Friday, 27 November 2009


O ecrã devolve-me a tela branca.

Tantos textos, tantas ideias, tanto que quero dizer e muito mais que não quero.
Porquê, pergunto-me.

Não me consigo decidir. Não consigo articular as ideias.

O Natal aproxima-se. Com ele chegam sentimentos, saudades, vontades de balanços ou desejos de os evitar.

O sol começa a despontar apesar das ameaças de chuva.

Lá em casa temos a CN em recuperação, a CV com testes e trabalhos de grupo, a nocas verde também com testes, o F desesperado por descanso, os Lords… bem esses, estão e recomendam-se.

Assim sendo, e continuando neste tom desconcertantemente inócuo, desejo a quem por aqui passa um óptimo fim-de-semana.

Pelos meus lados tentaremos começar a preparar o Natal. Pequenino em tamanho, curto em distância percorrida, enorme em afecto.

Thursday, 26 November 2009

O Natal na minha terra

(pego, descaradamente, no título de um concurso que por aqui se vai fazendo)

Sou de Lisboa.
Os meus pais são de Lisboa, os meus avós são de Lisboa, alguns dos meus bisavôs são de Lisboa.
Não tenho terra, portanto.
Não no sentido que fui ouvindo os meus colegas. "Vou passar o Natal à terra".

Passei o Natal, o carnaval e todos os dias na “minha terra”. As férias eram passadas na terra de outros, não na minha.

Cresci num bairro lisboeta. Daqueles criados para os trabalhadores das fábricas implantadas ali perto. Reuniram-se ali três gerações o que provocou, a certa altura, serem quase todos primos. Nascia-se ali, namorava-se por ali, casava-se ali. Quase um clã enorme.

As ruas eram pequenas com casas pequenas de cada lado, cortadas por avenidas centrais.

Tínhamos a D. Zaida que vendia coisinhas de supermercado em casa. A D. Berta que fazia os arranjos de costura. A D. Lálá que vendia gelados no Verão e pirolitos no Inverno. O Sr. Romão que era canalizador, o meu pai que arranjava todos os electrodomésticos e outros tantos que conhecíamos pelos nomes que faziam pequenos serviços. A dada altura poderíamos ter sido quase auto-suficientes e não eram raras as vezes que sabíamos sempre que alguém estranho entrava no “bairro”.

O Natal?
As ruas eram enfeitadas. Pais, filhos e filhas deslocavam-se à serra ali perto para apanhar pinhas e musgo. As primeiras eram assadas em fogueiras no meio das ruas pequeninas sem carros, o musgo colocado nos presépios.

Havia umas famílias que iam comprar "rebuçados" a Espanha e que vinham recheados de brinquedos que não existiam cá em Portugal. Nunca soube muito bem como se processava aquilo, era mágico. As mães encontravam-se em lanches proibidos a crianças e depois apareceriam as prendas nas árvores.

O bairro inteiro começava a cheirar a Natal. Nas ruas “grandes”, como lhe chamávamos, apareciam carros com matrículas estrangeiras; os familiares de França, Luxemburgo, Inglaterra que chegavam.

As mães e avós começavam a cozinhar afincadamente. Era chamada a D. Maria, mulher enérgica, para esticar a massa. As mães competiam pelos melhores molotov’s, os melhores sonhos.

No dia de Natal as crianças vinham todas para a rua mostrar o que tinham recebido.
Era difícil decidir onde seriam passados a noite e o almoço de Natal. Não era estranho na noite de Natal haver famílias a deslocarem-se de casa em casa – o equivalente “bairrista” de ir “à terra” – e, também, no almoço. Perguntei-me sempre porque não faziam um ano em cada casa, mas as mulheres não prescindiam de mostrar a beleza das suas decorações, das suas mesas.

Havia, claro, famílias Capuleto e Montéquio. Eu que o diga, nascida de um amor entre uma Julieta e um Romeu com melhor fim. O Natal era mais estranho nestes casos. O bairro era tacitamente dividido em zonas não se cruzando nas peregrinações natalícias. Era perigoso. Houve “natais” estragados.

As férias de natal eram passadas na rua. Não havia frio ou gelo que resistisse às correrias, às apanhadas, aos jogos de futebol, às competições de berlindes, ao elástico. As avós e mães promoviam lanches de bonecas.

