aquela do lado direito" que "limpa sanitas" com os patroinhos sentados em posse de reis.

Adeus. Vou ali limpar uma sanita.

Thursday 17 April 2008

... e ainda!



... por causa do que fiz há dias





... que vi hoje ...





(perdoem-me. por agora não explico melhor)



Aqui fica a minha fotografia institucional...

Sou aquela do lado direito com ar de "limpa-sanitas"

Bye!

Cansada

Parece ser constante, não?

S., hoje não tens nada de jeito (caso nos outros dias houvesse) deste lado.
No "outro"(=conta) despejei todos os meus argumentos e inspiração.

Para quando(!) um decreto lei que impeça as pessoas burras e... como dizer... burras de terem direito a falar? hum?

Eu sei, eu sei, elitista, blá blá quem és tu para te consideres mais esperta, rnhó rnhó!! hupmf!

Eu sou apenas menos burra... lol (lol, mas pequeno porque não me apetece rir)

Burras porque se arrogam direitos que ninguém lhes deu.
Burras porque se põem a cagar postas de pescada de coisas que não sabem - apenas copiam (e isto é verdade)
Burras porque se armam em "bosses" e déspotas e fazem jogos de poder para esconder, quiçá, vidas miseráveis ou solitárias.
Burras porque batem com a mão no peito "Ai meu Deus" e depois desprezam e menosprezam tudo e todos que não se encontrem ao "seu nível".
Burras porque insistem em fazerem-se de desgraçadinhas, como se todo o mundo lhes devesse e ninguém pagasse e ainda por cima fazem questão de nos impingir, se incautos estivermos, com história estúpidas de fazer corar uma qualquer novela da TVI.
Burras porque trabalham até tarde (só elas coitadinhas!) e "porque agora tens que aturar a minha neura"
Burras porque perdem a razão (e muita) que tinham e começam a dizer disparates que, caso fossem ditas por um jovem, era mal educado, uma criança, levava um tabefe, um idoso era senilidade, mas porque é adulta (whatever that means...) e ainda por cima """"contestatária""" (reparem no número de aspas que coloquei) diz e grita e esbraceja.
Burras porque dizem tudo nos lados e pelos lados e não respondem directamente.
Burras porque se sujeitam a uma outra burra cuja lealdade não merece, com um serventilismo e subserviência que não querem nem precisam.
Burras porque sim!!!

Nota burra - Burra é pessoa, não é necessariamente um homem ou uma mulher
E não são todos a mesma pessoa. Eu é que tive azar ontem e apanhei-os todos. Adeus
humpf!

Wednesday 16 April 2008

Muito rapidamente

De manhã as coisas são agrestes...
Mesmo em situações normais (deve ser só comigo, é claro!) o tempo é curto.

Mas como nunca os vejo à noite (quando chego estão invariavelmente a dormir) é durante aqueles minutos que estamos juntos de manhã que me contam e perguntam tudo! TUDO, ouviram?

O som melodioso de duas crias a falar em díssono, estereofonicamente é assim, como dizer, exasperantemente divertido e deliciososamente cansativo.

Posto isto, dizia hoje a Cria Mais Nova (CV para os incautos):
-Tenho uma dúvida, Mãe (suspiro) Mãe, - todas as frases, é bom que se diga, são repletas de muitos «mãe», «mamã», «mãezinha», «'tás a ouvir» - já reparaste que se for meninos e meninas diz-se sempre "eles"? Porquê?

- Porque decidiram que seria assim. Não inventaram uma terceira forma.

- Mas, mãe, quem decidiu?

- Ah... os homens acho eu.

- Não compreendo. E se forem mais meninas que meninos?

- Podem estar mil meninas e um menino... passa automaticamente a "eles".

- É injusto. É como se as meninas não existissem. Não concordo. (pausa para pensamento) Tenho uma ideia. Dizemos "éles" (abrindo o "e")...

- Como?

- Então, mãe! "É" de "élas". "les" de "eles".

- E porque não "êlas"? (fechando o "ê").

- oh, mãe?!!! as meninas vêem sempre primeiro!!!

