Thursday 31 July 2008

Hoje...

Hoje faz anos.
Cinquenta e sete anos.

Acordo-a com um telefonema em coro, eu e as Crias cantando os parabéns.
Riu e agradeceu.

Parabéns!

Não teve uma vida fácil. Não teve nada do que pretendeu e não tem, ainda hoje, a vida que quer.

História de Romeu e Julieta com fim diferido. Perdeu o seu Romeu.

Lutou, frágil que é, com as armas que conheceu.

Compreendo-a hoje um pouco melhor, mulher apaixonada que sou, compreendo-a muito menos, mãe que sou também.

O amor pelo mesmo homem separou-nos.
O amor que desapareceu sem honra e sem exéquias.

Hoje faz anos, cinquenta e sete anos.

Não os vai festejar comigo. Compreendo como mulher… não como filha, menos como mãe.

É inevitável para mim fazer balanços e o nosso mal consegue escapar ao défice.
Pergunto-me porque não me lembro do seu aconchego, de palavras ternas, de força transmitida. Porque não me lembro eu da confiança, do ombro amigo. Porque me lembro da dureza, da solidão, do desamparo.

Hoje faz cinquenta e sete anos.
Hoje faz anos a minha mãe.

Parabéns.

E agora isto...

Tirei a notícia daqui


Pensava eu, verde no sentido pejorativo da cor, que os jogos olímpicos festejavam os ideais da paz, fraternidade, mente sã em corpo são.

Sabia já que de amadorismo ou de honra restava pouco (microscopicamente falando).

As histórias do dopping, de atletas que vendem o passaporte a quem lhes dê mais, de batotas, juízes parciais… tudo isto eu vi – seguidora que tento ser – e tentei compreender.

As aberturas desproporcionadas e pirosas (lembram-se do barbecue de pombas na abertura de LA?)

Tudo isto e mais foi acontecendo.


Para mim, no entanto, valorizei e já aqui afirmei que continuava a acreditar nos Jogos Olímpicos como uma espécie de último (ou dos últimos) baluarte à honra, ao desafio.


Emocionei-me com a entrada da orgulhosa representação de Timor Leste.
E agora isto…

Wednesday 30 July 2008

And now...


... for something different!



Rotion

... for the linkles

Afinal não é bem assim...

A China, depois de ter reflectido sobre o assunto, decidiu restrinigr o acesso à internet durante os jogos olímpicos...

Poderemos concluir, portanto, que fora dos jogos olímpicos a liberdade é total, certo?

Tuesday 29 July 2008

1920-2008

Anda deitar-te, fiz a cama de lavado
Cheira a alfazema, o meu lençol alinhado
Pus almofadas com fitas de cor,
Colcha de chita com barras de flor
E à cabeceira, tenho um santo alumiado

Volta esta noite pra mim,
Volta esta noite pra mim,
Canto-te um fado, no silêncio, se quiseres
Manda recado ao luar, que se costuma deitar
Ao nosso lado, para não vir hoje, se tu vieres

Ponho o meu xaile, pra te servir de coberta
E um solitário ao pé da janela aberta
Pus duas rosas que estão a atinar
Beijos vermelhos, sem boca para os dar
Sem o teu corpo, minha noite está deserta

Volta esta noite pra mim,
Volta esta noite pra mim
Ser agarrada, por teus braços atrevidos
Quero o teu cheiro sadio, neste meu quarto vazio,
De madrugada, beijo os teus lábios adormecidos
Manda recado ao luar, que se costuma deitar,
Ao nosso lado, pra não vir hoje, se tu vieres

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Fernanda Batista morreu

O fado cansou-se de tanta dor que sofreu
Morreu, elevou-se, subiu ao céu
as nuvens é vê-las
sobre o céu azul estrelado
juntinho às estrelas a ouvir cantar o fado


Foi madrinha de muita gente.
Foi minha madrinha de palco também.

Nunca lhe ouvi uma única palavra amarga ou queixume. Recebeu aquelas 4 jovens miúdas como se netas fôssemos e ela própria (que nuna nós teríamos coragem para tal) se ofereceu para nossa madrinha de palco.

