Como e por onde começar?
Pelo princípio claro... ou não, pelo regresso ao batente, pelos acontecimentos que me foram... acontecendo (ups!) ou pela crónica cronológica (ai!!)
Onde fiquei?
Ah, claro. No Euro 2008
Fiquei a dizer qualquer coisa sobre concordar com a estratégia
do Mister Scolari sobre descansar e qualquer baboseira assim
Não digo que não concorde agora ou que me tenha arrependido do que disse...
O jogo contra a Alemanha começou dentro da última aula de Direito Constitucional. A professora a dissertar sobre como o futebol entorpecia as pessoas, que eram muito mais importantes os problemas reais e tal e tal. E eu até concordo, mas não lhe dá o direito de falar mal ou insinuar que quem gostasse de futebol não podia ser inteligente!!! Certo?
Adiante!
A aula correu bem, o jogo não. Faltava eu (risos) eu a torcer, gritar.
Portugal foi enganado.
Enganado por um guarda-redes que não estava nos seus dias.
Enganado por uma equipa inteligente, jogando bem os seus trunfos, no bluff, no medo, na ausência de coração.
Conhecem-me o amor (acho que posso usar esta palavra aqui sem chocar em demasia quem me ler. Tenho os meus amores muito bem ordenadinhos e catalogados. Fosse eu esquimó e o amor a neve e teria duzentas expressões diferentes para ele. Mas não sou... e ainda bem -risos) dizia, conhecem-me o amor pelo futebol. Digam de Vossa justiça, amigos, mas que outro desporto suportará tamanha variedade de táticas para o alcance de um mesmo fim?
Portugal foi enganado por si próprio. Porque provavelmente não aguentou as bocas do falhanço do último jogo, porque não aguentou o "famoso cinismo" alemão.
Segui, como sempre, o resto do campeonato com calma e afastamento. Achei que a Alemanha ía ganhar. Surpreendi-me com a Rússia e comecei a gostar da Espanha. Futebol bonito, eficaz, de onze! Latinos... e como me diverti nesse dia! A reacção dos alemães, como que não sabendo o que fazer.
-O que se faz quando se perde?
- Não sei, pá! Parece que há qualquer coisa que sai dos olhos, pá! e que ficamos com o nariz a pingar...
- A sério, pá? Que nojo! Mas sempre era melhor, se calhar. Como é que isso se chama?
- Chorar, pá! Acho que é isso...
(não sei se os alemães dizem "pá"! Provavelmente não. Mas assim fica mais giro!!)
Balanço final?
A equipa vencedora foi:
a selecção brasileira!!!!!Não acreditam? Deixei aqui em cima algumas das fotos deles. (tenho a certeza de que haviam mais jogadores com esta nacionalidade... mas não consegui encontrar...)
Não tenho nada contra isso. Poderei "postar" mais tarde sobre isso. Mas eram de facto muitos...
(risos)
Depois começaram as frequências. Estudo, estudo, estudo.
Como correram?
Humpf!
Numa esqueci-me de responder a duas perguntas, noutra esqueci-me de assinar a folha de presenças, noutra não levei o CPA, noutra... não... noutra esqueceram-se de contabilizar um dos testes de Avaliação contínua. Querem mais?
Resolveu-se tudo, felizmente.
Voltei atrás e supliquei ao Professor que me deixasse assinar. Fiz requerimento à secretaria e a nota correcta apareceu, pedi um código à colega do lado, mas aquelas duas perguntas esquecidas ficaram-me aqui atravessadas. parva, parva, parva...
Até agora, altura em que me falta receber apenas uma nota, não tenho orais. Com esta coisa de bolonha dispensa-se com 10... mas, felizmente, mesmo com o sistema antigo dispensaria à maior parte delas.
Não são notas brilhantes... mas o primeiro ano já passou. Faltam 2! ai!
Depois?
Depois segui para férias por terras da Lusitânia!
Tenda da Quechua armada em 3 segundos, carro despejado em 3 horas!!