O Natal era desprovido de religião neste meu bairro. No entanto, ou apesar disso, anos houve em que as prendas em minha casa eram menores para poder dar também aos filhos dos que não tinham trabalho. Nesses anos eram os amigos que dividiam connosco a ceia, não os familiares. Amigos de criação, era como se chamavam. Sem questões, sem empréstimos. Só amizade.

O natal na minha terra era assim. Um Natal sem terra, no coração de Lisboa. Sem neve, sem igrejas pequeninas, sem viagens longas.
Um Natal na cidade

Tuesday, 24 November 2009

2007 - babaalert

Poema dos povos antigos

Os romanos eram loucos
E os gregos muito espertos
Os lusitanos valentes
Já sem contar com os iberos

Os celtas eram linguistas
Extremamente pacientes
Tantos povos cá passaram
Que até ficamos doentes

Estiveram cá visigodos
Que eram altos e louros
Até que chegaram os mouros

Passaram ainda os alanos
Mas quem mais marcas deixou
Foi a tribo dos romanos

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feito pela CV em 2007

Thursday, 19 November 2009

peço-vos um exercício mental

imaginem que vão ver um espectáculo, um qualquer que não desporto e muito menos futebol, ok?
uma ópera, uma peça de teatro, um bailado, uma performance “andsoión”.
imaginem que pagam o vosso bilhete, que se sentam no vosso lugar sossegadinho e imaginem que não têm ninguém de chapéu ou peruca grande à vossa frente. é difícil, eu sei, mas imaginem ainda que ninguém tosse naquele interlúdio em que as luzem baixam e as cortinas começam a abrir.

o espectáculo começa e vêem, com pasmo, que a “coisa” não está a correr bem. Os actores esquecem-se das deixas, os cantores desafinam, os bailarinos caiem.
Imaginem que de repente o mist… digo, director, vem a palco e informa-vos das “vicissitudes”.

que não tiveram tempo suficiente para ensaiar, que algumas figuras essenciais estão lesion… digo, magoadas ou doentes; que o palco é torto, que o electricista é manco… o mais certo é zangarem-se ligeiramente, não?
mas então, imaginem que NÃO são como eu, que são pacientes e aceitam a oferta do director, recebem outro bilhete para outro espectáculo, num outro dia.
até aqui apanharam?

o grande dia chega
(o adjectivo grande é irónico)

o espectáculo lá se desenrola na normalidade (bem acentuado o adjectivo normal).
nem assim-assim nem brilhantismo, nem nenhuma falha de maior.
passa-se um bom bocado mas fica assim a faltar qualquer coisa… um pedido de desculpa ia bem, dizemos nós. ou então um bocadinho mais de entusiasmo, um bocadinho mais de entrega.

queremos mais, queremos mais, queremos mais, diria, se se tratasse de outra coisa.
mas, digo eu que sou do contra, poderemos exigir mais? afinal eles fizeram o possível, tentaram e cumpriram com o que estava no bilhete. não estaria impresso, com toda a certeza, que iríamos assistir ao fantástico espectáculo de qualquer-coisa. no bilhete não.
mas aquele sensação de amargo na boca, de uma entrega compensatória, de “sangue”, essa fica e permanece.
(...)
para quem ainda não percebeu parece que ontem Portugal ganhou à Bósnia e que, assim, continuou a caminhada gloriosa para o Mundial
(o adjectivo gloriosa também é ironia… da pura e dura)

assim sendo fiquemo-nos por estas glórias que conseguimos (este pronome pessoal parece irónico, não parece? e parece muito bem, sim senhor!) porque o director do espectáculo, digo, o mister, é muito do bom… pelos menos a julgar pelas palavras que ilustres senhores fulanos disseram sobre esta vitória ter “calado as bocas dos detractores do xenhorprofesso”.

tudo bem visto, é evidente que eu – ferverosa amante de futebol – vou seguir e torcer por Portugal. Até porque a Selecção, por aquilo que valer para quem gosta de futebol é maior e melhor que o somatório dos vários fulanos que por lá passarem.
o arrepio na espinha quando “A Portuguesa” tocar vai existir.
só espero que não volte a acontecer um jogo destes enquanto decido quem matou quem, como e porquê (ah, pois é… teste de penal com “goooolo” ao fundo. simpático, não acham?)
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and now, for something completely different

