Monday 16 July 2007

Não fui

Um dia chegaste ao pé de mim e afirmaste, com a segurança com que sempre usavas, com a certeza das palavras nem sempre bem medidas, com o coração, sempre e cada vez mais à frente da boca:
- Vou ser bailarina!
Olhei para ti como da primeira vez... temi perder-te tantas vezes. Adormeci-te nos meus braços em todas as noites com se fosse a última. Porque sabia que não iria estar contigo. Sabia, sabia, sabia.
E se tantas vezes me fez chorar por ti, contigo e por causa de ti, deu-me o prazer de apreciar cada sorriso (e foram tantos), cada abraço (e tão abraçadora que és), cada tudo.
Foste inteligente desde o primeiro dia.
- Não sei se poderá sobreviver.
Mas aqui estás.
E com estas três palavras destruiste o império que criei para ti.
E discutimos.
E não fui ver-te dançar.
E não fui sentir a tua alegria.

Sabes que te conheço como a mim mesma.
Disse-te aquilo porque sabia que podias aguentar. Porque não irias gostar, porque irias provocar, forçar, obrigar-me-ías a provar que era o que eu queria.
Não disse nada à mãe.
Não digo nada à mãe.
Estou aqui a discutir contigo, a gritar que não mandas em mim, que não sabes o que é melhor para mim, que do alto dos meus 12 anos sei melhor que tu.
E vejo o teu orgulho.
É isso que queres? Que as minhas decisões sejam tomadas à prova de bala? Que aceite as consequências. TODAS?

2 comments:

CPrice said...

tempo para uma pausa minha amiga .. aproveita-a .. e quanto às consequências .. haja-as .. sinal que optamos, que escolhemos, que o podemos fazer ..

beijo *

nocas verde said...

as pausas não são quando uma mulher quer hihihih
muito menos quando a mente quer (e esta nunca quer)
Escrever foi sempre uma libertação...
e não é que esta coisa se torna quase um vício?
E com um pc aqui ao lado...
obrigada e beijos