(a baba inundou tudo.
Já disse à vizinha que me enviasse a conta dos electrodésticos avariados... porque a baba NÃO PÁRA!!!)
os meus cavalheiros estarão a tornar-se mesmo cavalheiros? haverá esperança na próxima geração?

Eu acredito que sim.

Tuesday 15 April 2008

Olhos Castanhos - 2

- Nasci numa casa com 9 irmãos… e mais alguns espalhados por aí.
- Espalhados, 'vó?
- Espalhados porque já não viviam comigo.
- Casaram?
- Não,… não sei. Foram-se embora. Fugiram à pobreza. Fugiram aos meus pais. Como eu fiz.
- Oh, 'vó! Que triste!

Olho-te. Os teus olhos são iguaizinhos aos de uma certa menina que eu fui.

- Não foi triste partir… foi triste ficar tanto tempo. – deitas a cabeça nos meus joelhos. És a primeira pessoa a quem eu conto isto.
- Não te esqueças do que te vou contar.
- E porquê, 'vó?
- Porque o esquecimento faz-nos repetir os erros. Se aprenderes com os meus, pode ser que não tenhas que sofrer tanto.

Baixaste os olhos. Aprende desde já, minha bisneta. Baixa os olhos sempre que quiseres esconder qualquer coisa. Baixa os olhos quando te zangares. Baixa os olhos quando engolires o orgulho, a raiva ou a inveja.

- Não consigo, 'vó. Não consigo aprender. Ainda ontem…

Pus-te os dedos nos lábios. Não quero que me contes. Não quero saber das vezes que esses meus olhos teus te provocaram castigos. E engoliste um suspiro.

- Porque saíste de casa? Não gostavas dos pais?
- Não gostava da miséria. Como te disse, éramos 9, mais os meus pais. Mas não tínhamos terra, nem animais, nem nada. Vivíamos de esmolas. O meu pai levava-nos para a beira da estrada pedir. Fiquei farta daquilo. Quando crescíamos, deixávamos de ter graça… já ninguém nos dava esmola. O remédio era roubar nas quintas ou servir. Fui para a beira da estrada e pedi que me levassem para Lisboa. Encontrei uma casa muito, muito bonita e pedi trabalho. E foi assim!

- Conta-me o resto, 'vó!

Beijo-te.

- Agora vamos dar de comer às meninas. Olha para elas…

As galinhas estavam displicentemente espalhadas pelo quintal. Quando 'Vó e bisneta se levantaram dos degrauzinhos que separava a casa do quintal as meninas souberam que era hora da paparoca.

'Vó e bisneta chamaram-nas e afagavam-nas enquanto despejavam a mistura nos comedouros.

Monday 14 April 2008

Olhos Castanhos


A casa, ou melhor, o casarão, era enorme.


A partir do portão grande e belo virou à direita procurando a entrada de serviço. Viu um senhor com uma grande cesta de verduras enconstado a um gradeamento. Esperou que a criada viesse atender.


- Oh, Ti Manel! Como está?

- Dona Quinita, como está Vossemecê? Aqui estão as couves para a Senhora.


Continuaram a falar alegremente enquanto ela esperava meio escondida. De repente viram-na.

- Que queres tu daqui? - disse com voz rude o Ti Manel.

- Chega-te cá, miuda. - disse Dona Quinita.


Muito, muito a medo ela aprouximou-se. Sabia que estava suja e de roupa rasgada. Tinha fome e frio. Tentou sorrir, mas o sorriso não saía.


- Senhora, será que tem algum trabalho que uma mulher possa fazer? Vossa Mercê pode confiar em mim. Sou de confiança.


Dizia isto enquanto se aproximava de cabeça baixa.

- Afasta-te, malcheirosa! - vociferou Ti Manel - Oh, Dona Quinita, não confie nestas andrajosas! Vê-se logo o que querem. Roubar, é o que lhe digo! Roubar!


Olhou-o tentando esconder a amargura.

-Veja só, Dona Quinita... como me mata com o olhar!

- Cale-se, homem! Não vê que a garota está assustada? O que sabes fazer? Sabes cozinhar?

- ... não. Sou forte. Posso carregar o que quiser. Posso limpar os penicos (risos dos outros dois)... posso fazer o que quiser!