Deliciou-nos com tantas, tantas histórias, cantou só para nós.

Nós, irreverentes, ousámos pregar-lhe partidas. Riu-se deliciada com uma gargalhada limpa, sonora, inesquecível, agradecendo-nos a irreverência, porque já ninguém tinha coragem de brincar com a SôDona Fernanda Batista.

Vivemos intensamente como grupo naqueles meses. Só quem por lá passa sabe o que e como se vive aquele cheiro a tábuas.

Uma nossa colega perdeu a mãe. Uma outra sofreu com a morte assassina do tio. Outro divorciou-se. Um outro conheceu a namorada… em tudo procurávamos a mão amiga desta Senhora.

Vivemos sem dinheiro, sem público. Vivemos em festa, casa cheia, encores, gargalhadas, buchas. O cenário que se parte, a actriz que cai, o músico que tosse.

(...)

E apenas uma vez lhe ouvi dizer sobre alguém “não presta”. Sem alarido, apenas a nós as quatro. E tinha tanta, tanta razão.
Descanse em paz, Senhora Dona Fernanda Batista. Obrigada por tudo.

Wednesday 23 July 2008

O juiz decide... mas que juiz?

Preâmbulo

Antes de mais, este post, como todos os outros aliás, mas este em particular, representa a minha opinião sobre o assunto em referência. Não serve de desculpa a pensamentos menos populares, mas apenas de, e como lhe chamo, preâmbulo para a leitura que se segue.

Uma opinião, direi mais, que não está finalizada. Não porque me queira isentar de afirmações incorrectas ou incoerentes mas apenas porque me quedo sobre este assunto e levantam-se mais perguntas que respostas, porque pesquiso sobre o assunto e desconfio, concordo, discordo e duvido.

Duvido.



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A detenção do criminoso Radovan Karadzic parece ser mais do que a simples prisão ou eventual responsabilização dos crimes de que é acusado.



Este acontecimento levanta, mais uma vez a credibilidade, utilidade, legimitimdade e outros "dades" que tais sobre um Tribunal Internacional qualquer que seja a sua forma, objecto ou estrutura.



(Para leitura de férias deixo-vos o Estatuto do ICC)



Texto retirado do site do ICC

"About the Court
The International Criminal Court (ICC) is an independent, permanent court that tries persons accused of the most serious crimes of international concern, namely genocide, crimes against humanity and war crimes. The ICC is based on a treaty, joined by 106 countries.
The ICC is a court of last resort. It will not act if a case is investigated or prosecuted by a national judicial system unless the national proceedings are not genuine, for example if formal proceedings were undertaken solely to shield a person from criminal responsibility. In addition, the ICC only tries those accused of the gravest crimes.
In all of its activities, the ICC observes the highest standards of fairness and due process. The jurisdiction and functioning of the ICC are governed by the Rome Statute.
"



Tantas perguntas que se levantam.

Assusta-me, em primeiro lugar, que alguém se arrogue o dever ou direito de perscrutar as actividades de um outro. A priori parece-nos básico que casos como o Ruanda ou Sudão sejam passíveis de fiscalização exterior e consequente criminalização dos responsáveis.
Mas quem o fará?
A quem daremos a capacidade de investigar e construir um caso?
A quem daremos a capacidade de julgar?
E a que enquadramento jurídico daremos a capacidade de sentenciar?

Não sou jurista nem advogada. Não sou jornalista nem especialista em assuntos legais.

A hierarquização da justiça como garante dela e de equidade não me parece viável. Porque, em primeiro lugar, chegará um topo sem fiscalização. Se a democracia e os direitos, liberdades e garantias forem apenas protegidos por seres superiores, quem fiscalizará o superior? Defendo talvez uma responsabilização directa e interdependente. Responsabilização perante várias entidades que sem autoridade hierárquica poderá responsabilizar e pedir contas ao mesmo tempo que é responsabilizado.

Quando lemos aquele pequeno texto das funções do ICC acreditamos na sinceridade dele. (?)

