Mas como??? Como, pergunto-me eu, de boca totalmente escancarada em pleno trânsito enquanto ouço, sem acreditar, a notícia.
Depois fico surpreendida por me surpreender...
O governo de Myanmar impede Ajuda Internacional com desculpas e entraves legais, recusando a entrada de um avião do Qatar.
Demonstrará inocência, parvoíce ou ignorância da minha parte… ter ficado surpreendida?
Talvez! Muito provavelmente!
Recordo e parafraseio uma professora fantástica. É fantástico viver numa época em que se vê um interesse global, mundial, interveniente na prossecução de ideais democráticos; na consolidação, para alguns, e instauração, para muitos de sistemas de responsabilização democrática, igualdade de oportunidades, separação de poderes.
Parece ser fantástico reparar na evolução, antes de mais, de uma consciência para a democratização, para a protecção inequívoca de direitos, liberdades e garantias, para a consumação de que estes valores são intrínsecos, iniludíveis.
Poderemos concordar. Ou não.
Eu, optimista por definição e pessimista por experiência fico dividida. Fico baralhada. E, por isso, fico muitas vezes calada por aqui em relação a estes assuntos. Não porque não pense no assunto. Não porque não me importe. Mas porque me parece difícil encadear as ideias.
Por um lado tendo a concordar com a Professora. Parece ganhar substância de uma consciência global atenta às individualidades. Não precisa o mundo de ser um enorme hambúrguer ou almôndega, carne picada, para que tenhamos igualdade. Podemos ser iguais, diferentes, mas nunca, nunca mais iguais que os outros. Ponto assente… certo?
Por outro lado também parece fantástico a noção da diplomacia. Conversar, dialogar, expor, "reasoning" (falta-me a palavra.)
E por fim, a noção mundial de que a nossa liberdade não acaba onde começa a dos outros, no parâmetro de sermos todos responsáveis uns pelos outros, de que seremos atingidos na nossa humanidade sempre que alguém, e não apenas o "nosso" não frua em completo dos tão amados direitos, liberdades e garantias.
Por contraposição aparecem estas nódoas insistentes, perduráveis, horríveis e horripilantes de despotismo, tirania, desconsideração.
Quando alguém avoca o poder de recusar o mais básico dos direitos apenas porque sim… como conversar? Como dialogar? Este alguém não falará a mesma língua, esta aqui em cima referida, esta até aqui exposta neste post.
E se não falam a mesma língua, como comunicar?
Vem à memória a tutela privada. A capacidade de alguém exercer meios privados de garantia a um direito ofendido ou em risco de. Parece ser a legitimação ostentada na intervenção EUA/Iraque.
E a dúvida permanece.
Será Alguém, a nível internacional, habilitado a invocar essa tutela privada? As nações não deverão aparecer, neste nível, como personalidades munidas de igualdade de direito e perante o direito?
Questões à parte, teorias ao largo, coração apertado.
As mães de Myanmar são mães. Os filhos que lhes morrem nos braços são filhos. PONTO
E isto, porque SIM, chega para este meu post de hoje declarar incondicional e unilateralmente a discordância total da posição do "governo" da nação Myanmar (é propositado, ainda que ofensivo, as aspas e a inicial minúscula!)
Deixo o meu grito… o meu apelo de que não só a ajuda premente chegue mas também de que se concretize a…
Nação de Myanmar.
2 comments:
Minha Amiga, perfetiamente legítimo este teu grito, objecto de uma reflexão minha hoje também, lá pelo meu canto.
Felizmente um dos aviões foi entretanto autorizado a aterrar. Transporta essencialmente água potável, esse bem a que não damos qualquer importância por aqui, e que não pode ser facultado em voo de para-quedas (a hipótese primeiramente levantada para fazer chegar o que necessário se torna a esses humanos em sofrimento)
A achega para o facto de EUA / Iraque ser aceitável: há outros interesses, muitos interesses que mascaram a acção de solidariedade. Interesses que, infelizmente na Birmânia, não existem.
Beijinho para ti e bom fim-de-semana*
Ainda bem por esse "mínimo" tão insuficiente e necessário!
Obrigada e bm fim-de-semana :)
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