- É mesmo tonta esta! E tu lá achas que nesta casa se usa penicos? Achas que isto é a barraca de onde vens?

- Não, senhor! Achei que era o chiqueiro onde o senhor morava! - arrependeu-se. Baixou os olhos. Levou uma estalada do homem que a fez cair.

-Ti Manel, por Deus! - disse aflita D. Quinita.

Levantou-a e olharam-se. D. Quinita disse baixinho:

- Não digas mais nada. Afasta-te e espera este nhurro ir-se embora. - mais alto - Vai-te embora! Não tenho trabalho para ti!

Afastou-se. Depois de muita conversa Ti Manel afastou-se. Esperou que D. Quinita a procurasse com o olhar.

- Chega-te cá! Tens o lábio a deitar sangue.

Levou-a para os fundos da casa. Deu-lhe um pano molhado para limpar a ferida.

- Tens cá uma língua, tu!

Ela levantou os olhos.

- E também olhos malvados! - riu-se - ainda te dão desgostos esses olhos. - Queres trabalho? Posso deixar-te limpar o fogão e os penicos... Aqui chamam-se bordalosas... E um aviso. Fecha-me essa boca e baixa-me esses olhos. Como te chamas?

- Maria José.

Apelo




Pedido de ajuda que recebi














Se puderem ajudar...





Ou pelo menos encaminhem...


Olá, amigos e amigas. Sou um gatinho albino, de pêlo branco e olhos vermelhos, com uma manchinha preta, engraçada na cabeça. Infelizmente tenho um quisto na barriga e por isso fui posto na rua, porque o meu dono não quis ter nem trabalho nem despesa a tratar-me. Estou todo sujo, como podes ver pelas fotos, à entrada de um prédio em Massamá onde algumas pessoas têm pena de mim e me têm dado comida, água e até uma mantinha para eu dormir mais quentinho. Mas o que eu gostava mesmo era que alguém me levasse para a sua casinha para tratar de mim e não se importasse que eu esteja doente ou que seja albino. Sou muito meiguinho, estou sempre a dar turrinhas e prometo que se alguém me adoptar, vou sempre portar-me bem para mostrar a minha gratidão. É que a vida na rua não é nada fácil e tenho medo que alguém me possa fazer mal.





Por favor, se me quiseres adoptar, contacta a Raquel para o seguinte mail:










Se não puderes, então por favor, reencaminha este mail a quem achares que me pode ajudar.





Obrigada e muitas turrinhas!





Gatinho

Friday 11 April 2008

It's Friday, Thank God

Tantas, tantas coisas que quero escrever!!!

First of all:

Caro condutor da carrinha La Cimbali:
As minhas sinceras desculpas pelo comportamento irresponsável que tive hoje. Foi sem querer... mas não devia ter acontecido.
Obrigada por não ter batido no meu já tão sofrido ExtraTerrestre

Depois:
Teoreticamente falando (gostas, S.??? hihihihi) o humor pode ser feito de várias maneiras.
Pelo quiproquo, pelo trocadilho, humor de situação, da palavra, contrarium sensu...
O quiproquo (as minhas desculpas porque já não me lembro se será assim a maneira correcta) é aquele humor que se baseia na confusão de personagens, ou mal entendidos. É muito utilizado nas comédias clássicas portuguesas. O fulano que se faz passar por outro e a confusão toda originada.
Trocadilho utiliza a palavra, jogos fonéticos, duplos sentidos
H de situação é o famoso palhaço. Charlot utilisou muito. Trapalhadas, quedas... a famosa tarte na cara.
H da palavra é a anedota por excelência.
Contrarium sensu é muito utilizado na revista portuguesa mas também no humor inglês. Desfazem (ou falam negativamente) da série ou peça em questão. "Já que isto não presta", percebido?
Fui clara?

(Só um pequeno relatório do que ainda me lembro das aulas de português... se houver incorrecções, fáxavôr de apontar!!!)

A anonimosidade (gosto desta palavra... existirá? don't know. don't care!) deste Lado está cada vez mais pequena. E será isso bom? Tornar-me-ei diferente agora que sei algumas das caras que me lêem?

