Conheci-a há pouco tempo...
Por razões de protecção de identidade chamo-a assim.
Tem 16 anos. É simpática. Olhos escuros muito vivos. A energia da juventude transpira em tudo o que faz, diz, pensa.Gostei dela. Ela nem tanto de mim.
Falamos todos os dias.
- ...e hoje como estamos?
- Mal, muito mal. O exame de inglês foi mais difícil do que estava à espera. A prof é uma parva de primeira.
- Mas o teu inglês é fantástico!
- Sim, mas como passei o ano a chagá-la, pôs-me um processo disciplinar e agora tive que ir fazer o exame... - (suspiro) - nunca mais aprendo!
- (riso) - Achas que vais ter má nota?
- Não! 16.... talvez 17 - pensa melhor - talvez 14 ou 15. O inglês da escola é estúpido!
(silêncio)
- Para o ano é que vai ser! Vou-me embora deste sítio atrasado.
- Sempre vais para Londres?
- Sim. Lá em casa as coisas estão péssimas... a mãe chora pelos cantos. à minha frente não porque o pai não deixa... Nem posso esperar!
- Vais ter saudades disto, garanto-te.
- Sou crescida o suficiente para tratar de mim. Não penses que me vou deixar ficar por aqui, casar, ter filhos, empregozinho, casinha, carrinho. (asco)
- Ser normal...
- E tu com isso! É horrível essa palavra. Uma vida normal, cheia de dias normais. Para mim é preferível não viver! E nem comeces com essa conversa de que a idade ensina-nos! É desculpa esfarrapada para quem acha que não tem mais nada pelo que viver essa treta de "outro ritmo", "outras alegrias", "outra sensibilidade"... puf!
- Deves pelo menos dar o benefício da dúvida! Pode, de facto, haver outras razões pelo que viver para além do fast life.
- Só há fast life, amiga! Aos 30... kaput. O que não conseguir aos 30, já não vou conseguir nunca! Sem ofensas, claro.
- Not taken. Até porque é mentira, "amiga". Há vida para além ... muito para além dos 30. E também muito para além das nossas ambições.
- Desculpa de mau pagador. Second hand.
- Garanto-te, Wouddabe, não é assim.
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