1.ª paragem:
ArganilSilêncio, tranquilidade, o Parque praticamente nosso. Pessoas simpáticas, restaurante fechado (mas podem ir para lá comer com os meninos! muito obrigada, minha senhora!)
Verde, verde, muito verde.
Resto do dia para relaxar. Um banhinho tomado, roupa quentinha
E muita conversa, sentados os quatro com o rádio a tocar qualquer coisa muito baixinho.
De vez em quando dava notícias do trânsito e eu ría-me por dentro. Tão longe ficou aquilo tudo.
Levámos livros para ler mas o sono chega cedo para todos. (menos eu que fico para ali a pensar em construir cimenteiras e auto-estradas! a sentir logo falta do barulho dos carros e do barulho, mas consegui abstrair-me disso. )
A manhã também começa cedo para mim com aquele tempo fantástico e uma camisola quentinha.
Uns bons exercícios dos meus (que os anos de dança tiveram que servir para alguma coisa) e um café sozinha.... sozinha... vou escrever outra vez para reforçar... sozinha
Sentada na bela cadeira vi o sol nascer atrás daquelas montanhas e fiz amizade com uma melro. (nunca a suficiente para que me deixasse tirar uma fotografia)
por isso vão ter que acreditar em mim quando vos digo que me acompanhava de manhã roubando altivamente as migalhas da minha bolacha como se ambas não soubéssemos que a outra lá estava
Rotinas muito diferentes, estas das férias.
De mapa em punho seguimos rumo à
Mata da Margaraça.
Parece estrangeira dizem alguns que olham para estes frondosos verdes...
Portugal, meus queridos.
Já na mata, apaixonados pelos caminhos que parecem perdidos ouvimos o som de água muito lá ao longe.
As Crias não sabem onde vamos.
À descoberta, digo eu... mas o que é isto? pergunto falsamente olhando para o mapa. Parece água
- É a Farsa da Pena - diz a CV que leu atentamente o catraplázio lá mais atrás.
- Fraga - corrige o F.
Mas sabendo nós que íamos a uma cascata, fiquei eu rendida, de boca aberta. Isto ainda existe, diz a NV da Cidade em mim.
Não acredito que as fotografias captem o meu espanto, a minha rendição a estes lugares que saltam assim, brutos, rudes, magníficos.
Só os 4 e a Fraga
O F. vê um carreiro que segue Fraga acima.
E outras pequenas cascatas se nos deparam por entre verde e mato e não pises a formiga, mãe! (riso)
A Natureza, como todos saberão, não é só constituída por Flora... também Fauna, certo. Aquela que a citadina NV deseja sempre secretamente que se esconda à minha passagem. Dizem que os animais sentem quem não lhes faz mal. Mentira, claro, mas encontrámos algumas espécies que dizem estar em extinção e, por isso, praticamente impossíveis de serem vistos... mas ei-la aqui... linda a Rã Ibérica.
Mergulhar nestas águas frias despertou a veia artística que há em mim... mas, claro, não suficiente para criar alguma coisa de facto artística, apenas para considerar estes jogos de luz das folhas presas numa pedra absolutamente magníficas. (rindo outra vez)
Apesar de sairmos cedo as estradas não são auto-estradas e a paisagem é tão bela que fazêmo-las devagar devagarinho para ver, olha ali, e ali, pára mãe, que montanhas...
Já passa muito da hora de almoço e seguimos em direcção ao
Piodão.
Passámos por aldeias lindas mas avançamos porque queremos mesmo esta bela aldeia... nas outras cumprimentamos quem nos atravessa o caminho sem demora.
Parámos lá em cima para a ver, antever a beleza. Um outro carro estava também lá parado. Um casal sai do carro e sorri-nos. Matrícula estrangeira, parecem reformados, algo receosos.
Desbocada digo para o F. à laia de deixar eles ouvirem - Vamos F. que esta estrada até parece acabar... mas não acaba!
O casal sorri e segue-nos fielmente até o
Piodão bela, estranha.
Parece construída de propósito, diz a CN.
