Um dia, não sei bem onde, nem como, nem porquê, li, ou ouvi, ou soube, ou nem sei bem (!) que o grande segredo da vida estava em fazer de todos os dias um dia único.
Quando inquirido como isso seria possível, veio a pérola de sabedoria
Fazer alguma coisa única, por mais pequena que fosse, ou alguma coisa diferente ou isso.
Devia ter não mais que 9, 10 anos, pois lembro-me que fiz uma entrada no meu diário desse dia.
A demanda mostrou-se mais fácil do que me parecia e bem mais divertida do que esperava.
Pois eram os anos 80. A televisão não tinha emissão de 23 horas e tínhamos apenas dois canais. A liberdade de que gozei foi até talvez maior se tivesse nascido no campo. (acreditem!)
As horas passavam muito lentamente e eram deliciosas.
Para aquela criança eram estas pequenas "raridades" que tornavam únicos os meus dias
- comer só com o lado direito da boca
- virar a fronha da almofada do avesso
- entrar na casa de banho a andar para trás
- comer com o prato ao contrário (mas a mãe não achou piada, por que seria?)
- ir ao pão de olhos fechados (pois, pois, DANGEROUS... mas fui)
- trazer a cerveja com o gargalo para baixo (o pai não achou piada... por que seria?)
...
Grande parte da manhã se passava neste lento descortinar da raridade do dia
E de repente já a mãe dizia que o Setembro estava a acabar e as aulas voltavam
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