Mas mais uma vez fico com mais perguntas do que respostas. Basicamente aquelas que já levantei ali em cima.

O ICC é independente. Como será feita a nomeação dos seus juízes?
O primeiro acto de fé: acreditar na nomeação (por quem?) de juízes habilitados e independentes.

O ICC actua por tratado. Os tratados são feitos por juramentos de honra, de cavalheiros.
O segundo acto de fé: acreditar que os países cumprirão e responderão por essa honra.

O ICC só actuará se o sistema criminal do país em questão não cumprir os requisitos genuínos ou se estes forem apenas usados como subterfúgio a uma verdadeira incriminação.
Terceiro acto de fé: acreditar que as sendas legais dos brilhantes advogados e juízes de determinados países não serão inteligentes e não conseguirão esconder os subterfúgios.

O ICC tem os mais altos valores de justiça e due process. E aqui, sem perceber quase nada de leis, levantam-se tantas, tantas perguntas! Os institutos jurídicos são de base germânica ou romana? O enquadramento é o do precedente ou da supremacia da letra da lei? As penas terão que intervalo?
Quarto acto de fé: acreditar que quaisquer que tenham sido estas escolhas são as melhores e mais justas.

Os países são soberanos no panorama interno e iguais no panorama internacional. São? Deverão ser?
Quinto acto de fé: acreditar que os países mais soberanos saberão reconhecer aqueles que também devem ser soberanos e iguais, ajudar os que querem ser soberanos e iguais, responsabilizar os que não são nem soberanos nem iguais.

Tudo posto assim

Parece-me mais um Credo de uma qualquer religião.

Perdoe lá esta confusão Verde ainda para mais em plena silly season.

Bom dia para todos

Tuesday 22 July 2008

Diário de... tanta coisa! (parece que estive fora trezentos anos!!)

Como e por onde começar?

Pelo princípio claro... ou não, pelo regresso ao batente, pelos acontecimentos que me foram... acontecendo (ups!) ou pela crónica cronológica (ai!!)

Onde fiquei?

Ah, claro. No Euro 2008

Fiquei a dizer qualquer coisa sobre concordar com a estratégia
do Mister Scolari sobre descansar e qualquer baboseira assim















Não digo que não concorde agora ou que me tenha arrependido do que disse...

O jogo contra a Alemanha começou dentro da última aula de Direito Constitucional. A professora a dissertar sobre como o futebol entorpecia as pessoas, que eram muito mais importantes os problemas reais e tal e tal. E eu até concordo, mas não lhe dá o direito de falar mal ou insinuar que quem gostasse de futebol não podia ser inteligente!!! Certo?

Adiante!

A aula correu bem, o jogo não. Faltava eu (risos) eu a torcer, gritar.

Portugal foi enganado.

Enganado por um guarda-redes que não estava nos seus dias.
Enganado por uma equipa inteligente, jogando bem os seus trunfos, no bluff, no medo, na ausência de coração.

Conhecem-me o amor (acho que posso usar esta palavra aqui sem chocar em demasia quem me ler. Tenho os meus amores muito bem ordenadinhos e catalogados. Fosse eu esquimó e o amor a neve e teria duzentas expressões diferentes para ele. Mas não sou... e ainda bem -risos) dizia, conhecem-me o amor pelo futebol. Digam de Vossa justiça, amigos, mas que outro desporto suportará tamanha variedade de táticas para o alcance de um mesmo fim?




Portugal foi enganado por si próprio. Porque provavelmente não aguentou as bocas do falhanço do último jogo, porque não aguentou o "famoso cinismo" alemão.

Segui, como sempre, o resto do campeonato com calma e afastamento. Achei que a Alemanha ía ganhar. Surpreendi-me com a Rússia e comecei a gostar da Espanha. Futebol bonito, eficaz, de onze! Latinos... e como me diverti nesse dia! A reacção dos alemães, como que não sabendo o que fazer.

-O que se faz quando se perde?
- Não sei, pá! Parece que há qualquer coisa que sai dos olhos, pá! e que ficamos com o nariz a pingar...
- A sério, pá? Que nojo! Mas sempre era melhor, se calhar. Como é que isso se chama?
- Chorar, pá! Acho que é isso...
(não sei se os alemães dizem "pá"! Provavelmente não. Mas assim fica mais giro!!)