Não sei. E nunca saberei. Só se se pudesse criar dois mundos paralelos. Um em que ninugém saberia quem sou e outro exactamente igual em que sim. Comparando os posts subsequentes...

Como não existem (ou caso existam ainda não comunicámos) continuarei a escrever.

Questão diferente é a pressão... como lidar com a pressão?

Os meus olhos (mudei de assunto, está bem?) Houve certas alturas que fui... digamos assim... penalizada pelos meus olhos.

(...) olhos castanhos, de encantos tamanhos são raios de luz (...) olhos bons com coração os teus castanhos leais (...)

Um adjectivo que este senhor não utillizou foi olhos castanhos "transparentes-vejo-tudo-nos-teus-olhos-mesmo-que-não-queiras-'tás-aqui-levas-uma-chapada-se-não-mudas-esse-olhar" mas também este adjectivo não é lá muito musical...

Eu que gostaria de ser enigmática, misteriosa, recatada... eu que até me calo (às vezes)... basta ......................................................................................... olhar!

Pior - parece que sou tão "transparente" que me dizem quando lêem que "é a tua cara"

É evidente que posso ver isso por outro prisma... que sou eu mesmo como sou em tudo o que sou faço olho escrevo digo penso... igual a mim mesma.
that's not bad, right?

Também engraçado é a percepção que os outros têem de mim.
Aquela que anda assim (não consigo desenhar o gesto mas é qualquer coisa como formiguinha tonta andando com passos pequenos rápidos e nervosos)

Este lado já se alongou. Vou acabar por agora.

Já aqui mencionei que não gostava de myself (past tense). Que ainda sofro de uma grande falta de confiança. Que ponho em causa tudo o que faço, como faço e porque faço. A imagem que tenho do que faço é, à priori, tão negativa que desconfio quando me elogiam. "não mereço" são as primeiras palavras que penso. Mas porque ainda sou nova (ai sou, sou!) tenho evoluído. Custa. Mas tenho evoluído.

Por fim, lembro agora mesmo uma definição de moi que alguém uma vez deu

És uma erva bravia. Não fazes ondas, não tens flores belas nem perfume fantástico, mas resistes... contra chuva, sol, vento, seca. Permaneces.

Bom fim de semana a todos!

Thursday 10 April 2008

A música

Como sabem (ou não) o meu querido carrito foi assaltado.

"Livrei-me" de um rádio (nem sei o valor comercial da coisa mas isso não interessa para nada). E agora? Como enfrento as filas?

Fui buscar um mp3 que já não utilisava há algum tempo, apenas para ouvir qualquer coisa.

Bem!!!!

É que nem imaginam!!!
Então não é que estava CHEIO de música da colecção "50 anos da música portuguesa"?

E não é que aqui a Verde se pôs a cantar desalmadamente?

Por isso, caro Leitor:

Se se assustou com uns uivos alucinantes, não era o vento – era Eu!
Se ia muito bem na fila e viu uma fulana sozinha no carro a gesticular furiosamente, não era um ataque esquizofrénico nem um exame de abelhas assassinas em pleno ataque – era Eu!

Ahm… em relação ao ataque esquizofrénico… talvez não estivessem errados!

Nada como umas boas canções que até nos assustamos por ainda nos lembrarmos da letra, dos solos instrumentais e dos "ooh" dos coros para animar a ida para o matadouro, desculpem, trabalho!

Experimentem.

Um bom dia para todos!

Tuesday 8 April 2008

Hoje!! Hoje!! Hoje!!

I'm blue

(This might be considered strange. The Green is blue? And the Blue? Will it ever be green?)

Ok, ok, não tem graça.

Mas também não me sinto com muita graça. A oficina prevê dificuldades no arranjo do #$%&$%. Não sabe se consegue fazer hoje. Não sabe se é barato... o mais certo é não ser.

E a Verde aqui está. Azul petróleo. Azul negro. A pensar quantos bilhetes de cinema, quantas refeições Mcdonaldescas ou quantas Telepizzas podia comprar com a batelada que me vai custar este arranjo.

