Tuesday, 26 May 2009

Nunca mas nunca (!) julguem a Rosa pelo seu nome

Hoje comprei uma publicação. Não a compraria se não soubesse que devia - mesmo, mesmo - conhecer o seu conteúdo.

Venho cedo para a minha mesa enquanto ainda não chegaram os outros, enquanto apenas estou eu, a fornalha e o carvão...

Sento-me no meu montinho.

Propositadamente saboreio cuidadosamente o seu recheio. Folha depois de folha. Tentando alargar a distância que me separava.

Ei-lo

Conteúdo precioso. Letra a letra. Belo!

E de repente recordo uma passagem de um livro. Está sublinhada. Encontro-a facilmente

- O senhor também o leu? (...)
- Quase ninguém. (...) está proibido. (...) Porque é velho. (...) Sobretudo
quando são belas. A beleza atrai (...) Porque o nosso mundo (...) é estável,
agora. As pessoas (...) conseguem o que querem e nunca querem aquilo que não
podem obter. (...)
- Apesar de tudo é belo!
- (...) esse é o preço que temos de pagar (...) escolher entre a felicidade
e (...) a grande arte.

(...) uma campanha contra o passado, pelo encerramento dos museus,
pela destruição dos monumentos históricos (...) pela supressão de todos os
livros publicados antes do ano 150 de N.F.
(...)
Cortou-se a parte superior de todas as cruzes para serem transformadas
em T.

"Admirável Mundo Novo" - Huxley, Aldous

Obrigada por escreveres!

6 comments:

Ka said...

Este foi um dos livros que mais me marcou pela visão de sociedade que ele teve em 1930 e que ainda hoje nos parece muito futurista...

beijinho

nocas verde said...

e se fosse hoje...

se bem que este pequenino pedaço do livro veio-me à memória por ter comprado um "jornal" hoje... veja-se só!
obrigada
bj

drengo said...

...o WV aqui, dá "unrented". ultimamente, anda a dar-me palavras perfeitas. como se quisesse dizer que a liberdade não se arrenda, ou aluga - constrói-se.

uma boa semana para si e para os seus :)

nocas verde said...

olha lá!
a liberdade? não, de facto não se arrenda... mas há quem a usurpe ou a tente obter por usocapião...
uma boa semana também para si!

Luísa A. said...

Às vezes, Nocas, notam-se pequenos sinais que poderiam prenunciar a evolução para esse admirável mundo novo. Mas feliz e infelizmente, este ainda é um planeta de demasiadas diferenças, contrastes, ambições e rebeldias. :-)

nocas verde said...

Sem dúvida, Luísa.
E fiquei a pensar a relação (existe ou não?) entre a infelicidade e a criação do belo.
Ainda assim, a "felicidade" apregoada lá não é, de todo, a que se quer...
um bom dia.
bj