Balanço final?
A equipa vencedora foi:
a selecção brasileira!!!!!
Não acreditam? Deixei aqui em cima algumas das fotos deles. (tenho a certeza de que haviam mais jogadores com esta nacionalidade... mas não consegui encontrar...)
Não tenho nada contra isso. Poderei "postar" mais tarde sobre isso. Mas eram de facto muitos...
(risos)

Depois começaram as frequências. Estudo, estudo, estudo.
Como correram?
Humpf!
Numa esqueci-me de responder a duas perguntas, noutra esqueci-me de assinar a folha de presenças, noutra não levei o CPA, noutra... não... noutra esqueceram-se de contabilizar um dos testes de Avaliação contínua. Querem mais?


Resolveu-se tudo, felizmente.


Voltei atrás e supliquei ao Professor que me deixasse assinar. Fiz requerimento à secretaria e a nota correcta apareceu, pedi um código à colega do lado, mas aquelas duas perguntas esquecidas ficaram-me aqui atravessadas. parva, parva, parva...
Até agora, altura em que me falta receber apenas uma nota, não tenho orais. Com esta coisa de bolonha dispensa-se com 10... mas, felizmente, mesmo com o sistema antigo dispensaria à maior parte delas.

Não são notas brilhantes... mas o primeiro ano já passou. Faltam 2! ai!






Depois?
Depois segui para férias por terras da Lusitânia!



Tenda da Quechua armada em 3 segundos, carro despejado em 3 horas!!

1.ª paragem:


Arganil

Silêncio, tranquilidade, o Parque praticamente nosso. Pessoas simpáticas, restaurante fechado (mas podem ir para lá comer com os meninos! muito obrigada, minha senhora!)






























Verde, verde, muito verde.

Resto do dia para relaxar. Um banhinho tomado, roupa quentinha

E muita conversa, sentados os quatro com o rádio a tocar qualquer coisa muito baixinho.

De vez em quando dava notícias do trânsito e eu ría-me por dentro. Tão longe ficou aquilo tudo.



























Levámos livros para ler mas o sono chega cedo para todos. (menos eu que fico para ali a pensar em construir cimenteiras e auto-estradas! a sentir logo falta do barulho dos carros e do barulho, mas consegui abstrair-me disso. )
















A manhã também começa cedo para mim com aquele tempo fantástico e uma camisola quentinha.

Uns bons exercícios dos meus (que os anos de dança tiveram que servir para alguma coisa) e um café sozinha.... sozinha... vou escrever outra vez para reforçar... sozinha


Sentada na bela cadeira vi o sol nascer atrás daquelas montanhas e fiz amizade com uma melro. (nunca a suficiente para que me deixasse tirar uma fotografia)


por isso vão ter que acreditar em mim quando vos digo que me acompanhava de manhã roubando altivamente as migalhas da minha bolacha como se ambas não soubéssemos que a outra lá estava



Rotinas muito diferentes, estas das férias.












De mapa em punho seguimos rumo à Mata da Margaraça.





Parece estrangeira dizem alguns que olham para estes frondosos verdes...


Portugal, meus queridos.






































Já na mata, apaixonados pelos caminhos que parecem perdidos ouvimos o som de água muito lá ao longe.





As Crias não sabem onde vamos.





À descoberta, digo eu... mas o que é isto? pergunto falsamente olhando para o mapa. Parece água





- É a Farsa da Pena - diz a CV que leu atentamente o catraplázio lá mais atrás.






- Fraga - corrige o F.







Mas sabendo nós que íamos a uma cascata, fiquei eu rendida, de boca aberta. Isto ainda existe, diz a NV da Cidade em mim.






Não acredito que as fotografias captem o meu espanto, a minha rendição a estes lugares que saltam assim, brutos, rudes, magníficos.



Só os 4 e a Fraga












O F. vê um carreiro que segue Fraga acima.



