O que é que a República Checa tem?
Pediu-me o Caríssimo Réprobo que detalhadamente comentasse a nossa vitória de ontem...
Pediu-me o Caríssimo Réprobo que detalhadamente comentasse a nossa vitória de ontem...
Receando não conseguir, aqui vai a minha tentativa, que de treinadora de bancada tenho muito, de mulher que observa fulanos giros a correr atrás da bola tenho mais e de portuguesa vibrante, louca e fervorsa adepta tenho ainda mais, muito mais!
O jogo começou sem mim. Abandonada num escritório quase vazio, com permissão para assistir no espaço laboral ao dito, estive até à última a fazer isto e aquilo.
Não pretendia assistir naquele espaço. Recorda-me um certo jogo (que só deve ter acontecido em pesadelos, de certeza) Portugal-USA... ai, o meu coração... sofrer assim e ainda por cima com "big shots" na primeira fila condicionando reacções, gestos e frases, provocou estragos permanentes na cadeira do referido espaço comunitário laboral, ainda hoje tatuado com as minhas unhas - que isto de desespero tem que sair por algum lado, se não pela síncope, pelas unhacas cravadonas!!!
Como dizia, depois de arrumar o meu humilde espaço, dirigi-me à cafetria (é mesmo assim, não é erro) internamente dividida entre torcer pelo meu Portugal, e fazer revisões finais para o já próximo teste de Direito das Pessoas e Situações Jurídicas (ex-Teoria Geral do Direito Civil - Parte I).
Assim que chego
golo da Turquia (?)
pois, o comentador enganou-se, coitado...
Galiqueira (=azar). E agora que faço eu? fujo para o fumódromo e faço um trilho de pés, tal síndrome de fera enjaulada.
(e o dente a doer... fui tirar os 2514785214563244 pontos que tinha na boca... e mesmo assim doía. E muito)
No intervalo voo para a faculdade, cidade vazia, apenas filas para as bombas de gasolina, e assisto ao jogo no bar onde posso gritar, criticar, saltar, torcer e tantos, tantos verbos pouco adequados a Mãe-Trintona-Estudante-Responsável-Em-Contagem-Decrescente-para-o-Teste-de-DPSJ. (sem palavrões, que a Vó ensinou que menina bonita não os diz... e eu sempre quis ser uma menina bonita)
Contra os turcos foi uma brincadeira de meninos, foi desmamar bebés.
Acredito piamente que só se pode jogar bonito quando se joga contra alguém que joga bem.
Um pouco como na dança. Um bailarino só poderá brilhar se tiver um par à altura.
E por isso ontem brilhámos.
A partir do golo da R. Checa a equipa pareceu-me descoordenada. "encaixou mal o golo" dizia o comentador. Começaram a lançar bolas altas o que, convenhamos, não será o nosso melhor plano. Com uma diferença na média de alturas de cerca de 20 centímetros, a opção é bola baixa, lance rápido, triangulações, desmarcações e corridões... desculpem, corrida rápida.
O intervalo chegou em sufoco. Sufoco porque os Outros são altos, são imponentes, e jogam bem - safa! - jogam bem. Ma nós jogamos melhor, certo?
Certo...
A saída de João Moutinho, em resposta à entrada do gigantesco checo foi bem esgalhado. Não que o puto não jogasse bem, mas aquilo, de repente, ficou assunto de adultos. (além de que era hora do Ruca)
Agora falam os adultos!
Gritava a Verde por mais posse de bola, calma, chamem-nos, chamem-nos. não jogamos no contra ataque, jogamos no homem a homem, eu, tu e aquele.
Nuno Gomes brilhante sem bola, ocupando sempre dois defesas, que este tuga não pode ficar sozinho.
Imagem fantástica (procurei a foto mas não encontrei) do Gigantesco Checo perante o Ricardo, que qual David pega na bola! É isso mesmo, chegai-vos, senhores, chegai-vos, que temos aqui umas padeiradas para "vocemecês".
Tenta-se uma vez, tenta-se outra, e surge o segundo golo. (Cadeira no chão, gritos no ar)
E depois (que já me alongo) para mim o lance mais bonito do jogo. Aproveitamento total, para mim, a prova mais provada do nosso futebol. A falta marcada rapidamente, apanhando-os em contra pé - brilhante Deco! - desmarca-se o Cristiano - não há fora de jogo? Não?? Calma Cristiano, calma.
- Vem cá, Cech, atira-te para o passarinho.
- Cfafgyn bbnsdlkg slnkzd sglhn!
(Tradução, vou defender esta bola porque eu sou O melhor guarda redes do mundo e tenho este capacete para não me fugir os neurónios que isto de falar só com consoantes é muito cansativo e desgastante!)
- Ai ele é isso? Então toma lá, ó Quaresma!
Gooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooolo!
Lembram-se do livre marcado na final gloriosa da geração de ouro? Daquele que (se a memória não me falha... talvez falhe) o João Pinto finge empurrar o Peixe (perdoai-me senhores se não foram estes) e a equipa adversária fica toda pasmada a olhar "para os tugas palermas descoordenados a decidirem quem vai à bola, mas, olha, já marcaram, de onde é que isto veio? ai, que já perdemos"
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Dizia um comentador que o 1-3 é enganador porque não transpareceria o equilibrio do jogo. Não concordo.
Um golo brilhante logo para acalmar
Um golo brilhante de técnica
Um golo brilhante à Tuga
Recordo a história do português cercado por muçulmanos já sem munições e intensamente infectado pelo escorbuto decide "em desespero de causa" pegar no belo dentito e dispará-lo, literalmente, à testa do inimigo que, perante tal façanha só possível a deuses ou mágicos, debandou rapidamente gritando, qual aventura Asterixesca, "Estes portugueses estão loucos!"
Um bom dia para todos!
3 comments:
e mai nada!!! sugaditos ide para a vossa casinha, ide...
Nocas, gostei de rever o jogo neste seu vibrante relato. Conto que continue a brindar-nos com tais revisões… pelo menos enquanto formos ganhando. ;-)
Silvia e Luísa,
Respondo a estes comentários na segunda feira :(
Deixai-me recuperar do sabor amargo dos dois bocados de queijo suiço que comi ontem... e já posto qualquer coisa!
beijos
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