BABALERT

ele haverá coisa melhor que ver a nossa CV tocar uma linda e melodiosa peça, sentado num fantástico jardim, de olhos fechados para sentir a música?



melhor não












mas ver a nossa CN equipado com o novíssimo equipamento do clube, mostrar-me as costas com o número da camisola e nome impressos enquanto faz toques fantásticos na bola é perfeitamente equivalente…




















pelo menos para mim, mãe babada de um estudioso da bola e um estudioso da música

sou boa parideira, disseram-me na maternidade (é evidente que não foi quem me disse isso que passou lá vinte e três horasde perna aberta , mas enfim).
mas sou melhor torcedora, fã, entusiasta

os vizinhos que se cuidem porque eu quero ouvir os meus filhos tocarem na guitarra e na bola todos os dias




Tuesday, 17 November 2009

Each flower that touches our life is fragile. Dance with it gently, gently, being thankful for the gift of it.'

Native American Wisdom

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retirei deste blog


Uma óptima semana!

Friday, 13 November 2009

Bom fim de semana


mas que vida!!!
Juro que vou tentar que o meu também seja assim...
na lanzeira

Ali ao lado

mais um lado solto

espero que gostem :)

óptimo fim-de-semana


Elas são três… o mundo é só um
(...)
Vi-as pela primeira vez na loja do rés-do-chão.
Vi-as por defeito de profissão. Sou cabeleireira. Olho para as mulheres e para os seus cabelos como se fossem um só, fazendo logo juízos, decidindo mentalmente o que faria, elogiando ou gritando silenciosamente o terrível trabalho das eventuais colegas.
(...)
Se cabeleireira não fosse não repararia nelas. Aliás, devo confessar que as reconheci depois pelo cabelo e não pelas suas faces.
(...)

Thursday, 12 November 2009

Até para ser gato...


deitados, lindos, belos, meigos... a Vet diz que parecem irmãos... a maneira como se dão.

dormem juntos e atrapalham a Lady N nas suas andanças matinais

acordam-me juntos com miados carinhosos e cumprimentos felinos

e mostram-me esta cara se me quero deitar na minha cama! Minha, ouviram?

um calmo - Lord Faramir - imponente, senhorial

outro traquinas - Lord Legolas Zézinho - brincalhão, desastrado

eles - diferentes, my God, tããão diferentes - dão-se bem.

podemos aprender com eles?

(ok, dispenso as cheiradelas mútuas... quem tem gatos sabes a que me refiro)

um bom dia para todos!

Wednesday, 11 November 2009

Happy birthday, Mr.F.

o Macho Mor lá de casa faz anos hoje.
que dizer dele?
fico com as palavras turvas e os sentimentos engasgados. quer pelo amiguismo quer pelo amor falar imparcialmente dele é difícil, muito difícil.

amigo do seu amigo
calmo
apaixonado
pai fantástico
(...)

não chegam, F, para te descrever.
mas fica com a minha humilde homenagem ao rapaz que conheci, ao adulto com quem casei, ao homem que amo...

Parabéns, my love

Tuesday, 10 November 2009

é muito ou's é

Somos apanhados de surpresa.
pensamos que conhecemos alguém, pensamos que sim. Já não somos miúdos, dizemos. Já não nos enganamos. Mas sim

(ajeitamento que devia ter sido posto lá em cima antes deste despejar de baboseiras começar: não, não é recado para ninguém. Não, não estou a pensar em ninguém mesmo nem me aconteceu nada. Vi acontecer, confesso. Não agora, não comigo)

pensamos que cuidamos que fazemos bem e de repente vemo-nos sozinhos.
às vezes os ciúmes fazem bem. vão por mim que não os tenho.
às vezes reclamar companhia, exigir amizade, pedinchar atenção faz bem. se não, sabem o que pode acontecer? ou nos tomam por frias, elitistas, ou por tão fortes que nunca precisamos de ninguém, ou esquecem-se de nós ou, pior, usurpam o nosso lugar
é muitos ou’s, é; mas todos maus.
e fico-me assim.
gosto deste despejar sem nenhum sentido, sem obrigação sem rotina.
se pensarem que não nos importamos que nos pisem, que se esqueçam de nós, que podem vir sempre que quiserem, sabem o que acontece?
não vêem. nunca
se pensarem que estamos a ser muito giras e modernas porque deixamos o “pássaro voar”, sabem o que acontece?
o pássaro voa
e não volta