No meio do petróleo sobressai uma palavra de sabedoria do senhor da oficina.

Farta, fartinha de ouvir
"pois. estavas a pedi-las. quem te manda deixar o rádio lá?"
(estas ditas com mais ou menos censura)
Ou verdadeiras frases de Razão Absoluta ditas à boca cheia. EU nunca deixo nada à vista. EU tenho sempre cuidado.

Como dizia, ao contar ao senhor da oficina disse logo de antemão. Eu sei, eu sei, estava a pedi-las. Quem me manda a mim deixar o rádio à vista?

- Nada disso, menina. Ninguém devia mexer. Mesmo que deixasse aberto. Era assim que devia ser.

Conforto de um Estranho. Compaixão de quem até tem a ganhar com estas "incidências". Compreensão do que deveria ser... ainda que nada seja.

(hihihihihih)
E depois o remate enquanto atravessávamos os dois uma Avenida da nossa cidade absolutamente caótica em hora de ponta (porque aqui a naba não conseguiu encontrar a oficina logo à primeira, porque tive que parar num sítio que EU não conseguia estacionar, porque tive que deixar o senhor da oficina estacionar), enquanto os carros paravam e nos deixavam passar

- Está a ver, está a ver? Quanto não vale andar ao lado de uma menina bonita. Até os carros param para me deixar passar.

The green is a little less blue and a little bit greener.

Have a nice day

Monday 7 April 2008

Lord F. - A chegada

A vida tinha sido boa. A mãe, Princessa White, tinha cuidado estremosamente dos 6 rebentos. Lady Luz, a Cuidadora, colocou um belo recanto nos aposentos de Lady White onde nasceram, abriram os olhos e deram os primeiros passos.

Neste dia em particular chegaram Lady Nocas e seus dois filhos: Cavaleiro Valentine Louro, o Sábio e Cavaleiro Nikoralai Moreno, o Intrépido. Sir Fiodor tinha partido numa demanda e só chegaria tarde desse dia.

Lady Nocas e seus Cavaleiros dirigiram-se à Mansão Wonderful Life onde os aguardavam Lady Ninikail e Lady Mizesky.

Após as saudações iniciais, e apesar dos Cavaleiros terem falhado redondamente nas regras de protocolo (situação que Lady Nocas esperou ter sido compreendida por tão respeitáveis Ladies, tendo em vista tão sublime e aguardado momento), dirigiram-se a Lady Luz.

Lady White observou cuidadosamente a família e decidiu dar-lhes a guarda de Lord Faramir, o Guerreiro.

- É o meu benjamim. Mas vejo que cuidarão bem dele!

- Pode ter a certeza, Lady! - respondeu o Cavaleiro Nikoralai.
- Fique descançada! - afirmou o Cavaleiro Valentine

Lady White e Lady Nocas olharam-se.
De mãe para mãe.

Lady White acenou com a cabeça.
- Pode ir buscar Lord Faramir aos aposentos dos infantes, Lady Luz.
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Os novos domínios de Lord Faramir pareciam enormes.

- Lady Nocas... isto é enorme!

- Verá, Lord Faramir... verá que brevemente dominará sobre todo este espaço. Verá que em breve se tornará pequeno.

O dia foi passado em plena brincadeira.

Lady Nocas, Cavaleiros e Lord Faramir percorreram os domínios do pequeno Lord, mostraram-lhe todos os recantos, montes, vales e aposentos.

Quando Sir Fiodor regressou da demanda ainda a brincadeira reinava.

Depois dos cumprimentos e vénias Lady Nocas declarou ser hora de dormir.

- Já vai longo o dia, cavalheiros. Retiremo-nos aos nossos aposentos.

Lord Faramir dirigiu-se aos portões.
- Gostava de regressar para ao pé de minha mãe, Lady White, por favor.

Ficaram todos tristes.
- Mas pensámos- começou Sir Fiodor - que Vossa mãe lhe tinha explicado. Estes são os vossos domínios agora, Lord Faramir. Foi-lhe destinado governar sobre esta humilde terra.