E outras pequenas cascatas se nos deparam por entre verde e mato e não pises a formiga, mãe! (riso)































A Natureza, como todos saberão, não é só constituída por Flora... também Fauna, certo. Aquela que a citadina NV deseja sempre secretamente que se esconda à minha passagem. Dizem que os animais sentem quem não lhes faz mal. Mentira, claro, mas encontrámos algumas espécies que dizem estar em extinção e, por isso, praticamente impossíveis de serem vistos... mas ei-la aqui... linda a Rã Ibérica.
















Mergulhar nestas águas frias despertou a veia artística que há em mim... mas, claro, não suficiente para criar alguma coisa de facto artística, apenas para considerar estes jogos de luz das folhas presas numa pedra absolutamente magníficas. (rindo outra vez)
























Apesar de sairmos cedo as estradas não são auto-estradas e a paisagem é tão bela que fazêmo-las devagar devagarinho para ver, olha ali, e ali, pára mãe, que montanhas...







Já passa muito da hora de almoço e seguimos em direcção ao Piodão.





Passámos por aldeias lindas mas avançamos porque queremos mesmo esta bela aldeia... nas outras cumprimentamos quem nos atravessa o caminho sem demora.

Parámos lá em cima para a ver, antever a beleza. Um outro carro estava também lá parado. Um casal sai do carro e sorri-nos. Matrícula estrangeira, parecem reformados, algo receosos.


Desbocada digo para o F. à laia de deixar eles ouvirem - Vamos F. que esta estrada até parece acabar... mas não acaba!

O casal sorri e segue-nos fielmente até o


Piodão bela, estranha.


Parece construída de propósito, diz a CN.


Mas também muito turística. Senhor simpático onde comprámos lembranças, outro senhor que nos convida para experimentarmos o seu restaurante. Tudo caseiro, anuncia.



E tinha razão. A começar pelas moscas. Nome: Piodão XXI, não tem o que enganar. Não vale a pena. A comida não é má mas o serviço é péssimo. Péssimo, digo-vos! Não espero, nem quero que me sirvam com nove horas mas a simpatia é importantíssima. E isso faltou. Faltou, digo eu? Não existiu, melhor assim.
Com tão pouca clientela aguardámos mais de uma hora pelo almoço e quase adormecíamos...


Resultado? Crias rabugentas e cansadas sem vontade nenhuma de descer ruas belas e primárias (no que de mais belo terá esse adjectivo)

-Mãe, por favor, podemos voltar noutro dia?
- Quero ir para casa!... ou para o Parque


Acedi. Queria mesmo ir e fotografar aquelas casinhas tão belas, descobrir, quem sabe recantos, mas tudo tem um limite. E um almoço "rápido" e "caseiro" deitou abaixo qualquer vontade.

Regressámos e o banho foi já tomado entre olhos semicerrados porque ainda parámos para as compras (diárias, certo, que não frigorífico nem nada dessas modernices)


2.ª Paragem (ainda que breve)




Coja

Gente simpática, rio bonito, lindo, com tanta natureza, tanta fauna insectívora (blarghhh)

Avançamos que o caminho é longo e queremos chegar ao Gerês antes das 18.



(uma voz sussurrou only in your dreams mas não ligámos...)














Devemos mesmo ser os quatro (bem, nós os dois, sim de certeza, e as Crias por arrasto... ou arresto... ainda não sei) loucos. Mas que loucura bela aquelas auto-estradas pela serra, e as estradas e estradinhas que sobem e descem e viram e reviram.




- Que avisa este sinal?

- Curva e contracurva.

(pensa)
- e não há nenhum que indique contra curva e curva?



Passamos serras e mais serras que o F. vai dando o respectivo nome mas que não repito. (Desculpa F., já não me lembro delas. só da beleza)

- vejo agora que deveria consultar o dicionário para procurar outros adjectivos porque "bela" e "linda" e seus derivados foram já utilizados talvez em demasia. Mas isto é um diário por isso perdão por não ser fluente... e nisto, sem avisar... numa mera curva da estrada. ELA apareceu!

A Serra do Gerês imponente, magestosa.