Thursday, 5 November 2009

então aqui vai...



surge da conversa comigo em plena ponte, surge do que possam pensar aqueles que procuram fotos da miss checa (enjoativo, não é?...)

este blog é o meu ponto de desabafo. é a minha catarse, é o meu refúgio.

desabafo porque gosto de escrever, gosto de ler, gosto de inventar, porque gosto de ir recebendo os (apesar de) poucos comentários.



catarse porque aqui, ainda que sem nunca identificar de quem falo (e não será nunca a minha intenção) vou falando do que acontece, das histórias que vão povoando a minha cabeça, porque o esforço ou exercício de aqui colocar, com sentido, obriga-me a racionalizar, encadear. o resultado final é um grito mudo… mas grito.



refúgio porque me sinto confortável por aqui… umas vezes lendo apenas os outros, outras comentando…



sabem que mais?
gosto da minha vida. gosto deste canto. gosto do que fui fazendo por aqui e do que farei.

gosto gosto.

por isso dou este prémio a mim mesma.



blog felino de gritos aquáticos




e peço – não nomeio – a quem se identifique com esta posição assustadora e felina, ainda que momentaneamente subaquática o coloque no seu canto, se quiser…



debaixo de água mas ainda feroz


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Claro que não podia ficar em branco...

hoje é dia nacional da esclerose múltipla

visitem, informem-se

a ti, minha querida reitero os parabéns que te dei e que te dou


recebe a minha tulipa!
(adenda do tipo "perdeste uma óptima oportunidade para continuares silenciosa como estavas porque em blog "fechado" não entra mosca nem"...)
o dia nacional da escleroso múltipla é 4 de Dezembro... e não Novembro
mas fica a tulipa para ti hoje, amanhã e todos os dias...

Wednesday, 4 November 2009

de repente...


De repente lembro-me dele. Não, não é bem de repente. E não, não é bem dele.

Deste lado tão abandonado, tão maltratado, deixo-me vaguear. Já não escrevo por aqui há tanto tempo que não sendo pelos meus amiguismos o site meter estaria a zero. Tenho aqueles que me visitam e depois enviam mensagem para o telemóvel, ou comentam “em casa” o que acharam sobre os textos. Fico revoltada (exagero) e grito-lhes indiscriminadamente para “virem cá”, “comentem!” … só para ver se este post é destronado do invicto número um. Bem vistas as coisas, volto a mencioná-lo e referenciá-lo, o que não deve abonar muito para esta minha vontade de o destronar.

adiante…
deve ser do tempo (o que há falta de melhor inspiração imputo-lhe a razão principal deste meu silêncio). só pode ser do tempo.

de repente – dizia – ouço Aguardela a falar na rádio. de repente sinto saudades. de repente fico triste. de repente calo-me. de repente apetece-me gritar. de repente desespero porque não tenho onde gritar e o maço acabou. de repente lembro-me que por aqui posso.

de repente aquele texto que tenho vindo a pensar sobre um projecto fantástico desenvolvido por dois seres de quem tenho a honra não só de ser amiga como de me aceitarem como participante e de toda a publicidade que lhe quero dar passa em branco. Terá implicações. Mas não importa.
sou nocas, a verde. serei também o meu nome cristão quando e se fizer aquele anúncio.
não deixarei de ser nocas, a verde por aqui. é que sou mesmo nocas, a verde.
de repente deixou tudo de valer a pena… e ainda aqui onde grito e procuro consolo – enquanto os braços do meu amor não me tomarem e me aquecerem no oblívio da noite decido até por aqui calar-me. sei o que me leva e não é por aí que preciso seguir.

de repente… agradeço estas pequenas e fingidas paredes, esta solidão que me preenche, este choro que ninguém vê.