Tuesday, 29 May 2007

Ainda e sempre o mesmo

Mais do mesmo...

Mas afinal o que é isto de ser Pai?

De um ponto de vista meramente científico será nutrir, cuidar, preparar, transmitir uma herança...

Se olharmos para a Natureza, veremos tantos exemplos de tudo... o excelso exemplo de sacrifício parental representado pela mãe polvo, que, à custa de manter a "offspring" oxigenada e protegida, fica tão debilitada que acaba por morrer... ou ainda o grande exemplo de desprendimento da mãe cuco que "abandona" os ovos noutro ninho para que outra mãe o crie (não sem antes retirar todos os ovos legítimos...)

Temos de tudo

É surpreendente a variedade de relações...

Mas e nós?

O que devemos ser para os nossos filhos, e porque os temos?

A segunda é ainda mais difícil que a primeira, não? A percentagem de filhos do acaso é ENORME... e não reduz nem aumenta a vontade - posterior - de criar aquela cria.

O que acontece quando o homem ou a mulher descobrem que vão ter um filho?

Acredito que para a mulher será mais fácil, numa primeira fase... a biologia ajuda. Para o homem, e apenas podendo referenciar o caso do meu parceiro, foi uma altura complicada (no nosso caso ainda mais porque teve que partir para o estrangeiro quando desconfiámos que poderia estar grávida, e soube lá longe que ía ser pai pela primeira vez!)

Tive a felicidade de me deixarem pegar na minha cria assim que nasceu e posso garantir que morri e nasci naquela altura.

Horas mais tarde, peguei naquela coisa e deitei-a na minha cama. Sentei-me numa cadeira e fiquei a olhar para ela.

- E agora, cria?

Morri outra vez. Morri porque não seria mais eu. Porque aquele ser indefeso seria, é e será, daquela hora em diante o único e contínuo estímulo da minha vida. Morri porque todos ( e digo mesmo todos) os medos que tinha antes desapareceram. Morri porque cresceram e dominaram muitos outros medos. É possível morrer de amor. Aconteceu-me naquela altura.

Quando o pai a viu, e vi o seu olhar, amei-o como nunca o tinha amado... agradeci-lhe do fundo do meu coração e tive a certeza que aquela magia nunca se repetiria.

Já lá vão 9 anos, quase 10.

E todos os dias, 10 anos volvidos, outra cria nascida, outra magia, outra morte, quando os aconchego à noite e lhes dou beijos de boa noite e lhes digo

- Deus vos abençoe! Durmam bem!

Pergunto silenciosamente

- E agora crias?

E morro outra vez...

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