Já lá fomos várias vezes. Mas entrar por esta auto-estrada apanha-nos desprevenidos. Ela aparece mesmo assim como Vos digo... de repente e depois de uma curva... e mesmo sendo eu umas tosca verde a Geografia disse antes do F. é o Gerês, não é?

Uma pequena correria (garanto-vos que dentro dos limites, que isto com crianças lá atrás não se brinca com as velocidades...) mas, como dizia, não paramos, não abrandamos porque o tempo urge e o parque não admite depois das 18.



A simpática assistente do parque sossega-nos.




- São já 19.45, eu sei...

- Calma, calma. Pode entrar.




Tenda montada em 3 segundos (já disse que era da Quechua, não disse?) e ainda temos tempo para uma foto rápida do início oficial do rio Gerês




Com banho tomado e comida comprada no caminho assim ficamos os quatro com tranquilidade... ou talvez não...


mas oquéquéisto???????????

Por volta já das 10 horas entra ainda uma família enorme, mais de 20 elementos que com todo o barulho possível procuram e montam tendas... riem, gritam, correm. Fazem camas (mas... senhores... não se fazem camas aqui, boa? sacos-cama, boa? pijamas? e que tal t-shirt deslavada? e que tal CALARAM-SE??

O F. procura desesperado a minha cara. Uma das famílias decide abancar mesmo ao nososo lado. Ao NOSSO lado. O homem da família procura um martelo para a complicada montagem da tenda e admiro-me como consegue ele fazer aquilo se não tem laterna e ali não há candeeiros de rua. Descubro como quando o F., com um pequeno acto de malvadez/traquinice desliga a nossa pequena lanterna de L.E.D. ecológica e económica (gasta pouco e não atrai mosquitaime...) o homem bate no dedo e diz o chorrilho de elogios próprios de nortenhos. Vejo, sem ver, os olhos flamejantes deles na nossa direcção mesmo antes do F. ligar a lanterna de novo. É evidente que o homem continua como se nada fosse. A gota de água acontece quando um dos muitos miúdos de pijama já bvestido sai da tenda e diz que quer fazer xixi.

- Faz ali - responde a mãe apontando para a nossa árvore



A NOSSA árvore. Percebem, claro, que quando digo nossa árvore refiro-me a uma Senhora Árvore ao pé da qual tínhamos a nossa Quechua montada. O F. segurou-me o braço enquanto o homem ordenou que fosse à casa de banho.

- Isto é demais. Amanhã partimos! - digo um bocado alto demais. Estava furiosa... - este barulho é insuportável.


De manhã, ainda não eram 7.30 já estavam aqueles maganos todos de pé e com grande barulheira. Levantei-me num repente. Juro-vos que ía abordá-los mas não foi preciso. O barulho era apenas a desmontagem das camas, dos colchões, avançados, tendas, malas refeitas.

- Mas que...



Foram-se embora. Eles e quase todos os outros do parque. E recuperei o MEU querido parque silencioso. Tive nessa noite a companhia dos lobos na sua cantilena no topo da serra e adormeci mais uma vez a sonhar com a cimenteira e discotecas e auto-estradas.

Mas antes!



Seguimos por serra Brufe e outras aldeias. Parámos obrigatoriamente no Museu de Vilarinho das Furnas e emocionámo-nos com
a história triste daquele povo.


Janelas do carro abertas e tanto céu.

Fomos ter a Espanha depois de almoçarmos maravilhosamente bem num café de estrada. Repito maravilhosamente bem!







Passamos pela bela localidade de Entre ambos os rios
e o seu rio magnífico.

Deixámos o Gerês para entrarmos no Xurez.







Voltas e mais voltas e refrescamo-nos no Rio Caldo.
Aproveitamento fantástico de um rio que atravessa a vila de Lobios com relva, árvores e água limpa acamlado por vias de mini barragem.







Regressamos a Portugal pela Portela do Homem e fazemos o nosso pequeno "ritual" de falarmos espanholês até ao momento mágico de avistar a placa "Portugal".







