Wednesday 30 September 2009

Tirei a carta em Dezembro de 2003. Não é assim há tanto tempo. Se considerarmos que fui, durante algum tempo, parte da famosa equipa dos "condutores de fim-de-semana", e sendo coerente com um dos meus mais defendidos cartões vermelhos, talvez nem tivesse a carta definitiva... Direi apenas em minha defesa que há quase três anos que passei daquela para a equipa dos que trazem o carro todos os dias, enfrentando a ponte e o trânsito da capital.
adiante
Há aqueles pequenos "truques" que vamos apanhando, uns mais fidedignos que outros, como o condutor do camião enorme que faz o pisca indicando-nos se podemos ou não ultrapassá-lo, os quatro piscas em sinal de agradecimento, os mesmos em sinal de aviso de emergência os sinais de luzes que nos dão passagem, sei lá.
Lembro-me de uma vez, em viagem, que o pai indicou a marcha de emergência pedindo-me que acenasse um lenço branco fora da janela para que pudéssemos chegar mais rápido ao hospital. Não fosse o susto que apanhei com a saúde materna e teria de facto achado graça ao ver os carros (parados naquelas recorrentes filas de Verão) desviarem-se para nos dar passagem.

Hoje, estava eu muito sossegadita no meu lugar da fila, esperando a minha vez para entrar em obediência à lei não escrita do entras-tu-entro-eu quando, chegando finalmente a minha, apercebo-me que o carro ao meu lado tinha uma maõzinha de fora, unhas muito arranjadinhas, dedos finos, pele cuidada, anel de brilhantes, sem aliança... (ok, ok. estes últimos detalhes eu não reparei) segurando o que me pareceu um lenço... branco. Dei-lhe passagem, claro e fiz sinal de luzes ao carro à minha frente que prontamente se desviou dando-lhe passagem também mas é aqui que a história fica estranha. A senhora ficou sossegada no seu lugar da fila. Seu, seu, não. O lugar era meu mas enfim. Não avançou (como pensei eu e seguramente o carro à minha frente) para a via de marcha de emergência existente à nossa direita. Vi depois que em todos as confluências ela surripiou um lugar mostrando o belo lenço branco. Atenção! Apenas um. Do lugar onde fiquei tinha vista privilegiada. Ela mostrava o lenço para apenas passar UM lugar. Não dois nem três. apenas UM.

Que emergência teria a senhora? Que quereria significar aquilo?
O problema destas indicações não escritas é que só funcionam enquanto são correctamente utilizadas. Será que da próxima vez que eu vir um lencinho branco a acenar pensarei que é mais uma que quer passar UM lugar na fila ou continuarei a pensar que é emergência e "parvamente" lhe cederei o meu lugar?

São apenas coisas parvas que me vão acontecendo... sei lá.
Entre as aulas que começam, as Crias que crescem assustadoramente depressa, os gatos que ficam doentes e o trânsito que fica cada vez pior - já para não falar das escutas, das inventonas, das histórias de crise que vamos sabendo, uma insignificância destas pode simplesmente desanuviar o clima. Ou então não.

Um bom dia para todos!

2 comments:

drengo said...

Um bom dia para si e para os seus.
Quanto às leis não escritas, não ligue. Hoje tive de declinar uma oferta de uma Senhora que parou o seu carro mesmo com semáforo verde para ela, para me deixar passar na passadeira (estando com o sinal vermelho para mim).

Tive de declinar por uma questão prática: os condutores na outra faixa não iram travar a tempo, e eu saberia como se sentiu Gordon Cooper (memórias do imaginário da Mafalda...) quando entrou em órbita.

Depois da Senhora prosseguir o seu caminho, e de eu lhe ter poupado buzinadelas de condutores que a seguiam, dei conta que fiz algo imperdoável: ao acenar-lhe para lhe indicar que era a ela que cabia avançar, faltou-me o sorriso para lhe dar. Isso é que é verdadeiramente imperdoável.

Não é uma donzela de lenço branco que lhe deve amargar o dia, mas sim a certeza que há muitos condutores e condutoras que seguem não apenas o Código da Estrada como também alguns bons Códigos não Escritos. ...ou puramente não ligam a códigos, e tentam agir com delicadeza quando a tal não são obrigados.

Na próxima vez, se vir essa senhora com o lenço...
1º - agradeça;
2º - pegue no lenço;
3º - assoe-se ruidosamente;
4º - sorria e devolva o lenço.

...se a fila estiver muito compacta e não der para avançar, pode sempre aproveitar para sair do seu carro e limpar o pára-brisas da outra senhora com o lenço. Não aceite menos de 50 cêntimos pelo serviço.

;)

nocas verde said...

Dear Sire,
Vou, com toda a certeza, seguir o seu conselho :)
Também me acontecem "coisas dessas". Uma vez deram-me passagem numa rotunda (o outro já lá dentro)... mas a esse não consegui evitar as buzinadelas.

Um óptimo (com o p sonoro) dia para Si e para os Seus! :)