Desde meados de Junho que não vivia. Sobrevivia ou andava de dia em dia, de hora em hora. (Não) gerindo a dor como podia, fechada pela dor e, principalmente, para não mostrar a dor. A raiva que sentia levava-me (loucamente) a considerar que a dor era SÓ minha, não a partilhando com mais ninguém. Resisti como pude e debalde a não assumir o papel de mãe da mãe, papel que não merecia, não queira, não podia…
Tinha 15 anos e obriguei-me a viver e viver.
Tinha 15 anos e o Verão aproximou-se normal, provavelmente lindo.
Trabalho de Verão como sempre, mas este ano mais a sério, porque era a adulta da casa. Olhando para trás parece quase parece ofensivo aquilo que fiz, mas compreensível… sei lá. Digo isto porque forcei-me a uma vida que sabia que ele quereria para mim., companheiros que éramos, confidentes que sempre fomos. Namoradeira como ele gostava, mas vivendo em falsidade, porque nunca me dei nem superficialmente aos “namorados” que fui tendo. Utilizei-os como uma droga, magoando inevitavelmente algumas alminhas pelo caminho.
Este preâmbulo para dizer que a 12 de Agosto de 1989 conheci um rapaz simpático, charmoso e brincalhão. Apresentou-se como Luís. Trocámos umas palavritas de ocasião mas vi-lhe nos olhos que ficou encantado por mim. Achei-lhe piada. Namorava com um amigo dele, razão porque não lhe dei grande bola.
O outro, o amigo, era parvo. Digo-o com toda a sinceridade que o anonimato me permite. Ele não sabe quem eu sou, eu não sei dele agora. Acredito até que seja um homem decente, trabalhador, respeitável… mas na altura era parvo! “armado em bom” era a expressão que usávamos e já estava um pouco farta duns ciúmes que me tentava provocar e da raiva que sentia quando não lhe correspondia.
Eu explico:
Banheiro, giro, musculado. Miúdas à volta e olhares significativos na minha direcção.
- Se quiseres é só acabarmos, respondia-lhe eu. Não te devo nada e tu não me deves nada. Namoras porque queres.
- Mas eu gosto de ti, dizia atrapalhado. Não tens ciúmes?
- Tenho ciúmes de quem gosto. Eu curto contigo, não gosto de ti. Queres acabar?
Um dos dias em que o Luís apareceu convidou-me para ir ao banho. Enquanto atravessávamos o areal, eu, a D., minha grande amiga da altura, o Luís e o Bola vi alguma coisa esquisita no comportamento dele. Sabia (porque sabemos sempre!) que ele gostava de mim e que estava interessado em mim. Sentia nos seus beijos de “olá” pouca inocência nas intenções mas ali estávamos quatro pessoas… reforço pessoas a divertirem-se na água. Talvez não consiga explicar bem este sentimento mas o F. (já sabem que é ele, não?) era – e é – assim. Eu era uma pessoa para ele, sem machismo, sem “coisas do Y”.
Queria namorar com ele. Mas namorava com o Banheiro. Dei a entender a um amigo comum que queria acabar com ele para que ele se antecipasse. É verdade, meus caros. Deixei que o Banheiro terminasse comigo, pela honra do “Y”.
A 16 de Agosto de 1998 cumprimentei o F. (agora já sabia o nome verdadeiro) com um beijo pouco inocente e disse-lhe, sem mais, que queria namorar. Namoro de Verão, combinámos nós. Com o regresso das aulas, do trabalho e alguma distância geográfica não restaria grande tempo nem pachorra para continuar.
Termos acordados, Verão louco. Frase favorita
“Será eterno enquanto durar” – retirada de uma música brasileira qualquer que ouvimos algures.
Quando Setembro chegou falámos em “deixar andar as coisas” até o Verão acabar na nossa pele.
Os dias tornaram-se meses
Os meses tornaram-se anos
E um dia decidimos que bastava de namoro
(…)
e casámos (mas deixo essa história para 25 de Setembro)
O F. cantava uma música que expressava brilhantemente aquilo que fomos sentindo crescer.
When I fall in love,
It will be forever
Or I'll never fall in love
In a restless world like this is,
Love is ended before it's begun
And too many moonlight kisses
Seem to cool in the warmth of the sun
When I give my heart,
It will be completely
Or I'll never give my heart
And the moment I can feel that
You feel that way, too,
Is when I fall in love with you.
4 comments:
Há datas que ficam, Nocas. E namoros de Verão que pegam. Ainda bem que esse pegou e teve um final feliz. Devo reservar os parabéns para 25 de Setembro? :-)
Luísa, obrigada.
Recordando agora... um mês que me foi tão difícil nesse ano é recordado agora com tantas boa razões (ele é CN que faz anos, eu e o F. com dezanove - glup - anos de "namorar") Reserve os parabéns para Setembro sim, Luísa.
Ah!
E em relação ao final feliz... e como dizíamos nós nesse longuínquo ano de '89 ainda é eterno... enquanto dura, lol, não é um final feliz, não ... LOL
Parabéns, enquanto durar..
:-)
Fugidia,
:)
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