No nosso penúltimo dia, depois de uma agradável caminhada vemos a bela Cascata do Leonte com fotografias dos corajosos 4 debaixo da mesma.




















Descobrimos um girino, nadamos, rimos e servimos de

guia a outros intrépidos que do alto da ponte nos perguntam como chegar ali. Quase ninguém se
aventura... e ainda bem.




















... e a natureza aqui tão perto!


Almoço tomado e cascata caseira (aquela em frente à tenda de outros anos).


No dia da partida tentamos mais uma vez fotografar os sardões que nos faziam companhia mas deviam ter sido avisados pela melro... e fiquei-me contente com esta. Último encher de pulmões antes de regressar enquanto tento (e só tento) enquadrar a libelinha.

O regresso é feito em alegria.

- Estivemos fora mais de um mês!
- Não, CN, apenas 7 dias...
A despedida das Crias(literal) aconteceu at
é o sono pesar nas pequenas pálpebras.
- Adeus árvore, adeus piscinas, adeus montanha que não sei o teu nome, adeus supermercado onde compramos o pau de caminheiro, adeus loja onde comprámos o papel higiénico, adeus multibanco onde a mãe levantou dinheiro, adeus café que não tens o
gelado que eu gosto, adeus, adeus, adeus...

- Adeus - digo eu - jogos da Bisca e das Copas à luz da nossa lanternita. Adeus concurso de anedotas. Adeus conversas tidas a quatro.
Quatro seres que discordam, riem, brincam, zangam-se, observam, choram... juntos.

Estou feliz.
Fui feliz.

Sou feliz.

Monday 21 July 2008

Caro Réprobo

E afinal tanto que mudou!

Ao Caro Réprobo,

Regressada eu de férias deparo-me com ISTO...

Confesso que tendo a imaginar as reacções de quem me lê no geral e de alguns em particular.

Nesta última categoria tive a ousadia de o colocar.

Abençoou-me com os seus comentários, desafios e textos e agora deparo-me com a sua ausência.

A decisão que tomou respeitá-la-ei mas permita-me, por favor, discordar com uma frasezita que deixou no postal. Este espaço não servirá só enquanto melhorar a disposição. Porque amizade, ainda que e só blogosférica, não se alimenta do divertimento.

Aqui permaneço aguardando que a Coragem dos Grandes o acompanhe.

Deixo-lhe uma passagem que tanto me apraz como Força para Si:

Para que, segundo as riquezas da Sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo Seu Espírito no homem interior; Para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.

Um abraço, Caro Rép

voltar outra vez!!! (Adeus, aldeia que eu levo na ideia....)

De volta!!!

Com o diário a ser preparado ali ao lado, agradeço primeiro as Vossas simpáticas mensagens:

Once, Van Dog, Luísa, Réprobo... não, não são férias a mais. Sim mereço-as Todas. e... não, não acabaram...

Quando conseguir ver de que cor é a minha secretária, (re)organizar o meu trabalho e completar o diário venho cá deixar um postal da Minha Terra (leia-se Portugal).

Beijos a todos

Friday 4 July 2008

Adeus, aldeia que eu levo na ideia.... voltar outra vez!!!


Vou de férias!!
(não digam outra vez, ok... a outra interrupção foi para tudo menos férias!)
É para esta zona que vamos em princípio.
Os Quatro da vida airada.
Diário prometido no fim!
A todos os que ficam a minha simpatia!!

Wednesday 2 July 2008

As regras...

Como disse em anteriores postais estou num intervalo das férias.

Aproveito para estudar, limpar e namorar...

As Crias estão num acampamento. E é esse tema (outra vez, claro) que aqui me traz.

A CN tem uma coisa chamada Síndroma de Peter Pan, que é mais ou menos um eufemismo de "não quero crescer". Esse síndroma torna-o numa cria extremamente mimosa, sensível mas sofrida. Sofrida porque crescer é inevitável e as regras incontornáveis.

Teria mais ou menos 4 ou 5 anos quando me verbalizou isso, num rasgo de consciência que me assustou.

"Queria ser o Peter Pan, mamã. Nunca crescer. Ser criança para sempre."