Mas também muito turística. Senhor simpático onde comprámos lembranças, outro senhor que nos convida para experimentarmos o seu restaurante. Tudo caseiro, anuncia.
E tinha razão. A começar pelas moscas. Nome: Piodão XXI, não tem o que enganar. Não vale a pena. A comida não é má mas o serviço é péssimo. Péssimo, digo-vos! Não espero, nem quero que me sirvam com nove horas mas a simpatia é importantíssima. E isso faltou. Faltou, digo eu? Não existiu, melhor assim.
Com tão pouca clientela aguardámos mais de uma hora pelo almoço e quase adormecíamos...
Resultado? Crias rabugentas e cansadas sem vontade nenhuma de descer ruas belas e primárias (no que de mais belo terá esse adjectivo)
-Mãe, por favor, podemos voltar noutro dia?
- Quero ir para casa!... ou para o Parque
Acedi. Queria mesmo ir e fotografar aquelas casinhas tão belas, descobrir, quem sabe recantos, mas tudo tem um limite. E um almoço "rápido" e "caseiro" deitou abaixo qualquer vontade.
Regressámos e o banho foi já tomado entre olhos semicerrados porque ainda parámos para as compras (diárias, certo, que não frigorífico nem nada dessas modernices)
2.ª Paragem (ainda que breve)
CojaGente simpática, rio bonito, lindo, com tanta natureza, tanta fauna insectívora (blarghhh)
Avançamos que o caminho é longo e queremos chegar ao Gerês antes das 18.
(uma voz sussurrou only in your dreams mas não ligámos...)
Devemos mesmo ser os quatro (bem, nós os dois, sim de certeza, e as Crias por arrasto... ou arresto... ainda não sei) loucos. Mas que loucura bela aquelas auto-estradas pela serra, e as estradas e estradinhas que sobem e descem e viram e reviram.
- Que avisa este sinal?
- Curva e contracurva.
- e não há nenhum que indique contra curva e curva?
Passamos serras e mais serras que o F. vai dando o respectivo nome mas que não repito. (Desculpa F., já não me lembro delas. só da beleza)
- vejo agora que deveria consultar o dicionário para procurar outros adjectivos porque "bela" e "linda" e seus derivados foram já utilizados talvez em demasia. Mas isto é um diário por isso perdão por não ser fluente... e nisto, sem avisar... numa mera curva da estrada. ELA apareceu!
A
Serra do Gerês imponente, magestosa.
Já lá fomos várias vezes. Mas entrar por esta auto-estrada apanha-nos desprevenidos. Ela aparece mesmo assim como Vos digo... de repente e depois de uma curva... e mesmo sendo eu umas tosca verde a Geografia disse antes do F. é o Gerês, não é?
Uma pequena correria (garanto-vos que dentro dos limites, que isto com crianças lá atrás não se brinca com as velocidades...) mas, como dizia, não paramos, não abrandamos porque o tempo urge e o parque não admite depois das 18.
A simpática assistente do parque sossega-nos.
- São já 19.45, eu sei...
- Calma, calma. Pode entrar.
Tenda montada em 3 segundos (já disse que era da Quechua, não disse?) e ainda temos tempo para uma foto rápida do início oficial do
rio Gerês Com banho tomado e comida comprada no caminho assim ficamos os quatro com tranquilidade... ou talvez não...
mas oquéquéisto???????????
Por volta já das 10 horas entra ainda uma família enorme, mais de 20 elementos que com todo o barulho possível procuram e montam tendas... riem, gritam, correm. Fazem camas (mas... senhores... não se fazem camas aqui, boa? sacos-cama, boa? pijamas? e que tal t-shirt deslavada? e que tal CALARAM-SE??
