Monday 28 April 2008

Ditador...

E mais uma vez lá tivemos que falar, relembrar e explicar o que é o "25 de Abril"... desta vez à Cria Mais Nova.

É, aparentemente, desinteressada, ou direi antes, pouco interessada em questões assim "abstractas". Não leu, como a Cria Mais Velha, os apontamentos dos livros escolares sobre "esse dia"... não se interessa por "História" depois dos Reis. Ainda assim há uns quantos apontamentos divertidos nesta sua descoberta. Aspectos que só podiam vir desta Cria criada em liberdade, democracia (da porta para fora - claro está - que cá dentro quem manda são os pais...) e tudo o resto, bem como uma ideia romântica do tempo dos reis, com o seu sentido de honra, justiça, "a força da palavra", etc.

Estava a Verde a explicar os antecedentes quando menciono a palavra ditador.
- Sabes o que é um ditador? - quando lhe via uns olhos inquisidores
- Claro. São aqueles que fazem ditados...
(...)

Lá lhe explico o que é. É impossível, para já, esta cria perceber o que é viver num país sem poder de falar ou pensar ou expressar o que se pensa.
- Mas e as pessoas não liam jornais?
- Os jornais e as notícias eram controladas.
- Mas e os estrangeiros? Como as vezes fazem... vão ver as notícias aos canais estrangeiros...
- Não havia canais estrangeiros.
- E os livros?
- Só os permitidos.
(olhos esbugalhados)

Vem a palavra Ultramar
- O que é, mãe?
Independência, autonomia, autodeterminação... lá tentamos explicar o contexto para a guerra além mar
- Desculpa lá, mãe! Mas quando Afonso Henriques chegou aqui (com os braços "abraça" Portugal) esta terra não era dele! E ele lutou porque queria que isto fosse o Portugal (com bastante ênfase no "o"). Também quisemos o nosso país. Será que esse senhor não sabia história?
(...)

A história dos cravos nas espingardas é sempre deliciosa para uma criança... e esta não foi excepção.
- Cravos, mãe. Não balas? Nem de borracha?

- E saíram todos para a rua? à frente dos tanques? e se corresse mal? E andaste ao colo dos militares? E se um te roubasse?

(apenas uma pequena parte das imensas perguntas)

- Hoje somos livres, mãe. Livres para acharmos o que está mal. Para fazer melhor...

(...)

- Mãe?


- Porque não fazemos melhor?

1 comment:

Unknown said...

hilariante, como sempre...

beijos