Eu, mãe de duas Crias, desde cedo percebi que eram diferentes elas. Mas precisavam ser assim (?) tão diferentes?

A CV NUNCA quis ser criança. NUNCA (repito em maiúscula para reforçar). As palavras eram cuidadosamente medidas porque não queria fazer erros. Escolhia-as e pensava nelas (ainda hoje) quase parecendo gaguejo.

A CN era o palhacito, o bebé da casa. Trapalhão na fala e nos movimentos, andou aos 9 meses nunca se preocupando com quedas. A CV estuda cada degrau, ora um pé, ora outro.

Com a CV um abrir de olhos chegava. Porquê, mamã? por isto e por aquilo. e ficava.

A CN questiona, nega, tenta não cumprir. Porquê, mamã? Por isto e... mas porquê? porquê? porquê?

-Mãe - ligou-me a CN - vem-me buscar, por favor. Isto tem demasiadas regras.

Não sou contra as regras. Mas não sou mesmo. Poderemos dissertar sobre a regra justa ou a regra exagerada, mas consideremos a REGRA por definição. Não me lembro de uma só (mesmo a mais simples) que a CN tenha simplesmente acatado. Apesar de não acreditar por definição na "sorte" ou no "azar" tenho que afirmar que a CN teve azar. Azar no processo escolar. Foi, contra os pedidos desta Verde mãe, privilegiado como "fofinho" no colégio (é tão traquinas, mãe - dizia a Lulu - mas faz aqueles olhinhos!! Quem é que consegue ficar zangado com estes olhinhos tão lindos?). Foi injustiçado na pré-primária por más explicações. "Porque é que o Bruno pode fazer aquilo e eu não posso, mamã?" "O Bruno faz e eu não posso. Porquê?" (O Bruno é um menino com uma deficiência mental grande. A professora não explicou. Era, para a CN, apenas injustiça. Lá foi a Verde explicar o melhor que sabe.) As regras na turma da primária eram discricionárias. Adaptáveis aleatoriamente a quem as aplicava e sobre quem se aplicava.

Vive, então, a CN, completamente aterrorizada pela existência de regras. Porque existem, porque temos que cumprir. Porque tenho EU de cumprir?

Recorri a, talvez, todas as explicações, metáforas, comparações...
- é como um jogo de computador. só ganhas se cumprires as regras.
- é como uma bússola, só sabes para onde vais se olhares para elas.

A do jogo achei brilhante, sem falsa modéstia. Fui com ele jogar o "astérix XXL" (um dos jogos favoritos) e incitei-o a não cumprir as regras. Não conseguiu, claro, e pareceu ficar mais convencido.

Noutra conversa exasperada decidi quebrar a (minha) regra e falei-lhe de mim.

As regras são como uma cerca invisível. Servem para sabermos onde estamos. Deste ou do outro lado. Podes saltá-la. Mas sabes que estás do lado errado.

Precupa-me esta aversão da CN.

... e, ainda assim, disse-me um dia

-... mãe, hás uma regra de que gosto muito.
- Qual?
- Dizeres todos os dias que me vais amar para sempre. Dizes-me isso TODOS os dias, sabias? É uma regra tua. Eu gosto.


Bom dia...

Tuesday 1 July 2008

A emissão retoma dentro de momentos (time out)

Aqui estou numa breve passagem entre frequências / férias / arrumações / burocracias (...)



Ainda tenho duas frequências a fazer (direito da organização administrativa e finanças públicas!!)



Tenho algumas histórias para contar... mas guardarei para o fim em "Diário deste lado das férias"



Entretanto



Caríssimos



Luísa, obrigada pelos votos e retribuo



Van Dog, it's been a while! Obrigada

Réprobo, comecei por escrever qualquer coisa como "muito tempo? mas foí só uma semaninha" e tal... mas retiro tudo!! Tanto tempo, de facto, que eu estive fora!... E o meu cafezinho que me fez tanta falta!!! Mas sabe, vou mudar para chá!!!! :)

Acabo este post com maior alegria!
... tal como Fénix, linda, maior, aqui te recebo... welcome back!