Lord Faramir olhou cada um individualmente. Suspirou. A mãe tinha de facto falado sobre isto. Que os humanos tinham a mania de tirar os gatos aos pais, enfiá-los num cesto estúpido e esperar que apenas servissem de bibelot... Disse também que havia outro tipo de humanos. Aqueles que gostam de gatos mas que os consideram tão individualistas e orgulhosos que não tentam sequer estabelecer contacto. A mãe tinha falado de um tipo raro de humanos. Aquele tipo que sabe o que os Gatos realmente são. Que não lhes dão nomes tipo Bichano, Mimi, Cacá e essas coisas. Que reconhece a grandiosidade de estirpe tão nobre.

- Minha mãe soube escolher, meus senhores. Sois gentis e simpáticos. Aceito ficar. Querida Lady Nocas, poderá levar-me até os meus aposentos para que descanse então?

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Olhem só

Apesar de Sábado ter sido o GRANDE DIA (fui buscar Lord F.), não é sobre ele que escrevo agora.

Na sexta-feira tive uma agradável surpresa ao sair das aulas e chegar perto do meu velhinho mas mui querido carrinho:

Alguém tinha feito o favor de me libertar do rádio e estragar a porta do meu Mazda

(não conseguem ver mas estou a ser irónica)

Pior, bem pior do que os danos materiais provocados é a sensação de terem entrado no MEU espaço... de terem mexido nas MINHAS coisas...

E talvez o mais hilariante de tudo terá sido o comentário tão português vindo de um querido funcionário da segurança

- Ainda bem que não lhe roubaram o carro...

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O fim de semana foi fantástico com tão nobre criatura nos meus humildes domínios... mas isso é outra história

Uma boa semana

Friday 4 April 2008

A marcha para a Liberdade

Um dia o pai deu-me um livro.
Correcção:
Tive uma infância de alta riqueza, porque todas as semanas o pai dava-me um livro. Algumas vezes de banda desenhada (Tio Patinhas, Mónica, Marvel... valia tudo)... outras vezes mais um exemplar da Condessa de Ségur... outras uma pérola que considerava que deveria ler... "A Cabana do Pai Tomás" foi um deles...
mas nesse dia entregou-me um livro com mãos macias, tesouro escondido...
O pai adorava fazer ar de solene de vez em quando... e era de facto SOLENE
- Hoje é o aniversário da morte de uma pessoa muito importante.
(não havia net... nem canais temáticos... não sabia de quem falava)
- Este livro li-o em Angola... guardei-o escondido durante muito tempo... agora é teu.
Como calculam tive medo de receber esse livro

A marcha para a Liberdade

Comecei a lê-lo nesse dia

E fiquei a conhecer Martin Luther King

Lembro-me que há tempos (não tive o cuidado - grrrr - de esperar por tão grande data) para entregar a preciosidade à CV

Há net... há canais temáticos... já sabia quem era

Mas recordo da emoção nos olhos ao contar-me a sua interpretação dos factos.
- É um verdadeiro herói - disse

Gostei.

A propósito, ou talvez não, ou talvez não... a reportagem na SIC Notícias sobre o "secondlife"
- E eu lá quero uma second life? - CV - gosto tanto da primeira!...

E tudo vale a pena


ps- it's friday!!!
Amanhã o Lord F. vai para casa!!! É que nem fazem ideia da excitação que vai lá por casa!!!!

Bom fim de semana!

E não é que me esqueci???































Já fez um aninho este Lado!!

Thursday 3 April 2008

Ver seres fantásticos


Descobri por acaso esta iniciativa!!!


Uma webcam foi instalada num ninho de grifos na zona do Tejo Internacional, na Beira Baixa.





ao vivo

fantástico!!!

Wednesday 2 April 2008

Encontrei-te

Já não sabia por onde andavas...

Usei-te durante um tempo para escrever os meus recantos, os meus "esqueletos" - aqueles que quero bem próximo de mim - as minhas angústias. E vi como eras.

Pensei em transcrever-te para aqui... mas, sabes que mais? Não penso que alguma vez o farei. Tu eras eu nessa altura. Eu era aquelas letras. Mas elas valem por estarem ali. Impuras e impensadas. Despejadas.

Gosto de te ler, mas por enquanto é só.