O F. procura desesperado a minha cara. Uma das famílias decide abancar mesmo ao nososo lado. Ao NOSSO lado. O homem da família procura um martelo para a complicada montagem da tenda e admiro-me como consegue ele fazer aquilo se não tem laterna e ali não há candeeiros de rua. Descubro como quando o F., com um pequeno acto de malvadez/traquinice desliga a nossa pequena lanterna de L.E.D. ecológica e económica (gasta pouco e não atrai mosquitaime...) o homem bate no dedo e diz o chorrilho de elogios próprios de nortenhos. Vejo, sem ver, os olhos flamejantes deles na nossa direcção mesmo antes do F. ligar a lanterna de novo. É evidente que o homem continua como se nada fosse. A gota de água acontece quando um dos muitos miúdos de pijama já bvestido sai da tenda e diz que quer fazer xixi.
- Faz ali - responde a mãe apontando para a nossa árvore
A NOSSA árvore. Percebem, claro, que quando digo nossa árvore refiro-me a uma Senhora Árvore ao pé da qual tínhamos a nossa Quechua montada. O F. segurou-me o braço enquanto o homem ordenou que fosse à casa de banho.
- Isto é demais. Amanhã partimos! - digo um bocado alto demais. Estava furiosa... - este barulho é insuportável.
De manhã, ainda não eram 7.30 já estavam aqueles maganos todos de pé e com grande barulheira. Levantei-me num repente. Juro-vos que ía abordá-los mas não foi preciso. O barulho era apenas a desmontagem das camas, dos colchões, avançados, tendas, malas refeitas.
- Mas que...
Foram-se embora. Eles e quase todos os outros do parque. E recuperei o MEU querido parque silencioso. Tive nessa noite a companhia dos lobos na sua cantilena no topo da serra e adormeci mais uma vez a sonhar com a cimenteira e discotecas e auto-estradas.
Mas antes!
Seguimos por serra Brufe e outras aldeias. Parámos obrigatoriamente no
Museu de Vilarinho das Furnas e emocionámo-nos com
a história triste daquele povo.
Janelas do carro abertas e tanto céu.
Fomos ter a Espanha depois de almoçarmos maravilhosamente bem num café de estrada. Repito maravilhosamente bem!
Passamos pela bela localidade de
Entre ambos os rios e o seu rio magnífico.
Deixámos o Gerês para entrarmos no Xurez.
Voltas e mais voltas e refrescamo-nos no
Rio Caldo.
Aproveitamento fantástico de um rio que atravessa a vila de Lobios com relva, árvores e água limpa acamlado por vias de mini barragem.
Regressamos a Portugal pela Portela do Homem e fazemos o nosso pequeno "ritual" de falarmos espanholês até ao momento mágico de avistar a placa "Portugal".
No nosso penúltimo dia, depois de uma agradável caminhada vemos a bela
Cascata do Leonte com fotografias dos corajosos 4 debaixo da mesma.
Descobrimos um girino, nadamos, rimos e servimos de
guia a outros intrépidos que do alto da ponte nos perguntam como chegar ali. Quase ninguém se
aventura... e ainda bem.
... e a natureza aqui tão perto!
Almoço tomado e
cascata caseira (aquela em fre
nte à tenda de outros anos).
No dia da partida tentamos mais uma vez fotografar os sardões que nos faziam companhia mas deviam ter sido avisados pela melro... e fiquei-me contente com esta. Último encher de pulmões antes de regressar enquanto tento (e só tento) enquadrar a libelinha.
O regresso é feito em alegria.
- Estivemos fora mais de um mês!
- Não, CN, apenas 7 dias...
A despedida das Crias(literal) aconteceu at
é o sono pesar nas pequenas pálpebras.
- Adeus árvore, adeus piscinas, adeus montanha que não sei o teu nome, adeus supermercado onde compramos o pau de caminheiro, adeus loja onde comprámos o papel higiénico, adeus multibanco onde a mãe levantou dinheiro, adeus café que não tens o
gelado que eu gosto, adeus, adeus, adeus...
- Adeus - digo eu - jogos da Bisca e das Copas à luz da nossa lanternita. Adeus concurso de anedotas. Adeus conversas tidas a quatro.
Quatro seres que discordam, riem, brincam, zangam-se, observam, choram... juntos.
Estou feliz.
Sou feliz.