Friday, 16 February 2007

As nossas crias

Hoje os miúdos vão para a escola mascarados.

As minhas crias lá foram devidamente mascarados e pintados, como manda a tradição.
Não sou, nem nunca fui, apreciadora do Carnaval.

Mas compreendo que para os miúdos é a encarnação de tudo o que eles mais gostam: o mundo de fantasia, os disfarces, a imaginação ao rubro…

Numa altura em que (quase) ninguém tem um casarão cheio de roupa antiga, tardes de chuva passadas a vestir as roupas da mãe, do pai, dos avós, com muitos primos com quem montar teatros e mundo imaginários;

Numa altura em que a maior parte das crianças vêm de famílias mínimas, quando não mono parentais, em que as tardes são passadas de modo solitário, em que a imaginação é apenas exercitada na televisão e jogos de computador;

É aqui que aparece esta altura mágica do ano em que lhes é permitido escapar desta vida (até para eles) stressante e cansativa, cheia de deveres e horários.

Nestes dias fogem, e são outros personagens. São princesas, bandidos, heróis, piratas, índios…

Pessoalmente, acho que as minhas crias não se poderão queixar muito "do acima exposto".

Tanto quanto consigo entre
limpezas, trabalho, deveres da escola
limpezas, trabalho, deveres da escola

vou passando tempo de qualidade com elas


Brincamos, fazemos teatro, contamos anedotas, fazemos truques de magia e jogamos no computador… todos… pais e crias...


deixo-as ensinarem-me, e há pelo menos uma refeição por mês feita por elas (invariavelmente pizzas aquecidas ou pipocas de micro ondas)!

Ainda assim, sei o quanto é importante para elas esta altura!

É vivido por antecipação

decidir o que vão vestir, as pinturas, os adereços…

Na escola de uma das minhas crias estavam todos excitados, menos 5 crianças

"A mãe não tem dinheiro"
"A mãe não teve tempo"

Quantos de nós não nos sentimos, em tempos, iguais à mãe ou ao pai só por calçar (os seus) uns sapatos grandes?

Não gosto de criticar, até porque cada um sabe de si e Deus de todos, mas ser mãe (e pai, claro) é muito mais que ter dinheiro e/ou tempo…

Acreditem que sei o que é não ter dinheiro.

Houve um aniversário de uma das minhas crias em que lhe comprei uma bola nos "chineses". Não tinha mesmo dinheiro para mais.

Mas para a minha cria, que queria tanto uma bola, foi indiferente o "preço" da bola.

Um ano mascarei as minhas crias com uns "macacos" verdes e castanhos que comprei numa "loja dos trezentos". Com umas pinturas e gel colorido no cabelo, foram extra terrestres muito, muito felizes.

Desculpem, mas não creio que o "dinheiro" e o "tempo" sejam desculpa!

Prova: Com as pinturas que levava, pintei umas aranhas, teias, bigodes, máscaras, letras... e as crianças tristonhas transformaram-se em alvo de inveja e admiração. Mesmo dos mascarados com aqueles fatos "de Marca" e "oficiais".

As nossas crias exigem algo muito mais barato, mas muito mais difícil de dar

A NOSSA DEDICAÇÃO!
ps - estas crias não são minhas!! mas ´lá que têm sorrisos lindos

Thursday, 15 February 2007

Ela, o meu amor canino



Tenho uma cadela com 14 anos.

Está velhinha e chata, mas amo-a de paixão.

E porque a amo tão grande e profundamente, e porque gostava de respeitar o vigor que já demostrou e tanta dedicação durante todos estes anos, estou (ou melhor, estava) a pensar seriamente em adormecê-la.

Lá em casa, ele não quer. Tem pena dela e não tem coragem para terminar a vida dela.

Pois eu coragem também não tenho. Choro só de pensar. Mas sou eu que lido com ela todos os dias. Sou eu que a vejo a não ter forças sequer para subir para a minha cama. Sou que me lembro que quando ela veio para minha casa também não conseguia subir, mas porque era pequenina. Tinha menos de 1 mês de vida. Ensinei-a a fazer tudo. E agora o círculo está a fechar-se. Não consegue, outra vez, subir para a minha cama mas por ser velha. Por não ter forças. As pernas tremem, o corpo não lhe obedece. E ela sabe. A tristeza nos olhos dela quando estas coisas acontecem... e eu a brincar com ela a chamá-la de trapalhona com muito carinho, a pegar-lhe ao colo e a dizer "tu queres é mimo"

Mas não é verdade.

Minha linda... o que será melhor para ti?

Outra vez

E porque não?
Aproveitar o entusiamo inical para avançar.
Ontem foi dia dos namorados...
Eu não o celebrei...
Não porque esteja sozinha, ou porque o meu coração não tenhoa dono (tem dono há quase vinte anos... mas ontem, como nos anos anteriores, não o celebrei.

Só que ontem custou não o celebrar

Ando só, ou melhor, sinto-me só, apesar de casa cheia.

Sei que estes sentimentos são esporádicos e que a vida é feita de altos e baixos, tanto a nível emocional, como em quase todos os outros campos.

Sei também que ele ama-me desesperadamente, que vamos viver a vida juntos para sempre, enquanto estivermos deste lado, mas ainda assim... estou só

Aquilo que senti ontem; o frio, a solidão, enquanto corria de um lado para outro a criar e promover a vida familiar é impossível de descrever...

E no entanto cada dia é um novo dia. Cada sorriso das crias renova, refresca e revigora.

Mas a solidão interna aqui está

Para ficar

Comecei!


Já tantas vezes que o quis fazer...

Não sei se tenho "jeito"

Não sei se consigo ter a fluidez e disponibilidade para continuar... mas aqui vamos


Porque acho que tenho algumas coisas importantes a dizer


Porque quero um espaço onde possa, sem qualquer restrição, escrever, debitar pensamentos, pensar alto... sonhar
A vida deste lado do universo.
A vida do ser coisa que somos, acima das raízes, mas apenas pouco mais que um pontinho...
E no entanto, um pouco menor que os anjos nos fizeste...