Delfins
Composição: Indisponível
Há sempre um piano
um piano selvagem
que nos gela o coração
e nos trás a imagem
daquele inverno
naquele inferno
Há sempre a lembrança
de um olhar a sangrar
de um soldado perdido
em terras do Ultramar
por obrigação
aquela missão
Combater a selva
sem saber porquê
e sentir o inferno
a matar alguém
e quem regressou
guarda sensação
que lutou numa guerra
sem razão
Há sempre a palavra
a palavra "nação"
os chefes trazem e usam
pra esconder a razão
da sua vontade
aquela verdade
E para eles aquele inverno
será sempre o mesmo inferno
que ninguém poderá esquecer
ter que matar ou morrer
ao sabor do vento
naquele tormento
Perguntei ao céu:
será sempre assim?
poderá o inverno
nunca ter um fim?
não sei responder
só talvez lembrar
o que alguém que voltou
veio contar... recordar... recordar...
É sempre agradável descobrir boas e agradáveis surpresas na "net" (=como as crias dizem; que eu que vi o filme Wargames e fiquei impressionada com o que os computadores "já" faziam, e que pensava - talvez os meus filhos tenham uma coisa assim - digo Internet). O blog Once in a While é muito agradável (to say the least) e tornou-se consulta obrigatória.
Originada, ou provocada pelo seu post de hoje, quis (trans)escrever sobre o que a minha cria dizia sobre o tão famoso feriado de amanhã, ao ouvir a música acima.
E eu que nem gosto do grupo...
- Sobre que guerra se fala? Ultramar!... independência das colónias
- Já foi há muito tempo, não? Nem tanto. O avô entrou nela...
- Mas o avô era tão livre-pensador!!! (ok, aqui tenho que parar. É verdade que o tratei, nas muitas histórias que lhes vou contando sobre o avô, como livre-pensador... não só porque o era na realidade, mas também porque, ao querer evitar simbologias erradas de cores politicas ou chavões hippies foi um palavrão que a cria assimilou imediatamente e quase por instinto o seu significado, ficando o cognome, adjectivo, quase nome própio do avô) Mas todos eram obrigados a ir... daí a letra da música
por obrigação
(...)
(...)
Combater a selva
sem saber porquê
sem saber porquê
- O 25 de Abril acabou com isso tudo! (silêncio)
- Como foi a guerra para o avô? O avô contava-te muitas histórias?
(...)
E comecei... foi sempre conversa recorrente... Recontei (algumas d)as histórias que fui ouvindo, poupando alguns pormenores, (o liberalismo passava também por não limpar nem adocicar a verdade...) e revivi todas as tardes mágicas que passámos.
O pai e eu, na pesca, ali em Belém... o pai e eu no sofá, no quintal e as histórias a correrem... e tantas lágrimas que caíam daqueles olhos, sempre iguais, nunca mais leves... também ouvia histórias engraçadas, como a razão da paixão desmesurada da sopa de nabiças (primeira comida depois de um determinado cerco) e a beleza da paisagem, os animais ultra exóticos para um jovem pobre lisboeta...
e parei subitamente porque as lágrimas vieram outra vez
e paro agora porque s lágrimas vieram outra vez
porque te foste tão cedo?...
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